Claudia Ohana está no elenco de Dom Quixote de Lugar Nenhum

Por - 18/06/23 às 21:00

Dom QuixoteDivulgação/ Simone Kontraluz

O musical “Dom Quixote de Lugar Nenhum”, de Ruy Guerra, na visão de Jorge Farjalla, ganha nova montagem, no Teatro Casa Grande, Rio de Janeiro.

Imerso em nossa brasilidade, o espetáculo — inspirado pela clássica obra de Cervantes — canta a saga do herói Queixada (Lucas Leto) agora pelo interior do Nordeste e coloca pela primeira vez um ator preto como Dom Quixote. Lá — ou em lugar nenhum, como sugere o título —, ele inicia uma batalha a fim de transformar seu próprio mundo em um espaço menos triste e ainda encontrar a musa Dulcineia (Dani Fontan) que nunca conheceu.

Cláudia Ohana surge no papel de um inquieto diabo. Claudia Ohana não trabalhava com Ruy desde 1989 e confessa que está vivendo uma experiência singular no palco. “É incrível voltar a trabalhar em um texto dele – já faz anos, desde o filme ‘Kuarup’. E ter as músicas do Zeca Baleiro, que eu também adoro, é demais. Eu queria trabalhar com o Farjalla já há algum tempo. Tem me trazido muita alegria o processo dele nos ensaios. Fazemos tudo em grupo. É a primeira vez que estou em cena o tempo todo, que toco instrumento, mudo de personagem. Está sendo bastante especial e transformador”, afirmou ela.

Interpretado por Lucas Leto, o herói Queixada enfrenta um caminho de pedras neste universo árido e já chega rompendo barreiras. “Fazer o primeiro Dom Quixote preto me pegou de surpresa e ao mesmo tempo em estado de alerta. Serve para todo mundo pensar que a sociedade está mudando, mas não estamos nem perto do que seria ideal num contexto racial. Agora, a gente vê um grande clássico como o Dom Quixote, que os artistas pretos nunca conseguiam acessar, sendo vivido por mim. É uma responsabilidade grande porque ele é icônico e agora vai ser interpretado por um jovem ator preto de Salvador. A cada ensaio tenho certeza que esse espetáculo vai surpreender quem for assistir e vai emocionar muito”, disse o ator.

A montagem, idealizada por Simone Kontraluz, marca a estreia de Farjalla no teatro musical.

Os contadores dessa história são materializados no palco como uma trupe de saltimbancos, com 10 atores que cantam e tocam instrumentos se desdobrando em vários personagens, para num grande e fabuloso cordel, narrarem as aventuras e desventuras do protagonista e seu fiel escudeiro, Sancho Pança (Danilo Moura). Eles são incansáveis na tentativa de tornar a fantasia possível de se acreditar.

Ex-aluna de Ruy Guerra, a fotógrafa Simone Kontraluz mantém uma grande amizade com o cineasta há 20 anos. Foi durante a pandemia, ainda mais conectados, que surgiu a ideia de fazer uma nova montagem de “Dom Quixote de Lugar Nenhum”. “Ele fez 90 anos. Então, perguntei o que ele queria de homenagem. Ele me falou deste espetáculo, que havia sido feito pelo Edson Celulari anos atrás, e que não tinha saído exatamente como ele gostaria. Falou da vontade de ver o Quixote como musical no palco, e essa se transformou na minha missão”, contou ela, que convidou Zeca Baleiro para também trabalhar nessas canções.

“Zeca ficou encantado pelas músicas e pela ideia. Eu também achei que só o Farjalla faria como o Ruy gostaria. E ele também se apaixonou de cara. Ficamos nessa corrida louca com o Ruy dizendo que poderia morrer com 90 e ele já está fazendo 92 este ano. Agora, estamos com o Quixote montado e todo mundo está muito feliz, num amor profundo”, celebrou Simone.

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Jornalista desde 2000, iniciou a carreira como redatora do site OFuxico em 2002. Anos mais tarde, trabalhou como editora no site Famosidades (MSN), tendo passagem ainda como repórter na Quem, jornal Agora S. Paulo (Folha de S. Paulo), R7 e retornou em 2015 como editora do site OFuxico.