Thiago Martins dá um tempo no cinema para dedicar-se à TV

Nos últimos anos, o boom cinematográfico brasileiro revelou muitos talentos. Entretanto, poucos nomes permaneceram de fato no cenário cultural. Como foi o caso de Thiago Martins. Atualmente no ar na pele do piloto de caça Rodrigo, em Flor do Caribe, da Globo, ele começou a chamar a atenção quando estreou no cinema com o longa Cidade de Deus, em 2002. A produção, com forte apelo social, foi sua porta de entrada para a teledramaturgia e logo lhe rendeu seu primeiro papel na tevê, na série Cidade dos Homens. Desde então, o ator se dedica às novelas. E se diz sem tempo, porém saudoso, para conciliar a televisão com um projeto no cinema.

"Como eu tenho emendado muitos folhetins, não consigo mais fazer filmes com tanta facilidade. Mas sinto falta porque o cinema me deu uma grande bagagem como ator", acredita.

Em Flor do Caribe, Thiago faz parte do ncleo dos pilotos de caça da Aeronáutica. Na trama, Rodrigo é um dos responsáveis pela investigação criminal contra a família Albuquerque. Mas também tem seu lado mais tranquilo. Fora da Base Aérea, ele se dedica à música, semelhança que aproxima o personagem da vida do ator.

"Estou emprestando muita coisa da minha personalidade para o Rodrigo, como o meu lado divertido, a minha alegria de viver e a música também", confessa.

O Fuxico: Encarnar um militar requer uma certa preparação especial quanto aos trejeitos e linguagem do personagem. Como foi a composição do Rodrigo para Flor do Caribe?

Thiago Martins: Eu passei uma semana na Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte. E isso foi ótimo para o personagem porque pude conversar com os tenentes e passei a ter uma noção da rotina do lugar. Também aprendi coisas essenciais para o Rodrigo, como a postura de um militar, por exemplo. Grande parte da composição do papel veio do pessoal que conheci por lá, em especial o Capitão Rocha, que, quando eu disse que ia me inspirar nele, me deu seus óculos escuros, típico de aviadores, para dar mais veracidade ao personagem.  

OF: Seu personagem em Avenida Brasil, o jogador de futebol Leandro, ganhou uma grande repercussão nas ruas. E você não teve tempo de descansar a imagem entre uma novela e outra. Como o pblico tem se apresentado em relação ao seu papel na novela das seis?

TM: Muita gente ainda me chama de Leandro nas ruas. Mas, por causa da minha carreira musical, grande parte do pblico me aborda mesmo como Thiago. Então, acredito que, devido à música, eu sobressaio em relação aos personagens que interpreto. E, para dizer a verdade, fico muito feliz com isso.

OF: Você se dedica à carreira musical paralelamente à de ator, entretanto com a mesma intensidade. De onde vem essa vocação para cantar?

TM: Eu comecei muito novo cantando em coral de igreja. Então, quando entrei para o Nós do Morro, o Guti Fraga – diretor teatral do grupo – sempre me colocava cantando nas peças de teatro para aproveitar esse meu lado musical. E muita gente pergunta se eu gosto mais de cantar ou de atuar, mas sinto que as duas artes caminham dentro de mim. Acho que a música está comigo desde que nasci, porque meu pai é sambista e isso me influenciou muito.

OF: Desde que estreou na tevê, você emenda uma novela na outra. Destacaria algum de seus personagens nesses 11 anos de trajetória?

TM: Todos os meus personagens na tevê tiveram uma grande importância na minha carreira. Mas o Vinícius, de Insensato Coração, me marcou porque foi um papel muito forte e de grande repercussão, além de ter sido meu primeiro vilão na televisão. Eu tento sempre humanizar meus personagens e tive muita dificuldade porque ele era homofóbico e fazia muitas maldades. E eu sofria com as ações dele. A cena em que Vinícius mata um homossexual, por exemplo, me deixou desgastado. Cheguei em casa e chorei nos braços da minha mãe porque só conseguia pensar que existem pessoas que realmente fazem isso na vida real. 

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