Caravana das Drags: O que deu certo e errado no reality show?
Por Murilo Rocha - 25/05/23 às 08:00 - Última Atualização: 24 maio 2023
A Amazon Prime Video estreou “Caravana das Drags” sob o comando de Xuxa Meneghel e Ikaro Kadoshi com todo o hype de um bom reality show brasileiro. Com 10 drags queens competindo pelo título de “Soberana da Caravana” e 150 mil Reais, a final vai ao ar em 25 de maio e dará a Hellena Borgys, Frimes, Desirré Beck ou Gaia do Brasil a premiação. Mas, como toda a primeira temporada existem arestas a serem ajeitadas para uma próxima temporada, pois torço que seja renovada e continue mostrando a arte Drag e a cultura Brasileira para diversos países e até para o próprio Brasil. Sobe na Caranava e vamos lá!
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O QUE DEU CERTO?
Primeiramente, o comando de Ikaro Kadoshi é suave, leve, determinado e é uma das melhores coisas do reality. Em todos os momentos, a drag veterana age com leveza, sabedoria, humor e consegue emocionar com suas palavras e acolher com as mesmas. Xuxa toma uma frente mais dinâmica de puxar as apresentações e as eliminações. Dá para perceber uma coisa muito forte: Ela age com extremo respeito e humildade, agradecendo todo o episódio por estar no local e ser aceita por todo o elenco. Não faltou homenagens a Rainha dos Baixinhos.
Outro ponto que podemos destacar é que o elenco é surreal de bom e de talentoso. É uma competição, mas, não da vontade de ver uma sair para a progressão do programa. Toda tem algo único e especial para mostrar a sua arte.Chandelly Kidman; DesiRée Beck; Enme Paixão; Frimes; Gaia do Brasil; Hellena Borgys; Morgante; Ravena Creole; Robytt Moon e Slovakia mostram toda a sua paixão por Drag a sua maneira e mostram como são incríveis com sua singularidade e talento.
Os desafios e os ‘closes’ ( os desafios menores) são divertidos, dinâmicos, exaltam a brasilidade e a arte drag mesclando desde o tradicional bate cabelo até mesmo a um show de stand-up, indo até em uma prova de impersonator, ou seja, imitar celebridades.
O QUE DEU RUIM?
Existem alguns pontos cruciais: O show é um reality. Brigas, discussões, embates… vão ocorrer. E é aí que a edição do programa precisa se atentar. É lindo ver a cultura, as trocas sinceras e o afeto que elas criam entre si. Mas, algumas discussões e até algumas falas foram jogadas ocasionalmente deixando a gente se perguntando: Como começou? Onde começou? Onde terminou? Inaceitavelmente colocando pessoas para serem julgadas sem no mínimo um embasamento melhor.
Falando em edição, existe um episódio que é o ápice da falha: Uma vitória é dada de forma justíssima, mas, por escolha não foi mostrado a vencedora do desafio sendo criticada positivamente e isto é necessário para criar narrativas, para criar motivações de uma vitória, tanto quanto uma eliminação precisa de substâncias para o público entender o que se passou por ali.
Outro ponto inaceitável é que em um episódio uma drag queen, Chandelly Kidmann, é expulsa da competição. Nas redes sociais, para quem segue as rainhas e até mesmo páginas do twitter que cobrem o reality, o motivo foi muito bem explicado e mostrado: Após diversas vezes sendo alertada da caracterização ofensiva, ele elevou ao extremo e cometeu o crime de se caracterizar e se pintar de preto (Blackface). Ofendendo a todas as pessoas pretas e quebrando a regra, ela foi expulsa. Mas, o programa não mostrou essa narrativa e não mostrou o contexto. Não é recomendado que a foto seja veiculada pois ativa gatilhos em inúmeras pessoas, mas, era necessário ter tido esta conversa abertamente, principalmente em uma sociedade tão estremecida como o Brasil. O caso de racismo foi abafado e a Amazon só se pronunciou depois de muita pressão, porém, já era tarde e mais uma vez o assunto teve panos quentes em cima.
FORÇA NA CARAVANA
De certo o reality tem muito potencial e muitas estrelas pelo Brasil para serem mostradas. Os desafios tem muita diversão, é um bom reality que tem como objetivo dar essa plataforma a suas participantes, mas, acima de tudo, deve ser levado em conta que a primeira temporada é como um filho mais velho.
Mesmo estando distante, “Rupaul’s Drag Race” se tornou o fenômeno que é mesmo com uma edição estranha e um filtro pífio em sua primeira temporada, e tudo foi se encaminhando para o império de dona RuPaul. Logo, o Caravana tem que focar nas qualidades e exaltá-las, mas, aparar grandes defeitos de edição, para uma clareza maior e um aproveitamento em tela de todas as participantes melhor ainda.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha