Susana Vieira: “Não existe mãe que não goste do filho gay”

Susana Vieira não tem filtros. Aos 70 anos de idade, a atriz, que vive a Pilar de Amor à Vida, fala o que lhe vem à cabeça. Ainda que, muitas vezes, seu discurso soe pouco palatável.

"Trabalho, pago meus impostos, sou uma mulher correta, digna. Não tenho por que ficar me fazendo de boazinha ou tímida", dispara.

A forte presença de Susana também é refletida nas personagens que interpreta. Em 52 anos de carreira, foi com frequência que a atriz roubou as cenas das novelas que fez parte, como Senhora do Destino, de 2004, e Por Amor, de 1997. Talvez por ter uma personalidade tão marcante, os papéis que lhe são destinados acompanham essa mesma linha. Todo autor que conta com Susana no elenco de seu folhetim pode esperar uma atuação inesquecível, carismática e que cria identificação com o público, principalmente o feminino, que costuma admirar a figura da intérprete.

"Eu sou além de ser atriz", assegura.

Na novela de Walcyr Carrasco, Susana vive Pilar, personagem que faz parte do ncleo central da trama. Casada com César, papel de Antônio Fagundes, é mãe de Félix e Paloma, interpretados por Mateus Solano e Paolla Oliveira. Com a filha não mantém um bom relacionamento. Mas idolatra o rapaz, que é o grande vilão da história. Para a atriz, Pilar representa muitas mães de filhos gays, já que Félix também é homossexual.

"Ela ama o Félix. Não existe mãe que não goste do filho gay. Todas apoiam, aceitam o marido dele dentro de casa, entendem o que eles passam, sofrem com o preconceito", avalia.

Mas Susana acredita que compreende melhor o papel que interpreta com o passar dos capítulos.

"Eu sempre espero a personagem vir entrando em mim. Está entrando devagar porque ainda temos pouco tempo de gravação", pondera.

As primeiras sequências foram realizadas em março, em São Paulo. No mês seguinte, Susana viajou com parte da equipe para o Peru para gravar as cenas que foram exibidas na primeira semana da novela. E se sentiu, praticamente, em casa. Além de, volta e meia, ter sido reconhecida por moradores locais ao lado de Fagundes, a atriz já havia morado no país quando a peça A Sucessora esteve em cartaz por lá.

"Adoro aquele povo! Sou muito conhecida no Peru", gaba-se.

O que também agrada Susana é o fato de integrar o elenco de um folhetim que tem o drama como fio condutor principal. Afinal, é o gênero que a satisfaz como atriz.

"Comédia, a Globo tem desde a manhã, com o Louro José. Hoje em dia, as pessoas têm uma mania de querer rir. Vão à peça para rir; assistem a uma novela para rir. Não precisa. Vamos chorar um pouco?", propõe.

Há seis anos sem fazer uma novela do início ao fim, desde que interpretou Branca em Duas Caras, Susana participou de vários programas da emissora e protagonizou os seriados Ciquentinha e Lara com Z nesse intervalo.

"Não estava sentindo falta de fazer novela, mas de trabalhar todo dia. Mas como a Globo me chamava para toda a programação, eu praticamente gravei todo dia. Soma tudo que dá uma novela", afirma ela, que fez participações em Zorra Total, A Turma do Didi e Casseta & Planeta Vai Fundo, entre outras produções.

Pique total
Aos 70 anos, Susana Vieira tem fôlego de garota. Afinal, dedica boa parte de seu tempo a diversas atividades físicas, mesmo detestando. A atriz faz musculação cerca de três vezes por semana, alongamento duas vezes e RPG uma. Além de aulas de dança.

"Vou com ódio para a academia, vou porque preciso. Nem sei para quê, mas acho que é para ficar forte", ironiza.

No que diz respeito à alimentação, Susana prefere não fazer restrições.

"Adoro pão de queijo. Se engordo, vou para a esteira", simplifica.

Mas a atriz credita sua jovialidade a aspectos que vão além dos exercícios físicos e de uma dieta balanceada.

"Ter cachorro, natureza, neto, saúde, água para beber, gente jovem e alegre perto. Porque gente jovem e triste não adianta. Gente velha e triste, muito menos", ressalta.

Instantâneas
# Susana viveu sua primeira protagonista em A Pequena Karen, exibida pela TV Excelsior em 1966.

# Seu primeiro papel principal na Globo foi em Anjo Mau, de 1976.

# A parceria entre Susana Vieira e Antônio Fagundes é de longa data, desde Por Amor, exibida em 1997.

"Já cansei de chamá-lo de Atílio", entrega ela, referindo-se ao personagem interpretado pelo ator na época.

# Susana é formada em balé clássico pelo Teatro Municipal de São Paulo.

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