‘Linha Direta’: Relembre os acontecimentos do Caso Eloá

Por - 04/05/23 às 07:00 - Última Atualização: 3 maio 2023

Pedro BialPedro Bial comanda o novo "Linha Direta" (Globo/Fábio Rocha)

(ATENÇÃO: Este texto contém descrições dos acontecimentos e imagens reais do crime, bem como imagens da dramatização que irá ao ar no “Linha Direta”.)

Em 17 de outubro de 2008, no ABC Paulista, a vida da família de Eloá Cristina nunca mais seria a mesma. 5 dias após ser mantida em cárcere privado, a jovem de 15 anos teve um trágico fim por meio de um assassinato de seu ex-namorado, Lindemberg Alves, a época com 22 anos. O caso chocou o Brasil e é um dos mais emblemáticos da história criminal.

15 anos depois, o “Linha Direta” estreia novamente com o comando de Pedro Bial e escolheu o caso do sequestro como programa de estreia. Relembre abaixo os acontecidos e alguns absurdos ocorridos durante as negociações.

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Dramatização Linha Direta
Atores escalados para a dramatização do Caso Eloá (Globo/Fábio Rocha)

O CASO

Eloá Cristina era uma jovem que é descrita como estudiosa, inteligente, delicada e que tinha um futuro enorme pela frente. Em um momento, ela se une a sua melhor amiga, Nayara Rodrigues e mais dois colegas Iago Vilera e Victor Campos, para realizar um trabalho escolar, mas, são surpreendidos com a invasão de Lindemberg revoltado pelo término do relacionamento com Eloá.

Ele rende os quatro jovens, agride os dois meninos por se sentir extremamente enciumado e mantém em cárcere privado as duas meninas, ainda dizendo que Nayara era péssima influência para Eloá. A melhor amiga é liberada no dia seguinte, mas, volta para ajudar nas negociações como conversado com a Polícia envolvida no caso.

Eloá
Eloá em cárcere privado (Reprodução)

Por 100 horas, ou seja, de 13 a 17 de outubro de 2008, Eloá viveu um terror em frente a um País, por conta da transmissão midiática, e tentou bravamente tranquilizar seus familiares com a esperança de que tudo terminaria bem. Este é, até hoje, o maior tempo de um sequestro que aconteceu no Brasil. A Polícia negociava com Lindemberg: Ao cortar a luz da residência, ele exigia que voltassem a ligar, e teve o que quis; exigiu que a integridade física deveria ser mantida, e assim a Polícia garantiu. Em depoimentos, é dito que foi ouvido um estouro e que, por este motivo, houve a invasão na casa que ela era mantida refém. Fato é que, após isto, o criminoso se desesperou e atirou duas vezes em Eloá: Um na virilha e outro, fatalmente, na cabeça. Nayara também levou um tiro no rosto, mas, sobreviveu.

Lindemberg foi preso e aguardou seu julgamento até 2012, quando foi condenado a cumprir 98 anos e 10 meses de prisão, na época o tempo máximo de reclusão era de 30 anos (Alterado em 2019 para 40 anos). Em 2021, ele passou para regime semiaberto, que foi revogado pelo MP ao ser identificado traços narcísicos e antissociais. A progressão penal levou a pena total para 39 anos.

Lindemberg
Lindemberg sai preso e capturado (Reprodução)

A CONTROVERSA INVASÃO

As negociações são ditas, pela Polícia, como tranquilas e que os acordos eram feitos com base nos pedidos, inclusive com a volta de Nayara. Mas, o destino trágico poderia ter sido evitado? Neste caso existem duas linhas e é difícil assinar embaixo sem entender que, após dias intensos e de cobertura excessiva, se preocupava em como o final do caso iria afetar aos envolvidos, já que Lindemberg dizia que existia comida na casa para um mês e que eles ficariam lá todo este tempo.

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As versões se perdem em: A Polícia indica que ouviu um estouro e só invadiu depois disso, logo, os tiros já teriam sido dados, e eles entraram em uma operação de resgate para tirar as jovens com vida. Já outras versões, dos profissionais do local e de civis do bairro, dizem que a explosão não teria ocorrido e que a invasão foi precipitada, logo, os tiros vieram após a entrada da equipe policial no cativeiro.

Eloá e Nayara
Eloá e Nayara (Arquivo Pessoal)

A POLÊMICA DA MÍDIA

A cobertura excessiva do caso com imagens do local favoreceu Lindemberg, já que ele tinha televisão e estava a par de tudo que estava acontecendo no local. O que aconteceu de fato é que houve câmeras para todo lado e uma enorme espetacularização televisiva. De um lado existiam coberturas sérias que mostravam o passo a passo da negociação com a polícia. Mas, de um outro lado existiram coberturas mais invasivas, como foi o caso da polêmica entrevista de Sonia Abrão no “A Tarde é Sua”, criticada até hoje por ligar ao vivo para o sequestrador e ter atrapalhado a negociação do caso.

Dramatização Linha Direta
Lindemberg no cativerio na dramatização do “Linha Direta”(Globo/Fábio Rocha)

Vale aqui destacar que, após todo o tempo do ocorrido, em entrevista recente a Quem, Sonia Abrão disse que não se arrepende da entrevista e definiu como “o momento mais dramático de sua carreira”:

“Sem dúvida foi o momento mais dramático da minha carreira! Fui a única pessoa com quem ela falou, ainda no cativeiro, três dias antes de ser morta. Fiquei muito tensa e emocionada”.

Ainda questionada se ela pediria desculpas, ela afirmou que não teria problemas, se se sentisse culpada:
“Não tenho problema nenhum em me desculpar. Isto tanto na vida pessoal, quanto profissional. E faço de coração, nada a ver com o medo de ser cancelada, como acontece com muitos por aí”.

Para a Marie Claire, Cíntia Pimentel respondeu a fala da apresentadora da Rede TV e definiu que foi “Cruel”. Ela afirmou que não sabe se isso chegou até a mãe de Eloá:

“Agora, quero falar não só como parte da família da Eloá, mas também como mãe. Ainda não sei se isso chegou até a minha sogra, mas a declaração dela (Sonia Abrão) causa muita dor. Dizer que faria tudo de novo é cruel. Chego à conclusão de que, para alguns, a audiência midiática vale muito mais do que a vida de outra pessoa. Acreditávamos que ela tinha se arrependido, principalmente pelo silêncio ao longo destes 15 anos, não sei se um dia ela refletirá mais sobre o assunto. A sociedade evoluiu no pensamento, mas na prática ainda falta muito. Lembro de nunca ter visto nada como o crime que aconteceu contra a Eloá”.

Dramatização Linha Direta
Dramatização do cativeiro no “Linha Direta” (Globo/Fábio Rocha)

Questionada se houve um pedido de desculpas da apresentadora para a família, ela revelou que não e disse que é triste a história ser contada com orgulho por parte de Sonia: “Ficará marcado na história do Brasil para sempre, e é uma tragédia. Questionei se ela havia pedido desculpas para a família, e nunca pediu. Na entrevista, ela até diz que não tem problemas em se desculpar, se precisasse. De todas as pessoas envolvidas nesse caso, ela falar disso com orgulho é triste. A Eloá tinha a vida inteira pela frente.”

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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha