Suzy Rêgo sobre a novela A Viagem: ‘A conquista de valores incríveis’
Por Redação - 19/02/21 às 07:00 - Última Atualização: 6 abril 2021
O ano era 1994 e estreava na tela da TV Globo uma novela com tom espiritualista e que deixou o espectador grudado no sofá da sala para assistir: A Viagem.
A trama, escrita pela saudosa Ivani Ribeiro, retornou ao canal Viva, após grande sucesso de reapresentação.
Nas cenas, o amor entre Diná (Christiane Torloni) e Otávio (Antonio Fagundes), que é procurado pela moça para defender seu irmão, Alexandre (Guilherme Fontes) na Justiça, por causa de uma acusação de assassinato pela qual ele está preso. O que pegou: a vítima de Alexandre era amigo de Otávio.
Ao ver que não conseguirá ser solto, Alexandre comete o suicídio e promete voltar para se vingar do irmão Raul (Miguel Falabella) e do cunhado Téo (Maurício Mattar), que fizeram a denúncia contra ele.
A Viagem: Saiba o que mudou na vida do elenco
Neste time, existia uma personagem muito esperta e decidida a conseguir trabalho: Carmem, interpretada pela atriz de sorriso generoso, Suzy Rêgo.
Sempre linda e generosamente simpática e educada, Suzy bateu um papo com a reportagem de OFuxico para relembrar momentos da trama e os sentimentos que teve com esse trabalho, que contou com a direção de Wolf Maia.
“A Viagem pra mim foi um prêmio."
"Eu fiz uma peça em 1991, no Teatro Mars, onde Wolf Maya dirigiu e eu fui protagonista. Tratava-se de A Sauna que no Rio de Janeiro fio dirigida por Bibi Ferreira, com Maitê Proença no elenco. Tratava-se de uma inglesa, uma sauna de encontro de mulheres, dos anos 70 e todos os conflitos da época. Em São Paulo, o Wolf me chamou para ser a protagonista dessa peça. Foi um trabalho deslumbrante. Depois, ele me chamou para outros trabalhos que por algum motivo não consegui.”
Suzy Rêgo sente falta de exercer seu ofício
Para A Viagem, Wolf escalou Suzy pessoalmente.
“Em 1994 o Wolf me escalou, pessoalmente, para fazer a Carmem no remake de A Viagem, de Ivani Ribeiro e colaboração de Solange Castro Neves. Fiquei com-ple-ta-men-te enlouquecida pela personagem, uma menina pobre, disposta a trabalhar e fazer o possível pra conseguir o emprego. Uma menina que se “fantasia”, com cabelo meio preso, óculos, aparelho fake, toda sem make, engrossa as sobrancelhas, usa um figurino duro. Tudo porque a dona da locadora que ela vai trabalhar, ciumenta e insegura com um marido bem mais jovem, não contrata ninguém que possa, de alguma forma, exercer algum tipo de atração para o marido dentro da ‘viagem ciumenta’ dela. Mas, cá pra nós, uma mulher exuberante pode colocar um pano por cima, que vai continuar sendo uma mulher exuberante”, relembra Suzy.
“Amei gravar com todo aquele elenco, passei meses incríveis no Rio de Janeiro. Aliás, esse trabalho foi uma luta árdua, porque o valor que eles chegavam era uma oferta muito abaixo e eu, uma cidadã que vivia em São Paulo e tinha que gravar no Rio de Janeiro…”
Suzy Rêgo: ‘Desejo o aprendizado da lição!’
Generosidade de um diretor
“Wolf foi muito generoso e conseguiu que eu fizesse o trabalho num valor que fosse o mínimo da decência pra eu me manter entre o Rio de Janeiro, onde eu gravava e São Paulo, onde eu morava.
A atriz fala, cheia de carinho, dos valores que conquistou.
“Mas os outros valores incríveis que essa novela me deu, foi que me aproximei muito da Nair Belo, gravei com pessoas incríveis, trabalhei com Andrea Beltrão, convivi com John Herbert, Ary Fontoura, Lolita Rodrigues, Lucinha Lins, Miguel Falabella… Antonio Fagundes (vibra a atriz)."
"Sabe que tive a audácia de pedir um autógrafo ao Fagundes? Uma coisa que todos sabiam que ele ‘desprefere’ isso. Mas eu fui, pedi e ganhei!”, comemora.
“As gravações foram incríveis, inacreditáveis, longas. Mas a novela linda! Ah, conheci o Claudio Cavalcante, outro mestre, o Eduardo Galvão que está no céu… O Breno Moroni, que fazia o mascarado, gravava com calor de 42 graus. Aliás, uma curiosidade sobre esse personagem: quem faria o mascarado seria meu amor, meu marido há 16 anos, Fernando Vieira. Mas na ocasião, por uma série de fatores ele não pode. Um deles foi financeiro mesmo, lidava-se com valores inviáveis, pra ser elegante ao dizer.”
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OFuxico: Com a reprise rolando no canal Viva, as pessoas te param na rua para falar sobre a personagem?
"Sei que muitas pessoas têm assistido a reprise, aliás já reprisou algumas vezes. É uma novela que foi recordista no horário das 19h. Mas agora, de máscara, é difícil me reconhecerem no mercado, por exemplo", brincou a atriz.
Pecando por excesso…
Suzy Rêgo relembrou de uma frase que Bibi Ferreira disse sobre ela e que ela trouxe para a vida.
“Adoro a Cristiane Torloni. Fiquei próxima dela também. As pessoas tinham medo da Torloni, mas eu não tinha nenhum. Sempre fui muito cara de pau, sempre pequei por excesso. Ah, tenho uma frase que a Bibi Ferreira sempre me dizia e que guardo para sempre: ‘Suzy Rêgo é a minha atriz que peca por excesso’."
"Com excesso você pode diminuir, tosar, moldar… ela sempre disse que era melhor que pecar com excessos do que com faltas."
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Doutrina Espírita
Sendo A Viagem uma novela com cunho espiritualista, Suzy contou a OFuxico que o tema casou perfeitamente com a doutrina que segue.
“Creio na filosofia Kardecista. Estivemos com vários especialistas na época. Portanto, eu acreditava no que a novela contava. Claro que há ‘licenças poéticas’, afinal, é uma obra de ficção.”
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