Vai na Fé: Sucesso estrondoso, novela não escapou dos deslizes
Por Raphael Araujo - 11/08/23 às 04:00
Nesta sexta-feira, 11 de agosto, vai ao ar o último capítulo de “Vai na Fé”, da TV Globo, trama de Rosane Svartman exibida às 19h na emissora, que fez um sucesso estrondoso e várias vezes foi a maior audiência do dia da televisão brasileira, superando programas do chamado horário nobre.
A novela caiu muito no gosto do público, muito pela sua leveza com personagens que eram muito identificáveis e rotineiros em nossa vida, assim como a abordagem de temas delicados com um primor e empatia absolutos, sem falar na belíssima representatividade de maneira geral.
Infelizmente, mesmo como fãs da novela, não podemos deixar o senso crítico de lado, e vamos aqui fazer uma lista algumas decisões na reta final da história que podem ser vistas como um deslize (o que em momento nenhum tirou os méritos citados acima e tantos outros conquistados). Confira!
JULGAMENTO INTERMINÁVEL E “ENFRAQUECIMENTO” DE BEN
Uma das maiores críticas feitas à reta final de “Vai na Fé” foi o fato de o julgamento de Theo (Emilio Dantas) parecer interminável, ao ponto dos próprios personagens, principalmente o juiz responsável pelo caso, dizer isso com bastante frequência.
Toda vez em que uma testemunha era chamada pelo time de Ben (Samuel de Assis) para provar que o vilão é um [GATILHO] abusador, algo acontecia, adiando a audiência sempre e sempre, dando a impressão de que a história não andava para frente.
Mesmo que o resultado seja uma crítica a como vítimas de [GATILHO] abuso são tratadas e sofrem na sociedade, a frustração acabou sendo maior pela alta duração do processo, parecendo que haveria uma virada para que tanta enrolação acontecesse, e não foi o caso.
Falando nisso, Ben e Lumiar (Carolina Dieckmann) sempre foram vistos como ótimos advogados, e pé de igualdade, mas esse julgamento, quando a loira inda estava o lado de Theo, fez parecer que ela era muito superior a ele, e com isso, que ele não fosse um profissional tão bom, indo contra o que a própria história mostrava, e tudo sempre parecia favorecer Lumiar, não importasse o que acontecia.
Os fãs não gostaram desse fato, pois queriam ter visto uma verdadeira “batalha de gigantes” entre o ex-casal, mas acabaram se frustrando com ela sendo completamente racional e sem empatia até com as testemunhas, e com ele sendo muito afetado por conta da história envolvendo o caso, gerando esse suposto desequilíbrio.
POUCA ABORDAGEM DA SEXUALIDADE DE YURI
Se vamos falar do núcleo dos estudantes do ICAES, muita gente acabou sentindo que forma pouco aproveitados o longo da história, e que alguns até permanecem uma incógnita ou com tramas muito pouco exploradas, e dado ao fato de que são jovens estudantes de direito e comunicação, queria se ver mais deles e de suas vivências e posicionamentos.
Isso ainda foi algo visto vez ou oura, como a reunião do coletivo de pessoas pretas, ou até o laboratório de revisão criminal, mas a bissexualidade de Yuri (Jean Paulo Campos) acabou sendo muito deixada de lado, endo algo que se gerou expectativas nas redes sociais, primeiro baseado em rumor com Fred (Henrique Barreira) e depois oficialmente tocando no assunto com Vini (Guthierry Sotero).
Mesmo que o personagem assuma sua orientação sexual abertamente a partir de dado momento e sua atração pelos dois gêneros seja clara, ela pareceu repentina, pois em um momento ele tá receoso com sus descobertas e se entendendo, e depois está assumido com Vini, isso sem falar que ele estava já em seu affair com Guiga (Mel Maia) quando beijou o rapaz pela primeira vez.
Quando parecia que o casal “Viuri” iria ter uma exploração disso e de outros assuntos, Vini foi para o exterior em um intercâmbio, fazendo com que Yuri terminasse com Guiga, que engravidou dele. Ele é bissexual, pode se interessar por ela, obviamente, mas toda a pressa nessa história deixou a sensação de que algo faltou ser abordado na vida do rapaz, e até mesmo gerar debates de com quem ele “combina mais”.
REGRESSÃO DE FRED E BIA
Ainda falando dos estudantes do ICAES, Fred passou por um processo de evolução na história, indo de um machista declarado para alguém consciente das causas sociais e disposto a sempre melhorar. Quando ainda não estava “redimido”, ele ficava com Bia (Flora Camolese), que namorava Simas (Marcos Veras) ainda, e ela também se arrependeu de trair o amado.
Quando ele estava com Bela (Clara Serrão) e ela com Tatá (Gabriel Contente), os casais pareciam felizes e cheios de química, e todos estavam gostando ou pelo menos aceitando… até que os dois resolveram “dar uma ficada de despedida” meses depois de estarem com seus atuais parceiros, traindo-os de maneira que soou aleatória.
Muito se diz que foi essa situação, com eles expostos pela câmera da babá eletrônica, que fez Lumiar ter a ideia de provar a inocência de Vera (Samara Felippo), mas gerou o questionamento: precisava ser dessa forma? Precisava ter regredido os personagens?
E ainda mais que a maior consequência foi Bel abrir o namoro com Fred, enquanto Bia e Tatá apenas fizeram as pazes, como se nada tivesse ocorrido, aumentando a sensação de ter sido desnecessário esse artifício de roteiro.
AUSÊNCIA DE SOL NAS TRAMAS FORTES
Outra grande crítica foi a de que Sol (Sheron Menezzes), a protagonista da trama, parecia “deslocada” das histórias principais e mais interessantes em dado momento, principalmente após a descoberta de que Theo era o pai biológico de Jenifer (Bella Campos).
Tudo bem, teve o processo, a volta dela com Ben e a descoberta da sabotagem dele no exame de DNA anterior, os pedidos de desculpas de Lumiar e Clara (Regiane Alves) assim como sua evolução artística, mas soavam como coisas pontuais, que rapidamente já seguiam para a próxima, enquanto outras histórias chamavam mais atenção.
Com isso, muitos (o que eu pessoalmente discordo, pois, a matriz da novel sempre se moveu de acordo com Sol e tirar ela da trama seria quebrar a história, diferente de Lumiar e Lui, que ficaram mais focados em Dora e, sem isso, poderiam ser retirados temporariamente de cena mesmo sendo principais) apontaram que ela não parecia a protagonista da história. Eu falei que discordo, mas a sensação ficou nas redes, infelizmente…
“FUMAÇA MACABRA” NÃO SÓ DESAGRADOU A IMPRENSA DENTRO DA TRAMA…
Tá, “Fumaça Macabra” foi importantíssimo para o desenvolvimento de Wilma (Renata Sorrah) e sua volta ao estrelato, não podemos negar. Porém, todo o processo até lá foi um tanto exaustivo e os espectadores não gostaram desse novo núcleo sendo criado, e de como sempre surgia uma dificuldade para as filmagens do longa que aumentavam o tempo de dela da subtrama, enquanto outros chamavam mais a atenção, e aqui era “vão gravar, alguém atrapalha, corta, repete tudo de novo”
Ainda, Lucas (Vitor Thiré) foi viso como um diretor muito chato, o que fazia muita gente revirar os olhos em suas aparições, e seus chiliques sempre davam vontade de desligar a TV. Ainda, a troca sucessiva do cast de “Fumaça Macabra” cansava, e mesmo que Stuart (Antonio Calloni) tenha se conectado à morte de Carlão (Che Moais), não foi a coisa mais marcante, não é mesmo?
MENÇÃO HONROSA: CENSURA A BEIJOS HOMOAFETIVOS
Vamos encerrar com a maior polêmica de “Vai na Fé”, mas que não está relacionada às decisões criativas que nem os itens restantes, mas sim à decisão editorial: a censura aos beijos homoafetivos na história.
Fosse Yuri e Vini, ou principalmente, Clara e Helena (Priscila Sztejnman), demorou até que fosse passado em tela a demonstração e afeto de ambos os casais, e o que tornou tudo mais revoltante era que as cenas foram gravadas, apareciam em resumos e eram até mencionadas na história, mas o público não chegava a assistir.
Isso gerou muitos protestos nas redes sociais, pois até cenas de sexo os casais héteros ganhavam, mas um beijo era cortado dos homoafetivos. O barulho foi tamanho que pelo menos uma cena de beijo de cada casal citado foi ao ar, mas a sensação de preconceito nunca saiu e só sairá com mudanças de verdade acontecendo na dramaturgia.
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.
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