Rei Charles III volta para a Escócia para período de luto real

Elizabeth II foi sepultada na tarde de segunda-feira, 19 de setembro, em uma cerimônia privada.

Passados os 12 dias de homenagens à rainha Elizabeth II, finalmente O rei Charles III e demais integrantes da família real britânica iniciam um período de sete dias de luto sugerido pelo novo monarca. O filho mais velho da rainha embarcou em um jato particular e voou para a Escócia na manhã desta terça-feira, 20, partindo da RAF Northolt (estação aérea da Royal Air Force), no norte de Londres. Ele estava acompanhado por sua mulher, a rainha consorte Camilla.

Os policiais da escolta removeram seus capacetes quando o novo rei entrou na aeronave, num gesto de reverência ao comandando da nação.

Charles desembarcou na cidade de Aberdeen por volta das 12h30 e foi levado para Balmoral, castelo onde a rainha Elizabeth morreu. Todos os compromissos públicos estão cancelados até terça-feira, 27 de setembro.

Depois de chegar a Aberdeen, o rei Charles III sentou-se na parte de trás do carro e a rainha consorte – que sofre de enjoo quando viaja de carro – foi na frente com o motorista, como de costume.

LAGRIMAS NA DESPEDIDA

Na noite de segunda-feira, 19, após 12 dias de cerimônias, Charles sepultou sua mãe durante um culto reservado em Windsor. O serviço, realizado na Capela de São Jorge, foi acompanhado apenas pelos membros da realeza sênior. Uma fonte real sênior contou ao jornal Evening Standard que o momento foi de enorme emoção entre todos os presentes:

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“Sim, houve lágrimas. Mas pelo menos Sua Majestade está em paz agora”, afirmou.

Após o sepultamento, a conta privada da Família Real compartilhou uma foto inédita, tirada em 1971, que mostra Elizabeth Sua Majestade caminhando em Balmoral , na Escócia, lugar que representava a sua residência favorita .

Na legenda compartilhada nas páginas oficiais da Família Real nas redes sociais está escrito:

“Que os vôos dos Anjos cantem para o teu descanso. Em memória amorosa de Sua Majestade a Rainha. 1926 – 2022”

A citação, tirada de Hamlet de Shakespeare, foi dita por Charles em seu primeiro discurso ao Parlamento, em 12 de setembro.

As palavras podem ser encontradas no Ato 5 Cena 2 da famosa tragédia quando Horácio acolhe Hamlet, o príncipe da Dinamarca, enquanto ele morre. Na cena ele diz: “Agora quebra um coração nobre. Boa noite, doce príncipe, e revoadas de anjos cantam para o teu descanso.”

A foto abaixo foi tirada pelo primo da rainha, Lord Linchfield.

UMA DESPEDIDA GLORIOSA

Em um dia marcado por cerimônias e cortejo gloriosos e emoção intensa, acompanhada por uma multidão de um milhão de pessoas ao longo do caminho de  Londres  a  Windsor, além de quatro bilhões de telespectadores, dado que deverá ser reconhecido como o evento de TV mais assistido de todos os tempos.

A rainha agora descansa ao lado de seu amado marido, o príncipe Philip , da rainha Mãe, seu  pai George VI e sua irmã Margaret .

O funeral da Rainha foi o primeiro Funeral de Estado realizado no Reino Unido desde a morte de Winston Churchill em 1965.

O FUNERAL DE ELIZABETH II EM NÚMEROS

Estima-se que um milhão de pessoas tenham comparecido ao cortejo fúnebre público em Londres, segundo as autoridades de transporte.

16 quilômetros foi o comprimento mais longo da fila enfrentado pelo público para ver de perto o caixão da rainha. Essa distância representou um tempo de espera de mais de 24 horas.

2.000 convidados viajaram para a Abadia de Westminster, incluindo 100 presidentes e chefes de governo, como o presidente americano Joe Biden, o imperador Naruhito do Japão e a primeira-ministra da Nova Zelândia Jacinda Ardern e o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.

800 convidados estiveram presentes durante o sepultamento da monarca, o evento mais privado, realizado na Igreja de São Jorge, no Castelo de Windsor. Seguiu-se um enterro privado, com a presença da família do monarca, na noite de segunda-feira, 19 de setembro.

4 bilhões de telespectadores sintonizados em todo o mundo para assistir à cobertura do serviço fúnebre e procissão. O evento de TV mais assistido de todos os tempos.

10 dias de eventos levaram ao funeral, incluindo vigílias com a presença de vários membros da família da rainha.

Seis ex-primeiros-ministros britânicos compareceram ao funeral, incluindo John Major, Tony Blair, Gordon Brown, Theresa May, David Cameron e Boris Johnson. A atual primeira-ministra Liz Truss fez uma leitura.

5.949 militares foram mobilizados durante os eventos, desde a morte da rainha em 8 de setembro, incluindo 4.416 do Exército, 847 da Marinha e 686 da Força Aérea. 175 membros das forças armadas de nações da Commonwealth também estavam envolvidos.

138 marinheiros da Marinha Real foram uma parte fundamental do Funeral de Estado, com 98 puxando a carruagem de armas e outros 40 marchando atrás. Tamanha grandiosidade não era vista em Londres desde o funeral de Winston Churchill em 1965.

Sete tipos de flores compunham os arranjos florais do funeral da rainha, incluindo lírios asiáticos, gladíolos, alstroemeria, Eustoma, folhagem de carvalho inglês, bétula chorona e raminhos de murta.

Apaixonada por seus animais de estimação, a rainha foi prestigiada também por seus mascotes. Dois cães da raça Corgis, Muick e Sandy, saudaram a procissão fúnebre rumo ao Castelo de Windsor antes do serviço da rainha chegar a Capela de São Jorge.

Seu pônei Emma, da raça Fey, esperou o cortejo parado sobre um tapete de flores. O animal exibia o lenço branco que Elizabeth usava na cabeça foi colocado sobre a sela.

FLORES FORAM ESCOLHIODAS PELA MONARCA

A rainha Elizabeth II  amava a natureza e tornou-se patrona da Royal Horticultural Society Society em 1952 após a morte de seu pai, dando continuidade a associação criada em tempos vitorianos. As visitas da rainha ao Royal Chelsea Flower Show todos os anos eram consideradas um de seus eventos anuais favoritos.

A rainha sempre falava que, embora não fosse especialista em jardinagem, “plantas, árvores e flores foram uma fonte de prazer” ao longo de sua vida.

A coroa de flores depositada por Charles sobre seu caixão tinha um vínculo simbólico com o casamento da falecida monarca com o príncipe Philip.

Todas as flores fúnebres da rainha foram colhidas dos jardins do Palácio de Buckingham, Clarence House e Highgrove House.

As flores do funeral da rainha Elizabeth II em Westminster apresentavam  muitas folhagens, incluindo murta , que foi usada no buquê de casamento da rainha em 1953, como é tradição real. Carvalho inglês, que simboliza a força do amor, bétula chorona e alecrim, um símbolo da lembrança.

As flores e coroas do funeral da rainha tinham predominância das cores brancas e verdes. Eram lírios asiáticos, gladíolos, alstroemeria e Eustoma .

Rosas de jardim, hortênsias outonais, suculentas sedum, dálias e escabiosas também estiveram em exposição. As cores predominantes eram em tons de dourado, rosa e bordô, com toques de branco. Tudo escolhido para refletir o Padrão Real.

A pedido da rainha, a grinalda do caixão foi feita de forma sustentável, num ninho de musgo inglês e ramos de carvalho. Não foi utilizada espuma floral.