‘A Pequena Sereia’ é um mergulho colorido em um mundo novo e empolgante

Por - 22/05/23 às 13:00 - Última Atualização: 28 junho 2023

A Pequena SereiaA Pequena Sereia: Saiba tudo que vem de novidade no longa (Reprodução/Divulgação)

Em 1989, a Disney lançava um dos clássicos da era da renascença, ou seja, uma das eras de ouro da empresa que dominou o mercado de animações e longas live-actions com produtos para dar e vender. Naquele ano conhecíamos Ariel, Linguado, Sebastião, Úrsula, Eric e todos os personagens icônicos que eram criados em “A Pequena Sereia”. Os anos se passaram e foi anunciado que o longa ganharia vida com atores de carne e osso. Devido a atrasos e uma pandemia no meio, o filme chega aos cinemas em 25 de maio de 2023, dois anos depois do planejamento inicial.

Depois de algumas polêmicas envolvendo o racismo cometido com Halle Bailey por ser escolhida a intérprete de Ariel, o filme foi exibido para muitos veículos de imprensa e o OFuxico teve a oportunidade de conferir e aqui vai o único spoiler da resenha: A Disney conseguiu unir os dois mundos perfeitamente em um longa que expande e valoriza a memória do original.

PARTE DO MUNDO DELA

Se de todas as performances que estavam sendo colocadas ali e aqui como um requisito, a maior era de Halle Bailey. A atriz não deixa dúvidas: Ela nasceu para ser a Ariel. Halle incorpora a sereia e a humana em todas as versões possíveis, com um talento incrível e latente nas quase 2h20 de filme. Sua voz encanta e traz lágrimas aos olhos dos mais céticos. Nas sequências debaixo da água, Halle está deslumbrante em todas as suas interações. Vale lembrar que ela interagiu com bonecos de pelúcia em formato e caranguejo e peixe para poder atuar com Linguado e Sebastião.

Fora da água, que é quando Ariel perde a sua voz, a linguagem corporal, a doçura no olhar, as expressões, a determinação e a inocência de uma menina de 18 anos estão ali presentes frames por frames. Tudo é brilhante quando se trata de Halle como Ariel, nada falha e tudo é crível. Existe um momento tão dramático e incorporado (uma das cenas novas do filme) que é o ápice de Halle no drama. Reafirmo: Halle nasceu para ser Ariel e não há alguém que conteste isto.

Halle Bailey
Halle Bailey como a sonhadora e determinada Ariel (Rerpdoução/Divulgação)

E NO FIM… CORAÇÕES INFELIZES?

Tirando o grande destaque de Halle, aqui afirmo: Se alguém algum dia tinha uma dúvida de como seria Melissa McCarthy como a bruxa do mar…. Não existe nada que a desabone. Aliás, ela capturou 100 por cento a essência de Úrsula: Maléfica e ácida, irônica e dramática com um toque de amargura perfeito. Melissa traz um frescor para a bruxa que sempre esteve lá. Sua versão de “Poor Unfortunate Souls” é perfeita e grandiosa: Colorida com sua luminescência, cheio de tons darks e muitas explosões, além de ter uma orquestra que eleva tudo ao último nível. Sua risada, tão característica, aqui não é tão doce quanto a original, mas, é muito esgarçada e característica de uma vilã.

Daveed Diggs como Sebastião e Awkawfina como Sabidão são o alívio cômico perfeito do filme. A ave marítima está elevada a última potência da comédia: Ainda mais inocente, porém, ainda mais intensa na comédia. O siri então… É uma perfeição. Ele tem todas as melhores tiradas e sua dinâmica com Ariel e Sabidão é ainda melhor do que se poderia esperar.

Ursula
Úrsula de Melissa McCarthy é fantástica (Reprodução/Divulgação)

O MAR E A TERRA SE ENCONTRAM

A música que venceu um Oscar em 1989, “Under The Sea”….. Aqui está elevada no visual. De fato, sua sonoridade é ainda nova e não é de fato tudo que a primeira versão foi, mas, o fato nostalgia está muito presente. Agora o visual está muito melhor, muito mais colorido e dá para perceber que foi cuidadosamente pensada e colocada com muito esmero e pensada segundo por segundo. É impossível falar dela sem dar spoilers, mas, posso deixar o voto de confiança: É o melhor número musical do filme inteiro.

Quem também tem um solo para chamar de seu é Eric (Jonan Hauer-King). Em “Wild Uncharted Waters”, os vocais do príncipe estão muito afiados e muito sinceros. A música mostra o príncipe em um momento de conflito igualzinho ao de Ariel e aqui é criada aquela ponte entre os dois e que justifica o a amor dos dois ser tão intenso e repentino. A química e Halle e Jonan é incrível. E falando em relação, essa Ariel mostra aquilo que sempre foi escancarado, porém aqui fica muito mais nítido: Ela não se apaixonou pelo mundo dos humanos por conta de Eric, e sim muito antes. Eric foi apenas o gatilho que a levou a fechar um acordo com a bruxa do mar.

Under The Sea
Pequeno trecho de “Under The Sea” (Reprodução/Divulgação)

TUDO É MAIS BONITO AO VIVO

Me lembro de quando saíram os primeiros trailers e muitos teceram críticas e falaram que o filme estava escuro…. E como suspeitava, era apenas a pré-produção. O filme aqui tem cores vibrantes e vivíssimas do Caribe em todos os lugares. A iluminação é perfeita e ressalta a beleza de todos o cast. Nas cenas mais escuras, a luz está ali.

“Kiss The Girl” inclusive é um dos destaques positivos, que mesmo em uma versão mais tímida e contida, traz o ‘Q’ de comédia e de musical ao filme. Existe um twist que mostra as motivações das mudanças nessa aqui e é crível e entendível, pois, a vida de Ariel precisava ficar um pouquinho mais dramática. A inédita “For The First Time” traz Ariel vivendo tudo isto pela primeira vez e traz também as cores vivas do Caribe e um drama doloroso ao filme, que com o talento de Halle e Jonan, é impossível alguém não se sentir comovido. A música inédita é um refresco.

As experiências de Ariel na terra são incríveis. Se no primeiro filme é tudo muito ritmado e rápido, aqui é justamente assim, porém com muitos mais detalhes e momentos cômicos que trazem o clima perfeito ao live action. Devo destacar que Vanessa, interpretado por Jessica Alexander, aparece por 5 minutos e é uma perfeição em quesitos artísticos. Ela aparece raivosa e maléfica em níveis astronômicos. Uma cena em específico é de arrepiar cada cabelo de seu corpo.

ariel e eric quase se beijando em kiss the girl
Reprodução/Disney

NEM TUDO É…. PERFEITO

Diga-se de passagem, alguns defeitos são técnicos demais. As roupas de Ariel são bonitas, mas, simples demais e quase sem variedade. Outro ponto é que algumas adições na história são pouco exploradas: As irmãs de Ariel estão belíssimas, mas, suas histórias e suas apresentações são bem fracas e deixa um gosto amargo na boca. Poderia ser mais, uma vez que o filme mostra que Rob Marshall soube expandir o universo de diversas maneiras.

Linguado é deixado de lado muitas vezes, ele aparece bem menos do que o primeiro, e o CGI em específico dele é muito estranho. Enquanto os de Sebastião e Sabidão são bem-feitos e bem críveis, o do simpático peixe deixa a desejar em muitos aspectos. Porém, a personalidade dele e a lealdade estão lá sem tirar nem por, e até mesmo elevado, deixando a gente querendo mais, porém, em um CGI de melhor qualidade. A Rainha Selina é uma adição pífia. Ela tem um papel similar ao de Tritão, mas, a personagem é pouco explorada, embora seja bem escrita e bem atuada.

A cena da batalha final tem coisas empolgantes e novas, mas, continua curta e é um confronto pequeno diante de quatro atores gigantes em cena. Poderia ser bem mais e bem melhor explorada. E tudo isto, mesmo sendo coisas que fazem faltam, devem ser levadas em consideração, pois, existem decisões editorais e não se pode fazer um filme com todo o material gravado. O único ponto é que alguns cortes deixam o gostinho de desejo, de ter visto o que mais daquele mundo poderia ser explorado.

Linguado
Linguado: CGI realmente foi mal executado no coitado (Reprodução/Divulgação)

ENTÃO, MERGULHE!

Por fim, tirando uma coisa aqui e ali, a Disney conseguiu estabelecer um novo nível em live-actions. De fato, da era da renascença, é o melhor e mais bem produzido. As atuações estão no ponto certo, todos os personagens estão bem atuados, mesmo aqueles que são um destaque menor ou pouco desenvolvidos. Não tem um momento do filme que você não repare que as alterações foram poucas e que todas foram muito bem estudadas. No final, o saldo é extremamente positivo por todos os lados: A beleza exuberante, as cores, as músicas e principalmente a fidelidade ao desenho com cenas feitas a rigor. As expressões dos animais era uma das minhas preocupações, mas, elas foram embora rapidamente, exceto á de Linguado que poderia ter sido muito melhor trabalhada.

Os momentos novos adicionam complexidade. Os momentos antigos refrescam com nostalgia. Ariel pode ficar em paz: Todos vão querer fazer parte do mundo dela.

A Pequena Sereia
A Pequena Sereia: Críticos especializados aclamam (Reprodução;Divulgação)

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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha