Psicólogo avalia fala de Guilherme de Pádua: “Leviano e maquiavélico”

Por - 28/07/22 às 13:50

Psicólogo avalia declaração de Guilherme de Pádua: “Leviano e maquiavélico”Reprodução/Instagram

A estreia da série documental “Pacto Brutal: O Assassinato de Daniella Perez” fez com que o assassino da atriz, o ex-ator Guilherme de Pádua, reaparecesse na mídia. Ele foi condenado a 19 anos de prisão pela morte da filha da autora de novelas Gloria Perez. Ele gravou um depoimento nas redes sociais em que recorda o crime que parou o Brasil na década de 1990, cometido por ele e sua então parceira Paula Thomaz, dizendo resumidamente que já passou noites tentando consertar o passado.

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Reprodução/Instagram

OFuxico conversou com o psicólogo Alexandre Bez, que escutou a íntegra da declaração de Guilherme de Pádua e comentou a fala dele sob o ponto de vista profissional.

“Ele tenta justificar o injustificável. O comentário de uma pessoa que nega o que fez e nega a própria estrutura mental. É importante a gente saber que condições psicológicas não se modificam. Não existe recuperação. Existe para algumas pessoas ali, uma questão de suspensão. Não é que ela é eterna ou não, não é que ela mudou, ela cometeu um crime, ela sabia o que estava fazendo”, afirmou.

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“Ele está sendo leviano, lacônico e psicologicamente maquiavélico. Como não sabe o que aconteceu, como não lembra? O trauma não foi dele, o trauma foi dela”, acrescentou.

Por meio do Instagram, Guilherme de Pádua disse: “[…] é muito ruim se ver numa situação em que você é o algoz, o criminoso e a pior pessoa do mundo. Não estou me fazendo de vítima. Mas é óbvio que não é nada agradável esse remoer de coisas ruins. Já passei noites e noites tentando pensar em uma forma de consertar o passado, mas não tem como consertar o passado […]”.

Para o psicólogo Alexandre Bez, Guilherme de Pádua está sendo “falso”. Ele reafirma que o ex ator foi “perverso e sádico”, pois sabia exatamente o que estava fazendo. “Hoje a psiquiatria já mostrou que não só os psicopatas matam, mas as pessoas também matam sem ser psicopatas, matam conscientemente”, disse.

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Na declaração, o ex-ator disse que tem procurado levar uma vida mais discreta possível, tentando dar um bom testemunho “como nós dizemos na igreja”. Após cumprir a pena, de Pádua se tornou pastor em uma igreja evangélica. “Muitos bandidos recorrem à igreja, recorrem à versão religiosa como uma leviana e pseudo justificativa. Isso não muda. Caráter não se muda, personalidade não se muda. Pode ter pausa? Pode. Essa pausa pode ser por uma década, por um mês, mas o estado maléfico dele fica”, declarou o psicólogo.

No dia 28 de dezembro de 1992, o corpo da atriz Daniella Perez foi encontrado em um matagal, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, perfurado com 18 golpes de punhal. “Quando você dá diversas e diversas facadas, significa um ódio muito grande, de uma perversidade sexual muito grande, um ímpeto muito grande. Crime de faca é diferente de crime de revólver. A organização mental no sentido criminal indica mais a psicopatia do que a maldade. Que foi um crime totalmente intencional”, afirmou o psicólogo.

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“Tem mais ou menos dois anos que eu estou fora das redes sociais. Eu tenho procurado levar a vida mais discreta possível, tentando dar um bom exemplo, tentando dar um bom testemunho, como nós dizemos na igreja. O que eu posso fazer agora é tentar fazer o melhor possível daqui para frente. Mas, eu voltei para a mídia depois de 30 anos. Faz 30 anos que o crime ocorreu. Eu tinha 23 anos na época, hoje eu tenho quase 53 anos. E eu procurei nesses últimos 10, 15 anos, tentar pensar o mínimo possíveI nessa situação toda. Imagina, você ficar sempre relembrando uma coisa do seu passado da qual você se envergonha, da qual você faz ter sentimentos ruins, remorso, culpa, enfim, isso não é um bom exercício. Mas agora tem essa série aí da HBO. Eu assisti a série […] inicialmente eu não queria assistir, estava relutante, porque é muito ruim se ver numa situação em que você é o algoz, o criminoso e a pior pessoa do mundo. Não estou me fazendo de vítima, mas é óbvio que não é nada agradável esse remoer de coisas ruins. Já passei noites e noites tentando pensar numa forma de consertar, mas não tem como consertar o passado. Você vai assistir a uma série totalmente parcial. Só do que eu me lembro de cabeça, consigo quebrar de forma tão devastadora algumas teses que estão sendo apresentadas. Talvez eu vá trazer algumas coisas. Não é para dizer: ‘Acredite na minha versão’. É para você mesmo pensar se isso faz sentido

Com direção de Tatiana Issa e Guto Barra, que também assina o roteiro, a produção da HBO Max Original conta com cinco episódios e reconstitui com detalhes os fatos e o julgamento do caso que impactou o Brasil no início dos anos 1990.

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Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.