Walter Salles sobre primeiro Oscar do Brasil: ‘Mais oportunidades’
Por Raphael Araujo - 03/03/25 às 02:22

HISTÓRICO! O primeiro Oscar do Brasil finalmente aconteceu com “Ainda Estou Aqui”, que ganhou de Melhor Filme Internacional no Oscar de 2025. Ele competia com “Flow”, “Emilia Pérez”, “A Semente do Fruto Sagrado” e “A Garota da Agulha”. No longa, dirigido por Walter Salles, ela interpreta Eunice Paiva, mãe de cinco filhos que se tornou uma importante ativista dos Direitos Humanos após o assassinato do marido, Rubens Paiva (Selton Mello), durante a ditadura militar.
Falando no cineasta, ele cedeu uma entrevista para a revista Variety após sua vitória, e declarou: “O público brasileiro virou coautor no filme. O que aconteceu no Brasil foi retratado por jornais, e perceberam que havia um filme quebrando as barreiras da polarização política no Brasil e oferecendo uma reflexão”.
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“Acho que é uma cultura reconhecida, não só o filme. É a forma como fazemos cinema no Brasil sendo reconhecida; é a literatura brasileira reconhecida, por meio do livro que o Marcelo Rubens Paiva escreveu; é a música brasileira reconhecida, já que o filme é levado por Caetano Veloso, Gal Costa, Erasmo Carlos, todos esses cantores extraordinários”, garantiu ele, em suma.
“Isso ajuda muito o cinema independente, também, porque essa notícia vai se espalhar e pode abrir mais oportunidades para esses filmes”, continuou Walter em seguida, e detalhou: “A memória estava no centro deste projeto… Vivemos num momento em que a memória está sendo apagada como um projeto de poder. Portanto, criar memória é extremamente importante”.
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Luta de Eunice Paiva como centro de “Ainda Estou Aqui”
Ainda nas entrevitas internacionais, Walter Salles refletiu: “Esse filme é sobre perda, como você lida com a perda, e também sobre como você luta contra a injustiça. Essa mulher, Eunice Paiva, tinha a possibilidade se se dobrar, mas abraçou a vida. No fim das contas, é um filme sobre isso. […] Uma mulher excepcional é a protagonista dessa história, e acredito que ela ainda está nos guiando. Não é só o filme, é Eunice nos protegendo”.
“A democracia está ficando muito frágil no mundo todo. Nunca pensei que ela poderia estar tão frágil, mesmo neste país. O que aconteceu no passado no Brasil parece estar muito próximo no presente”, disse. Então, ele lembrou que Eunice Paiva articulou “uma resistência baseada no afeto, na ideia de sorrir”. Por fim, elogiou Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que interpretam Eunice Paiva em “Ainda Estou Aqui”: “São duas atrizes extraordinárias nos mostrando, através da arte, que resistir é importante. E elas fizeram isso”.
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.