Quando o transplante de coração é indicado? Especialista explica

Por - 24/08/23 às 18:00

faustão internado esperando um transplante de coraçãoReprodução/TV Globo e Reprodução/Instagram

Fausto Silva enfrenta o maior desafio da sua vida até o momento. Com 73 anos, o apresentador está internado no Hospital Albert Einstein à espera de um transplante de coração desde o dia 5 de agosto, após apresentar insuficiência cardíaca.

Após o ex-Global entrar na lista de espera do SUS por um novo órgão, muitas dúvidas surgiram sobre como funciona a prioridade entre os pacientes, se Faustão receberia algum tipo de ‘tratamento especial’, ou até mesmo quantas pessoas estariam na frente dele.

Por conta disso, OFuxico conversou com o enfermeiro Tadeu Thomé, um dos maiores especialistas em transplantes no Brasil, para esclarecer todas as questões que estão bombando pela web.

O que leva ao transplante de coração?

De início, ele explica os motivos que fazem um médico indicar o transplante para uma pessoa: “O transplante é a última alternativa para aquele paciente, por conta dos riscos que todo transplante tem, ainda mais o cardíaco. Então se o risco da doença foi maior do que o risco do transplante, aí sim tem a indicação”.

Ele ainda listou as principais causas que levam a insuficiência cardíaca, como no caso de Fausto Silva: “Hipertensão, miocardites, Doença de Chagas, que no Brasil é muito comum, tabagismo, pessoas isquêmicas”.

Funcionamento da ‘Lista de espera do SUS’

Tadeu é Vice-Coordenador do Departamento de Coordenação de Transplantes da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos e sintetizou o funcionamento da ‘Lista de espera do SUS’, a qual Faustão agora faz parte e espera pacientemente por sua vez para receber um novo coração.

“A lista de espera no país é muito séria. Quem controla é a Secretária de Estado de Saúde de cada estado, no caso de São Paulo é a Central de Transplantes de São Paulo. Tem um sistema, o nome do Faustão vai constar nesse sistema, não é falado se ele é do Einsten, somente o nome e os dados cínicos para saber a compatibilidade”, começa.

“Quando tem um doador em qualquer hospital, esses dados vão e o sistema traz quem são os compatíveis. E respeita aquela ordem de prioridade, ou seja, alguns casos de pacientes muito graves automaticamente ganham pontuações extras, pois a fila é inteligente, ela compensa os casos graves”, detalha.

“Depois que faz o transplante que você fala quem que pagou, se foi um convênio ou se foi o SUS, apenas para a gente ter estatísticas. No Brasil, mais de 90% dos transplantes são feitos pelo SUS, e a fila é a mesma, ela não muda, ela não olha fonte pagadora. O Brasil é maior sistema público de transplante do mundo, e o segundo maior em números absolutos”, finaliza.

A lista de espera atual

Tadeu liberou números da ABTO e para conseguirmos ter uma noção do números de brasileiros que estão na frente de Faustão na lista de espera do SUS para realizar o transplante.

No final do ano de 2021, 321 pessoas estavam na lista. Com a chegada de 2022, mais 432 pacientes entraram, sendo 61 crianças. Durante o ano, morreram, 105 pessoas, sendo 18 crianças. Ao final de 2022, foram realizados 259 transplantes e 340 pacientes ainda estavam na fila.

No último senso feito pela ABTO, em março de 2023, 310 pacientes estavam na lista de transplante, sendo 184 deles em São Paulo, onde Faustão realiza o tratamento.

Vale destacar que, em 2022, ocorreram 975 casos de doação de órgão, mas Tadeu explica que nem sempre eles estão nas melhores condições: “Tem muitos pacientes que são de uma idade mais avançada, muitos tem o órgão ruim. Então não significa que a doação é 100% de certeza de que vai para aquela pessoa”.

Preta Gil

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