Conselho de Enfermagem tem decisão polêmica sobre caso de Klara Castanho

Por - 06/01/23 às 10:18

Klara Castanho retratoCaso de Klara Castanho tem reviravolta polêmica pelo Coren-SP (Rperodução/Instagram @klarafgcastanho)

O caso de Klara Castanho (relembre abaixo) teve uma reviravolta na quinta-feira, 5 de janeiro, com uma nota emitida pelo Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), tomando uma decisão polêmica sobre ele, arquivando a denúncia de vazamento de dados por um enfermeiro, denunciada pela atriz que solicitava a investigação.

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As informações indicam que, após uma sindicância interna, o Coren divulgou uma nota, onde é dito que, segundo as investigações, não foi constatada a participação de nenhum profissional de enfermagem vazando informações da atriz. A nota completa você confere logo abaixo:

“O conselho seguiu todos os ritos processuais, solicitou documentos à instituição hospitalar e convocou os profissionais do plantão à época do fato denunciado, porém não constatou a participação de nenhum profissional de enfermagem em relação ao vazamento de quaisquer informações sigilosas de pacientes, o que levou ao arquivamento do processo. Até o momento, o Coren-SP também não recebeu denúncia por parte da atriz quanto ao tema”.

RELEMBRE O CASO

Klara Castanho surpreendeu ao fazer uma carta aberta contando que foi vítima de um estupro, algo que resultou em uma gravidez indesejada há algum tempo. Além disso, a atriz revelou que não fez o aborto e, após o parto, entregou o bebê à adoção. Vale lembrar que o nome da atriz foi Trending Topics do Twitter por conta do assunto, que só foi confirmado por ela na noite deste sábado (25).

Confira o relato de Klara Castanho, em carta aberta, na íntegra!

“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la desse maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos.

Estava completamente sozinha. Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu. As únicas coisas que tive forças para fazer foram: tomar a pílula do dia seguinte e fazer alguns exames. E tentei, na medida do possível e da minha frágil capacidade emocional, seguir adiante, me manter focada na minha família e no meu trabalho. Mas mesmo tentando levar uma vida normal, os danos da violência me acompanharam. Deixei de dormir, deixei de confiar nas pessoas, deixei uma sombra apoderar-se de mim.

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Uma tristeza infinita que eu nunca tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok enquanto eu estava despedaçada. Somente a minha família sabia o que tinha acontecido. Os fatos até aqui são suficientes para me machucar, mas eles não param por aqui. Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas”, ainda escreveu a atriz.

Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando soube. Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga. Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu. O médico não teve empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência.

E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo. Essa foi mais uma da série de violências que aconteceram comigo. Gostaria que tivesse parado por aí, mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter. Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto se passaram poucos dias. Era demais para processar, para aceitar e tomei a atitude que eu considero mais digna e humana.

No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: ‘Imagina se tal colunista descobre essa história’. Eu estava dentro de um hospital, um lugar que era para supostamente para me acolher e proteger. Quando cheguei no quarto já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu ainda estava sob o efeito da anestesia. Eu não tive tempo de processar tudo aquilo que estava vivendo, de entender, tamanha era a dor que eu estava sentindo. Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido. Ele prometeu não publicar. Um outro colunista também me procurou dias depois querendo saber se eu estava grávida e eu falei com ele”.

Mas apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança. Bom, agora, a notícia se tornou pública, e com ela vieram mil informações erradas e ilações mentirosas e cruéis.

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Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser criada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha as lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel. Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias.

A verdade é dura, mas essa é a história real. Essa é a dor que me dilacera. No momento, eu estou amparada pela minha família e cuidando da minha saúde mental e física. Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofrem. Entregar uma criança em adoção não é um crime, é um ato supremo de cuidado. Eu vou tentar me reconstruir, e conto com a compreensão de vocês para me ajudar a manter a privacidade que o momento exige. Com carinho, Klara Castanho”, finalizou.

KLARA CASTANHO ERA O ASSUNTO MAIS COMENTADO DO DIA

Neste sábado (25), a internet não falava de outra coisa, a não ser a suposta gravidez de Klara Castanho. Tudo começou em uma entrevista de Leo Dias para Danilo Gentilli. O apresentador perguntou ao jornalista se tinha alguma fofoca que ele “era doido para falar”.

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“Eu vivi um dilema recentemente!”, começou Leo, explicando que soube da tal notícia chocante neste mês. “É uma coisa inacreditável. É coisa da sociedade se questionar”.

“Envolve uma atriz, não é coisa feliz. É que ela…”, contou até ser interrompido por Gentilli, que disse que ele não precisaria contar nada. A plateia então implorou para Leo, que respondeu: “O karma vai ser grande”. “É uma pessoa que tá enganando todo mundo?”, questionou Gentilli. Leo concordou com a cabeça.

Um dos membros da banda do programa então perguntou: “É tipo o Dr. Rey então, que matou um cara?”. “É tipo. Envolve vidas”, revelou Leo.

“Você está me dizendo que tem uma atriz que vende uma imagem que é santinha, mas por trás, se você ficar sabendo você vai perder a fé”, sugeriu Danilo.

“Boa, gostei disso”, finalizou Leo.

BOM DIA, VERÔNICA

Klara Castanho utilizou suas redes sociais nesta quinta-feira, 18 de agosto, para falar com seus seguidores e compartilhar um pouquinho sobre o processo de desenvolvimento de sua personagem na segunda temporada de “Bom Dia, Verônica”, série de sucesso da Netflix

Na trama, Klara interpreta Ângela, filha de Matias Carneiro (Reynaldo Gianecchini), um líder religioso que abusa de mulheres em busca de uma “cura” e está envolvido em um sistema de corrupção que afeta diretamente o andamento da série. Em estado de constante pressão psicológica dentro de sua própria casa, a garota é retratada diversas vezes engolindo botões de suas próprias roupas quando está nervosa ou ansiosa.

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O transtorno sofrido pela personagem, que também é uma das vítimas do próprio pai, é chamado alotriofagia, também conhecido como Síndrome de Pica. A condição consiste, basicamente, no desejo e consumo de itens que não são comestíveis, e pode ser causada por estresse, TOC, depressão, deficiência nutricional, entre outros. 

Em seu perfil, Klara reuniu uma série de fotos dos bastidores de suas cenas na nova temporada da série e escreveu um pequeno, mas emocionante, texto na legenda. “Minha Angela. Meu maior desafio e um dos meus grandes amores. Obrigada por me ensinar, obrigada por me acolher e obrigada por existir. Fui minuciosa para te fazer. Em cada olhar, em cada respiração e a cada botão”, começou ela.

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“Eu sempre sou extremamente cuidadosa em relação aos meus personagens, mas ela me tirou de qualquer zona conhecida. Conforto não existia para essa menina. Que bom ver o quanto vocês a amam. Ela é linda. Ela é delicada. E ainda bem que é minha. Obrigada a vocês, e muito obrigada a ela”, finalizou. 

Veja o post:

CENAS EDITADAS

Ilana Casoy é um dos nomes mais em alta do momento, afinal, ela é a autora tanto dos livros quanto da série da Netflix (essa escrita junto de Raphael Montes) “Bom dia, Verônica”, que virou um fenômeno no território brasileiro. Além disso, ela escreveu diversos livros sobre crimes reais.

Porém, a segunda temporada da atração, que estreou recentemente na Netflix e tem como tema abusos de forma geral, chegou a ser lançada pouco tempo após Klara Castanho denunciar ter sido vítima estupro, quando sua vida íntima foi vazada por jornalistas e uma enfermeira.

Isso gerou diversas especulações de que algumas cenas teriam sido editadas na série (Klara interpreta Angela, filha de um pastor envolvido em escândalos sexuais) em consideração ao que a artista passou. Todavia, em entrevists ao Splash UOL, Ilana negou que fosse o caso.

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“Os capítulos eram assim desde o começo. É um estilo que escolhemos. A vida das personagens dessa série já é muito pesada. São muitas mulheres que demoram para perceber o abuso. Eu também demoraria”, contou ela, que teria adotado uma abordagem menos violenta após críticas do exagero do assunto na primeira temporada.

“O público é inteligente, pode completar a cena. Eu te indico algo e você completa para mim. Não preciso mostrar uma transa para você entender que ela vai acontecer, você pode imaginar isso na sua cabeça”, disse ela. “Não pode haver diversão neste assunto”, completou Casoy.

AJUDANDO KLARA CASTANHO

Ainda na mesma entrevista Ilana Casoy afirmou acreditar que a história de Angela na trama ajudou Klara Castanho a lidar com tudo que sofreu. Lembrando que o abuso teria ocorrido após as gravações da segunda temporada de “Bom dia, Verônica”.

“Talvez, a história da Angela tenha ajudado Klara a passar pelo que ela passou. A gente não imagina, mas é a história de tantas outras mulheres. Angela deu voz para a Klara, que deu voz para a Angela”, afirmou ela.

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“Para muitas mulheres, saber a história da Klara pode ter ajudado. Apesar da sua própria dor, ela conseguiu se reestruturar e usar em benefício da sociedade. Ela denuncia tudo o que aconteceu”, declarou a escritora.

“Nesse caso, felizmente, as duas saem em pé. Claro que o que aconteceu na vida pessoal de Klara foi uma tragédia, mas muitas vezes não é o que você vive, mas o que você faz com isso”, concluiu Ilana Casoy.

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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha