Claudia Raia fala de Madonna, legalização do aborto e relembra namoro com Jô e Fausto Silva

Claudia Raia, 57 anos, compartilhou detalhes íntimos sobre sua vida pessoal e profissional durante sua participação no programa “Roda Viva”. Com uma carreira marcada por sucessos memoráveis e desafios significativos, Raia oferece uma visão única sobre a indústria da televisão e sua trajetória pessoal.

Namoro com Jô Soares e Fausto Silva

Sobre relacionamentos do passado, Claudia falou sobre o relacionamento com Jô Soares, definido por ela como seu primeiro grande amor: “O Jô foi um grande relacionamento. O primeiro grande amor. Mesmo. Eu era muito nova. Ele tinha 30 anos a mais. Mas foi extremamente importante em todos os sentidos. Aprendi muito com ele profissionalmente. Ele me deu o nome Claudia Raia. Eu era Maria Claudia Raia. Ele me salvou, apareceu uma pinta na minha perna, era um melanoma cancerígeno, Jô me levou para operar, senão eu tinha morrido… É meu anjo da guarda. Será sempre. Agora, mais ainda”, afirmou.

O relacionamento com Fausto Silva também foi relembrado: “Fausto é um grande amigo, amo profundamente. Nos falamos às vezes”.

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Fim do contrato com a Globo

Após quatro décadas de uma bem-sucedida carreira na TV Globo, Claudia Raia se prepara para um novo capítulo. Em julho, seu contrato com a emissora chega ao fim, marcando o término de uma era de grandes realizações. Raia expressou gratidão pela jornada, destacando a formação de inúmeras alianças e amizades ao longo dos anos.

A atriz refletiu sobre os momentos marcantes na Globo, desde suas primeiras aparições até os papéis que a consolidaram como uma das grandes estrelas da teledramaturgia brasileira. Claudia destacou sua gratidão a figuras icônicas como Boni e Daniel Filho, que foram fundamentais em sua trajetória.

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“É uma grande despedida para mim, de muita gratidão, muita alegria, ter feito a minha história lá dentro. Muitas alianças eu construí, muitos amigos, muitas mãos estendidas eu recebi. […] A minha formação profissional foi toda criada ali dentro, com aquelas pessoas. Sou extremamente grata aos Marinho, ao Boni, ao Daniel Filho, a todas as pessoas que me estenderam a mão, tantas coisas importantes fiz lá dentro.”

Ainda sobre sua longa história com a emissora, Claudia reconhece: “Tive muita sorte na vida por ser uma atriz que teve um contrato que durou 40 anos. Por ter tido um salário por 40 anos. Isso é muito raro na nossa profissão. É uma grande sorte. Agradeço muito a TV Globo por ter me acolhido, ter sido minha companheira nesses anos todos.”

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Madonna necessária

A passagem de Madonna pelo Brasil também foi tema da entrevista e Claudia reconhece a importância da estrela pop no mundo: “A Madonna é uma mulher extremamente necessária, que alegria me dar de 60+ ter uma carreira que ela fez. Ela é mulher que está viva, ela precisa [dos shows] para viver, ela quer isso. Por que uma mulher de 65 anos não pode mais isso? Então, é muito limitado isso, o que as pessoas acham o que você deve ou não fazer. […] A Madonna é um exemplo disso, ela jamais fez o que disseram para ela fazer, ela só fez o que ela queria fazer. Então, ela tem que ser ovacionada, aplaudida, celebrada, para sempre”, analisa.

Beleza e maturidade

Claudia Raia abriu o coração ao discutir sua percepção sobre beleza. Apesar de não se considerar tradicionalmente bonita, a atriz encontra beleza em seu dinamismo e presença. Com o passar dos anos, ela aprendeu a se valorizar mais, especialmente com a maturidade, que trouxe uma nova apreciação por sua imagem e identidade.

“Eu continuo não me achando linda. Eu sou bonita no movimento, chego, jogo cabelo, isso fica bom. Eu sou grandona, apareço, sou alegrinha. Isso tudo junto fica bom. Aí acho que funciono. Mas se for olhar cada pedaço, não acho que sou bonita. Na maturidade, eu acho que estou mais legal do que era quando jovem. Eu me gosto mais agora do que mais jovem”, afirmou.

Novos horizontes e desafios

A atriz comentou sobre as transformações na indústria da televisão, comparando a estrutura atual com a de Hollywood nas décadas de 1940 e 1950. Raia reconhece a necessidade de adaptação aos novos tempos, onde a permanência de elencos fixos já não se sustenta como antes.

Apesar das mudanças no consumo de mídia, Claudia ressaltou a força que a televisão aberta ainda mantém no Brasil. A atriz acredita na longevidade das novelas, vendo-as como uma parte vital da cultura brasileira que continuará a prosperar.

“A TV aberta tem seu espaço muito forte ainda no Brasil”, afirma. “A novela ainda sobrevive, terá tempo de sobrevivência grande”, afirma.

Os tristes anos com Bolsonaro

Claudia também discutiu os desafios enfrentados pelo setor cultural durante o governo Bolsonaro, descrevendo-os como tempos desesperadores. No entanto, ela se mostra esperançosa quanto à recuperação do setor e ao desejo contínuo do público por cultura e arte.

“Foi um momento desesperador para a cultura. A cultura foi esfaqueada e jogada no chão, e nós [artistas] demonizados e sendo acusados de bandidos. A cultura é sempre atacada, ela quase sempre se dissipa. Mas é a cultura que salva, transforma e muda tudo. […] Nós estamos nos levantando, ainda com ferimentos graves, mas o importante é que as pessoas estavam sedentas por cultura. As pessoas querem ouvir histórias, querem sonhar. Então, eu acho que a gente consegue se recuperar”, analisa.

A entrevista de Claudia Raia no “Roda Viva” ofereceu um retrato honesto e profundo de uma artista que não apenas deixou uma marca indelével na televisão brasileira, mas que também continua a influenciar e inspirar através de seus novos projetos e sua perspectiva única sobre a vida e a arte.

Legalização do aborto

Questionada por Marina Caruso, editora-chefe da Revista Ela, do jornal O Globo a atriz se posicionou favorável  a legalização do aborto: “A mulher que sabe o que está acontecendo com ela. Você não é obrigada a ter uma gravidez se você for estuprada ou se você não deseja, porque se você não deseja o corpo é teu. […] É preciso que você tenha essa autonomia sobre o teu corpo e sobre uma gravidez, uma vida que você vai gerar”, afirma.