Giulia Costa expõe ataque de bullying; psicólogo fala sobre sequelas

Por - 18/09/23

Close de Giulia Costa, de cabelos soltosFoto: Reprodução Instagram @giuliacosta

O Dia Nacional de Combate ao Bullying acontece sempre no dia 7 de abril. Mas, após ver Giulia Costa, a filha da atriz Flávia Alessandra com o saudoso Marcos Paulo (1951-2012), mostrar em sua rede social a avalanche de comentários desagradáveis e desnecessários recebidos, falando do seu corpo, cabelo entre outras coisas.

OFuxico reuniu mais famosos que sofreram bullying e conversou com o Psicólogo Alexander Bez, Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); Especialista em Saúde Mental, que esclareceu sobre os sentimentos que uma pessoa que sofre bullying pode guardar dentro de si.

Giulia Costa foi atacada nas redes sociais, onde questionaram: “Onde foi a beleza dela, gente?”; “Abandonou a academia e agora tá curtindo a tal liberdade… Já foi mais linda!”; “Só faltou os pelos no suvaco”; “Parabéns pela gravidez”; foram algumas das mensagens ofensivas que Giulia recebeu em um dos seus posts.

Outros famosos já sentiram o bullying na pele:

“Ser magra até uma determinada época era motivo de vergonha e de bullying e eu cheguei a pesar 48 kg. Escondia as pernas e braços longos. Ainda bem que hoje não é mais uma questão. Aceitar o seu biotipo é libertador, o importante é estar feliz com ele. É uma conquista diária”, disse a atriz Lucy Alves.

“Eu tinha muita dificuldade na escola, sofria muito bullying porque, como tinha bronquite asmática de fundo emocional, teve uma época que eu levava tubo de oxigênio para a escola. Os moleques me davam tapa na cabeça e eu tinha falta de ar na hora. Minha mãe foi muito parceira. Desde pequeno, os moleques acabavam comigo na escola e eu sempre tinha que me isolar, sentar no canto da sala, jogavam papel…”, Fiuk, cantor e ator.

Demi Lovato, a cantora sempre comenta como sua experiência na escola dificultou sua vida: “Chegaram, a ir em casa me ofender verbalmente, me chamando de gorda. Isso fez parte dos gatilhos para meus transtorno alimentar.”

Viih Tube é mira do cyberbullying e teve impactos doloridos em sua vida, por conta de muitos xingamentos, ameaças e afins: “Precisei de apoio psicológico e muito tempo para superar episódios de depressão e pensamentos suicidas.”

Lizzo, vira e mexe, recebe mensagens e comentários negativos,por conta do seu corpo e estilo de vida. A cantora não tem medo de ser como é, mas também, não fica livre do bullying: “Já ouvi comentários racistas e gordofóbicos. Meu trabalho como artista é refletir as mudanças do tempo e isso não é legal. Isso não deveria ser ok.”

“Já sofri bullying porque eu era grande, mas não o maior, então me chamavam de babuíno. Tinham poucos negros da escola e eu sofria, me revoltava. Me meti em muita briga, até que um amigo me disse que enquanto eu me importasse, continuariam pegando no meu pé”, Babu Santana, ator.

“Nunca fui magro, nem hétero e muito menos masculinizado, então já sofri todo tipo de bullying. O que aprendi foi a não permitir que isso determine a maneira como vou me comunicar com o mundo e não molde minha vida”, disse Gloria Groove, em uma entrevista à revista Vogue.

“Com uns 15 anos começaram a falar na escola e eu percebi que tinha olheiras. Eu tirava sarro junto pra ver se paravam de falar, mas eram sempre as mesmas piadinhas: ‘tomou um soco?’, ‘parece um panda’. Minha autoestima ficou péssima. Cheguei ao ponto de me inferiorizar muito por conta das piadas. Chegava da escola e chorava muito”, Amanda Djehdian, empresária e ex-BBB.

Entrevista com o psicólogo Alexander Bez

O psicólogo Alexander Bez conversou com nossa reportagem, revelando o que ficam de sequelas, após passar pelo bullying, como buscar ajuda e as dores causadas no atacado. Confira:

Alexander Bez é Especialista em Saúde Mental; Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA) e Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM)
Alexander Bez é Especialista em Saúde Mental; Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA) e Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM) – Foto: Divulgação

OFuxico – Como definir a palavra bullying?

Alexander Bez – A definição de bullying pode ser caracterizada, basicamente, por meio de dois elementos negativos para as vítimas: a humilhação e a segregação. Ambas são propositalmente implementadas com o objetivo de ferir e menosprezar a vítima.

OFuxico – Quais dores o bullying pode gerar no outro?

Alexander Bez – O bullying opera por meio de um extenso e contundente sadismo, sendo proposital. É justamente pela intenção de rebaixar o outro, que o agressor obtém seu prazer existencial. No entanto, as marcas podem ser profundas, tanto psicológicas quanto físicas. Vale ressaltar que as marcas físicas podem ter uma ambiguidade também negativa, seja pela violência aplicada verbalmente, onde a pessoa recorre a vários mecanismos de compensação (podendo desencadear transtornos obsessivos-compulsivos), ou seja, por uma eventual agressão física. As marcas emocionais deixam cicatrizes profundas, que podem levar a vítima a apresentar diversas manifestações mentais, desde depressão até ansiedade; transtornos alimentares e insônia. Além disso, a vítima frequentemente sente medo de sofrer humilhação. O bullying é um trem fantasma sem um término definido, até que a denúncia e o aumento da autoestima possam combatê-lo.

OFuxico – O bullying vivido quando criança traz mais sequelas do que quando somos adultos?

Alexander Bez – O bullying, quando presente na fase infantil, é um milhão de vezes pior, principalmente nas primeiras e segundas infâncias, porque o aparelho mental ainda está em formação e, assim, ocorrem fragmentações maiores, levando, por exemplo, a criança a apresentar um quadro de psicose irreversível devido à violência que o bullying provoca. Na fase adulta, não haverá o desenvolvimento de psicose pelo bullying, mas, se a pessoa tiver essa condição mental, o bullying poderá ser o gatilho psicológico para desenvolvê-la. É importante denunciar o bullying, seja na escola ou no trabalho, e identificar a pessoa que aplica essa violência.

OFuxico – Qual é o comportamento de quem sofre o bullying?

Alexander Bez – Cada pessoa reage de acordo com suas características mentais, no entanto, as principais são as alterações nas condutas habituais. O isolamento e o declínio escolar e/ou profissional são geralmente as primeiras a aparecer, seguidas pela perda de concentração, motivação e criatividade.

OFuxico – Quais sequelas o bullying deixa?

Alexander Bez – As principais sequelas deixadas pelo bullying incluem prejuízos cognitivos causados por agressões verbais, humilhação e marcas físicas, quando presentes. Isso pode levar a uma diminuição da autoestima, falta de vontade, sensação de não valer nada, além de prejuízos financeiros, devido à perda de motivação e capacidade profissional. Condições mentais psicóticas se tornarão irreversíveis, enquanto condições mentais neuróticas são reversíveis, mas podem ser de longa duração. O medo constante de sofrer bullying coloca a pessoa em um estado de alerta constante, o que afeta tanto a frequência cardíaca quanto a pressão arterial.

OFuxico – Como pedir ajuda sobre o bullying?

Alexander Bez – A busca por ajuda é frequentemente complicada, pois envolve uma tríplice condição psicológica: medo, vergonha e culpa. Ter coragem para pedir ajuda é essencial. Ela pode começar em casa, especialmente quando a vítima é uma criança, mas em todos os casos deve também contar com o apoio das autoridades, como diretores de escola, diretores de faculdade ou gerentes do local de trabalho.

OFuxico – Que profissional pode ajudar uma pessoa com bullying e uma medicação pode ser indicada para amenizar os sentimentos?

Alexander Bez – O tratamento psicológico é essencial, e a medicação será administrada conforme os sintomas apresentados, se houver. Ansiedade e depressão são as mais comuns, e, nesse caso, podem ser prescritos ansiolíticos e antidepressivos. O apoio da família e dos amigos também é fundamental.

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