Saiba quais são os desafios de Charles III à frente do trono
Por Raphael Araujo - 09/09/22 às 16:05
A morte de Rainha Elizabeth II na quinta-feira, 08 de setembro, além pegar todos de surpresa por ocorrer de maneira inesperada, gerou toda uma comoção internacional e trouxe desafios para o próprio Reino Unido, que se encontra em um momento de reorganização governamental.
Em entrevista ao OFuxico, Kleber Galerani, Docente dos Cursos de Direito da UNIFRAN e mestre em Relações Internacionais, explicou os principais impactos da morte da monarca dentro e fora da Inglaterra.
“O principal impacto da morte da Rainha Elizabeth é a transição do trono. O grande desafio do Rei Charles III é dar continuidade ao trabalho da sua mãe Elizabeth em um contexto interno, internacional bastante complexo, em que a Rainha era a personificação da monarquia e Chefe de Estado de 14 países como Austrália, Canadá, Jamaica, do próprio Reino Unido e de ser a líder da comunidade de nações”, ressaltou ele.
“Ao longo destes 70 anos de reinado, ela conseguiu dar fôlego ao regime monárquico em um cenário internacional em que a grande maioria dos países tornou-se república. A monarquia nas mãos de Elizabeth representava a estabilidade, a continuidade, dois fatores importantíssimos para a política e economia”, explicou.
Kleber continuou: “Atualmente, a Inglaterra passa por um contexto de pressões inflacionárias em virtude do aumento do preço de energia, dos alimentos, o que tem acarretado também na queda da cotação da libra esterlina. Observa-se que Charles tem um perfil menos carismático do que o de Elizabeth, reflexo em particular do período em que o Rei se divorciou da princesa Diana”.
“Desse modo, a manutenção da unidade da influência política e cultural do Reino Unido depende muito da forma como Charles conduzirá o reinado e o contexto atual é desafiador e complexo”, garantiu.
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MUDANÇAS NA INGLATERRA
Questionado sobre o que pode mudar na Inglaterra com o falecimento de Elizabeth II, Kleber Galerani pontuou: “No que se refere ao exercício de pensar algumas mudanças que poderiam advir com a morte da Elizabeth II, nós percebemos que o Rei Charles tem um perfil muito próximo ao da sua mãe”.
“A exceção na questão climática que é um tema muito afeto ao Rei, nos demais temas a até nos últimos tempos ele vinha acompanhando a sua mãe e ao longo de toda vida veio sendo preparado para este momento, que veio tarde, já que ele tem 73 anos de idade”, revelou.
“Há mudanças diretas que são, a alteração no hino ‘God save the Queen’ ou ‘Deus salve a Rainha’ por ‘God save the King’ ou ‘Deus salve o Rei’. Há também uma mudança relativa à moeda, em que nas cédulas e nos selos a Casa da Moeda para uma transição nas faces e aos poucos eles serão substituídos e quando pensamos num contexto internacional mais amplo, talvez o grande impacto seja alguma transição de alguns países do regime monárquico para republicano caso Charles não conseguia manter a unidade com a mesma força da sua mãe”, afirmou o profissional.
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PRINCIPAL RESPONSABILIDADE DE CHARLES
Em relação ao gora Rei Charles, o mestre em Relações Públicas reforçou quais os maiores desafios dele em assumir o trono da mãe: “A principal responsabilidade de Charles nesse momento em que ele assume o trono com 73 anos de idade é dar continuidade ao trabalho de sua mãe”.
“Certo é que a Rainha Elizabeth passou por períodos bastante conturbados ao longo de sua vida, mas manteve uma continuidade e uma forma de conduzir a monarquia que inspirou grande confiança e credibilidade, não só do povo inglês como de todo o mundo”, lembrou ele.
“Passou ela antes mesmo de ser coroada Rainha em 1952 pela Segunda Guerra Mundial, também enfrentou o período da Guerra Fria chegando também ao contexto neoliberal e em particular algumas crises agudas como o caso da morte da princesa Diana”, analisou o professor.
“Em todos esses momentos, ela manteve um grau de continuidade trazendo estabilidade para o país e personificando a própria monarquia e agora Charles precisa inspirar esta mesma confiança, mas alguns aspectos relacionados ao período em que ele se divorciou da princesa Diana fez com que a sua imagem estivesse um pouco abalada”, disse.
“Certo é que não haverá grandes mudanças e a principal responsabilidade é conduzir o Reino Unido nesse período de incertezas que vivemos no pós-pandemia”, concluiu Kleber Galerani.
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.