Amor Perfeito: Cenografia e a direção de arte inspiradas no Circuito das Águas
Por Flavia Cirino - 20/03/23 às 21:00
Parte das gravações externas da novela foram realizadas em três cidades de Minas Gerais: Caxambu, Baependi e São Lourenço, que integram o chamado Circuito das Águas. Além da pesquisa histórica, esses lugares foram fundamentais para a equipe de cenografia reunir referências arquitetônicas e artísticas que pudessem ser incorporadas nos cenários e na cidade cenográfica.
Vem de Caxambu, por exemplo, a inspiração para a fonte próxima ao Grande Hotel, em homenagem a São Jacinto.
“Criamos uma identidade própria, sem perder de vista as referências do período que estamos tratando na novela. O Parque das Águas de Caxambu foi uma grande inspiração e construímos uma fonte que remete às existentes lá para reforçarmos esse elemento água, que está tão presente na nossa dramaturgia”, destaca o arquiteto e cenógrafo Mauro Vicente, responsável pela cenografia.
Em uma revisita à Semana de Arte Moderna de 1922, olhando especialmente para os artistas renegados pelo movimento, desponta a mais importante referência artística para a novela: o artista negro e carioca Heitor dos Prazeres (1898-1966).
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“Como a nossa cidade cenográfica fica ali entre Minas Gerais e Bahia é superinteressante a gente trabalhar com muita cor e com umas pitadas de art déco misturadas. E o Heitor dos Prazeres é um artista que deu todo o embasamento para a direção de arte da novela, em todos os sentidos”, destaca o diretor de arte Billy Castilho.
“Toda a paleta de cores que estamos usando é bem forte, é uma novela bem colorida. É um lugar onde o Brasil está ali representado com as suas cores, mas não só aquelas minimalistas, elas são realmente fortes, com as suas influências portuguesa, espanhola, amazônica, com todos os tons que a gente imagina do Brasil, mas que às vezes temos certo receio em usar”, explica.
Esse mergulho ao universo cromático da arte brasileira, tendo como base os trabalhos de Heitor dos Prazeres e Tarsila do Amaral, outra referência importante para a direção artística, será percebido também na abertura da novela.
A peça busca extrapolar o conceito de romantismo, mostrando as faces de um amor que também pode ser divino, fraterno, familiar ou assumir tantas outras formas. A representação é feita a partir de fotos produzidas especialmente para a abertura, dispostas sobre grafismos inspirados nas telas dos dois artistas. Na trilha, o destaque é para a diversidade dos temas, contemporâneos e mais antigos, que buscam definir sonoramente o clima, a história e a pluralidade dos personagens.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino