Anderson Di Rizzi em peça sobre Kafka: ‘Levar história e cultura’

O escritor Franz Kafka (1883-1924) é um dos grandes nomes da literatura universal. Grande parte da sua obra veio a público após a sua morte. E isso só foi possível graças a um outro escritor: Max Brod (1884-1968). Foi a ele que Kafka confiou seus escritos numa demonstração de confiança.

Essa amizade entre os dois escritores é a inspiração de “Um beijo em Franz Kafka”, dramaturgia assinada por Sérgio Roveri e com direção de Eduardo Figueiredo, em que Kafka e Brod são vividos, respectivamente, por Maurício Machado e Anderson Di Rizzi, com a participação do ator/bailarino, Thiago Pach, e música ao vivo interpretada por Ricardo Pesce no acordeon e piano, que faz referências criativas à obra de Kafka.

A temporada está curtíssima temporada, de 06 a 09 de outubro no Teatro J. Safra, em São Paulo, com ingressos a partir de R$ 40, e você pode adquirir sua entrada clicando AQUI! A exibição ocorre às 21h de quinta a sábado e às 20h de domingo, com duração de 70 minutos e classificação indicativa de 12 anos.

MERGULHO PARA O PAPEL

Em entrevista ao OFuxico, Anderson de Rizzi comentou sobre o projeto, detalhando como mergulho no papel: “Quando o Eduardo me convidou para trabalhar com ele pela primeira vez, era uma comédia, e eu já tinha uns três convites do gênero”.

“Então avisei a ele que queria fazer algo diferente, e que era fã do trabalho dele, e pedi que ele me desse um toque caso tivesse um personagem mais denso. Dois meses depois ele me passou o papel do Max em ‘Kafka’, e fiquei muito feliz, pois amo Kafka”, revelou.

“Na faculdade eu tinha lido ‘Castelo’ e ‘A Metamorfose’, mas nunc ame aprofundei nas obras dele como durante os ensaios para a peça, e percebi que era bem mais profundo do que eu imaginava. Ele era um gênio, tem algo muito peculiar no jeito que ele escreve que me soava uma superficialidade, mas ele é um gênio mesmo”, explicou ele

“Me sinto muito feliz, é um projeto que gosto muito de fazer, é como uma terapia para mim. Maurício Machado é um parceiro incrível, quatro anos trabalhando juntos e a gente nunca brigou ou discutiu, nos damos muito bem. Falei até essa semana para eles: ‘Vocês não sabem como é bom estar de volta com esse espetáculo’”, afirmou.

“É ainda um projeto que incentiva a cultura, incentiva as pessoas a lerem sobre Kafka, sai do espetáculo com vontade de buscar mais sobre ele. A peça cita várias obras dele, e é um público muito variado, isso é bem bacana”, garantiu o astro.

EXPOR A AMIZADE

Kafka publicou em vida poucos de seus contos. Alguns deles foram “O veredito”, em 1913, e “A metamorfose” (que viria a tornar-se sua mais célebre obra), em 1915. Quando confiou seus escritos a Max Brod, Kafka fez a ele um pedido: que tudo fosse destruído. Tal incumbência foi expressamente feita numa carta endereçada a Brod – uma das muitas que o autor gostava de destinar ao amigo. Felizmente, ele não seguiu o pedido, publicando a sobras do parceiro.

Anderson ficou vidrado nesse caso: “A peça é inspirada em um fato real, e o Sérgio Roberi escreveu muito bem o texto. É uma peça que fala de amizade e generosidade do Max em reconhecer o talento do Kafka e publicar as obras dele”.

“A gente conhece as obras do Kafka graças ao Max, que poderia ter rasurado e dito que ele quem escreveu, mas pelo contrário, ele publica e deixa essa imagem que temos do Kafka. O objetivo do Edu era mostrar isso, a relação entre esses dois amigos, de intimidade”, contou.

“Poucas pessoas sabem quem é o Max, eu e o Maurício não sabíamos por exemplo, e olha o que está por trás da história do Kafka. Levar uma peça desse nível, cheia de cultura e história, é muito gratificante. Eu e o Maurício, sempre antes de apresentar a peça, a gente pede licença ao Max e o Kafka para contar a história deles com muito amor, amor pela arte”, disse Rizzi.

VERSATILIDADE NA CARREIRA

Por conta de seu papel de Márcio em “A Dona do Pedaço”, Anderson foi indicado a melhor ator coadjuvante no Prêmio Nacional Cenym, da Academia de Artes no Teatro do Brasil, algo que trouxe mais vigor em sua carreira:

“Se indicado a um prêmio é muito gostoso, você vê seu trabalho sendo reconhecido. Eu pessoalmente, em todas as novelas que fiz, fui indicado a prêmios e ganhei alguns, principalmente quando fiz o palhaço junto com a Tatá. É uma sensação boa de dever cumprido, descreveu”.

“Não me torna um ator melhor que ninguém, apenas naquele momento, naquele trabalho, me destaquei mais, é assim que vejo um prêmio. Um reconhecimento, mas pés no chão, com críticas, com elogios, a gente segue caminhando”, pontuou.

Sobre qual formato mais gosta de atuar, ele garantiu: “Gosto de bons personagens, de ser desafiado, da complexidade, seja na comédia, drama ou afins. Gosto de teatro, novela, cinema… tem um filme, ‘O Segundo Homem’, que fiz o protagonista, que foi ao Festival de Los Angeles, na qual atuo como um soldado que vai para a guerra, na legião estrangeira”

“Aos poucos estou tendo a oportunidade de estar mostrando minha versatilidade como artista. Faço comédia, aí atuo como soldado em um filme, faço uma peça de teatro contando uma história de mais de cem anos atrás com um ator importante. É isso, muito grato por tudo”, concluiu Anderson di Rizzi.

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