Saiba tudo sobre a novela Novo Mundo, da TV Globo – Figurino

Por - 20/03/17 às 11:31

Divulgação/TV Globo

Para ambientar o telespectador no período em que se passa Novo Mundo, entre 1817 e 1822, a equipe de Marie Salles, formada por figurinistas, costureiras, alfaiates e aderecistas, tem como principal referência também as obras do pintor, desenhista e professor francês, Jean-Baptiste Debret. Famoso por documentar aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX, o artista foi uma inspiração para toda a novela. Marie ressalta o prazer de estar à frente do trabalho.

O choque cultural é o aspecto principal que o figurino quer mostrar. Leopoldina vem da Áustria, o país mais nobre em que se poderia pensar. Já no Brasil, a roupa quase não era lavada porque a água era suja, o Rio não tinha saneamento e por isso as pessoas andavam com a roupa gasta, esmaecida.

Na trama, cada núcleo tem a sua peculiaridade e paleta de cor. Os figurinos dos austríacos, como o rico negociante Wolfgang (Jonas Bloch) e o médico Dr. Peter (Caco Ciocler), poderão ser percebidos nas cores marrom, verde, vinho. Os tons claros serão apresentados pela protagonista Anna Millman (Isabelle Drummond).

“Ela usará muito branco. Pensei muito em vickings, em quem colonizou a Inglaterra. Fui lá atrás. O figurino dela é composto por tiaras, detalhes no cabelo, luva, sempre vermelho com branco. Tudo meio transparente, translúcido. Roupas claras contrastando com o cabelo preto”, ressalta a figurinista.

Já Leopoldina é bem romântica e recatada. Marie ressalta que o figurino de Leopoldina inicialmente vai fazer a personagem suar muito. Com o passar do tempo, as roupas diminuem, pois ela já entendeu que o clima no Brasil é outro.

Já no núcleo do Rio de Janeiro, tirando a Carlota Joaquina (Débora Olivieri), a rainha espanhola, que usa vermelho, preto e dourado, o Brasil é "Debret", pastel. No caso de Dom Pedro (Caio Castro), ele não se veste como príncipe. Quando Leopoldina o conhece pela primeira vez está de farda, mas depois se veste como um brasileiro. O Piatã (Rodrigo Simas), irmão de Anna é meio índio e meio inglês, pois foi adotado, por isso, seu figurino mistura as duas referências.

O vilão Thomas (Gabriel Braga Nunes) terá uma casaca com as dragonas de metais, que dão o peso para a roupa e postura. Todas as dragonas, os bordados e as insígnias que as realezas e os militares usam foram produzidos nos Estúdios Globo, assim como o processo de envelhecimento e desgaste das roupas. Além disso, foram produzidos em São Paulo chapéus para as personagens de Leopoldina e Anna e as coroas, réplicas idênticas às originais. Outros acessórios como bengala, chapéus, óculos e relógios foram adquiridos em brechós.

A equipe da caracterizadora Lucila Rubirosa acompanha as demais áreas de produção na ideia de mostrar os choques culturais e as transformações por que passam os personagens ao chegarem ao “novo mundo”, como Leopoldina (Letícia Colin). Segundo Lucila, no início da trama, a atriz terá mais cabelo, com três camadas de apliques e, depois de casada no Brasil, já com filhos, terá cabelos mais curtos e menos volumosos e aparecerá com trajes mais leves, como camisola. Ela poderá ser vista de cabelo solto, mas sempre desarrumado, bem à vontade. A maquiagem também segue o conceito mais realista possível.

“No início, usamos uma base clarinha com blush. Depois, faremos sem corretivo, base e rímel, sem nada mesmo”, ressalta Lucila.

Lucila conta que não precisou interferir muito no visual do ator Chay Suede para viver o Joaquim, pois os cabelos e a barba cresceram ao longo da preparação. A maior mudança foi feita em função do período em Joaquim vai conviver com os índios: as tatuagens do ator foram cobertas com maquiagem e substituídas por tatuagens indígenas. O ator também passou por um processo de bronzeamento para essas cenas. Já Isabelle Drummond pintou o cabelo de escuro para viver a Anna, sugestão do diretor artístico Vinícius Coimbra, e colocou aplique. Já Caio Castro precisou apenas desenhar a barba no formato que Dom Pedro usava de acordo com os registros das pinturas da época. Rodrigo Simas, que irá interpretar Piatã, fez um corte reto no cabelo para ficar próximo da figura indígena, destoando dos trajes europeus. A antagonista Ingrid Guimarães precisou tirar o loiro e pintou o cabelo de castanho para viver a atriz portuguesa Elvira. Ela estará sempre descabelada, com unhas e dentes sujos. E, para interpretar o vilão Thomas, Gabriel Braga Nunes cortou o cabelo e fez um desenho mais alinhado na barba, o que deu uma personalidade e o deixou com visual mais formal, visto que é um oficial inglês.

E, para mostrar a realidade da época, em que as pessoas quase não tomavam banho nem escovavam os dentes, alguns personagens terão os dentes pintados, com esmaltes específicos, para que pareçam mais escuros. Também aparecerão sujos, efeito adquirido com uma base específica, suados, com espinhas, unhas amareladas e pés encardidos. Ninguém faz sobrancelha, e algumas mulheres vão aparecer com pelos nas axilas, graças a apliques específicos para isso.

Com relação ao núcleo das aldeias indígenas, Lucila destaca a importância da vivência do elenco e da equipe da novela em uma aldeia real.

“As referências das pinturas que estamos pensando trouxemos de lá. Vamos fazer nos nossos índios, figurantes e atores. Temos que colocar tatuagem e raspar a perna, por exemplo, e chegamos a um resultado muito legal”, conta Lucila.

A caracterização dos piratas também vai chamar a atenção do público.  O visual assustador deste núcleo é composto por capas de couro, patuá de caveira, talabarte feito com pedaços de cintos e couro encontrados no acervo, como se eles próprios tivessem feito, além dos colares, bijuterias e anéis que eles roubavam ao longo das viagens. Todos foram pensados com estilos diferentes a partir de referências de filmes e culturas orientais. O ator Leopoldo Pacheco, por exemplo, raspou todo o cabelo e manteve uma barba grande. Além disso, aparecerá com uma tatuagem na cabeça.

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