Mateus Solano sobre a reestreia de ‘O Mistério de Irma Vap’: ‘Muito emocionante’
Por Redação - 16/02/22 às 14:48
Recentemente, a peça de comédia “O Mistério de Irma Vap” teve sua reestreia no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. A exibição havia sido interrompida por conta da pandemia do novo coronavírus.
A história é protagonizada por Mateus Solano e Luís Miranda, que se revezam entre vários personagens em cena. “Foi muito emocionante reestrear Irma Vap dois anos depois da interrupção por conta da pandemia. A peça começa com as cortinas fechadas, eu e Luís Miranda entramos no palco, retiramos as máscaras, nos olhamos, nos abraçamos e olhamos para a plateia. Nesse momento, houve um aplauso sob gritos de ‘Viva a ciência! Viva a vida!’. Foi muito bonito”, disse Mateus em uma entrevista para o OFuxico.
Luís Miranda também comentou sobre a reestreia tão aguardada do espetáculo. “Voltar aos palcos é uma sensação de agradecimento, é agradecer a Deus por ter passado por essa pandemia. Nós que perdemos muitos amigos, eu perdi parentes, perdi três primas em Manaus… então para nós é uma sensação de agradecer a Deus, agradecer ao universo por a gente conseguir estar de volta e pisar em um palco novamente, principalmente com um espetáculo desse, onde a gente se propõe a fazer uma releitura do Irma Vap, trazendo para a peça assuntos do cotidiano, como preconceitos, racismo, essa questão do negacionismo, enfim, vários temas que a gente joga ali para trazer um pouco de luz para essas questões tão sombrias. Então, a sensação que fica, primeiramente, é de agradecimento”.
A trama original se passa em um lugar remoto da Inglaterra e conta a história de Lady Enid, a nova esposa do excêntrico Lord Edgar. Ela tem que se adaptar a viver em uma mansão mal-assombrada pelo fantasma da primeira esposa de seu marido, Irma Vap – lugar onde o filho do casal foi morto por um lobisomem. Na casa, há uma governanta que assume a posição de rival da recém-chegada. Para retomar o amor de seu marido, Lady Enid come o pão que o diabo amassou e pratica peripécias divertidas. Apesar da comédia, a peça também retrata diversos assuntos importantes.
“Eu acho que o humor é transgressor, e fazer humor nesse momento de negacionismo, nesse governo tão contra a cultura, nesse governo que desaparelhou e tenta desestabilizar a cultura do país, um governo que está nos perseguindo porque tem medo do poder que a cultura tem. E o humor tem isso, o humor faz com que as coisas sejam entendidas de maneiras sutis, leves. Quando você percebeu, você está fazendo a reflexão”, afirmou Luís.
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Diferente da história original, a versão é situada em um trem fantasma de um parque de diversões macabro. O diretor Jorge Farjalla contou para o OFuxico que se inspirou em alguns filmes de terror para fazer a montagem.
“Sim, me inspirei em vários. O principal, que foi a linha de raciocínio de Charles Ludlam, que foi quem criou a peça, é Rebecca, de Hitchcock. Essa é a espinha dorsal da trama, do mistério de Irma Vap. Mas, para além disso, claro [me inspirei em] vários filmes de terror dos anos 80, entre eles ‘A Morte do Demônio’, e principalmente ‘Pague Para Entrar e Reze Para Sair’, porque eu queria trazer algo de pop para dentro do espetáculo, para dentro do texto. Eu queria atualizar um pouco essa brincadeira com os filmes de terror”, disse ele.
Apenas os dois atores se revezam entre todos os personagens e as trocas de roupa são feitas diante do público. “O Mistério de Irma Vap é conhecida justamente por suas rápidas trocas de roupa que, normalmente, acontecem sem que o público veja. Mas, na nossa montagem, trazemos os camareiros para a cena como personagens e eles nos trocam na frente de todo mundo. É um processo que acontece como um balé coreografado e se há algum movimento errado perdemos uma fração de segundos que pode ser preciosa. Mas há sempre a possibilidade do improviso para nos salvar no teatro”, disse Mateus.
Complementando a resposta do amigo, Luís contou que fazer as trocas diante do público foi uma ideia do diretor. “O Farjalla optou por a gente não ter muito figurino, mas trocar esse figurino o tempo inteiro. Então são milhares de troca de figurino em muito pouco tempo. O figurino foi todo maquinado para que a gente possa trocá-lo rápido e ele fique impecável. Então, eu acho que isso é um trabalho que exige muito do nosso físico e da nossa atenção, mas também deixa o público muito encantando. Porque muitas trocas a gente faz na frente do público, em uma forma até de homenagear o teatro, homenagear a magia que o teatro propõe cada vez que a gente pisa no palco”.
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PROTOCOLOS DE SEGURANÇA
Apesar do avanço da vacinação, ainda estamos convivendo com a pandemia do novo coronavírus e o teatro exige comprovante de vacina para assistir ao espetáculo, protocolo mais do que aprovado pelos atores.
“É evidente que, como profissionais que aglomeram pessoas em espaços fechados, achamos que o comprovante de vacinação e o uso de máscara durante todo o espetáculo é o mínimo do mínimo que se pode fazer para que o teatro possa acontecer em tempos como estes”, opinou Mateus.
Já Luís afirmou que não deseja pessoas não vacinadas do teatro. “A gente faz teste toda semana para fazer a peça, a gente exige o comprovante de vacina e eu acho que é a garantia mínima que o teatro pode pedir, porque para nós não interessa trazer gente que não acredita na ciência, não acredita na cura e não se preocupa com o outro. O teatro se preocupa com o outro, o teatro é arte feita para o outro, para o ser humano, refletindo o ser humano, querendo o melhor do ser humano. Então, não teria sentido a gente não exigir isso. Eu sou completamente a favor disso tudo. Sou a favor que a gente se vacine, que as crianças se vacinem, então a gente tem um consenso lá que é muito igual”.
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VERSÃO ANTIGA
A primeira e icônica montagem brasileira do texto, com direção da saudosa atriz Marília Pêra e atuação de Ney Latorraca e Marco Nanini, estreou em 1986 e ficou em cartaz durante 11 anos consecutivos. Luís Miranda afirmou que tentou não ter nenhuma referência da versão anterior da peça.
“É aquela velha história: quem tem medo não sai de casa. Então, a gente quando começou a fazer a montagem, procurou não ter nenhuma referência das montagens anteriores, até mesmo para a gente se salvaguardar de qualquer tipo de influência. A gente procurou criar um espetáculo que fosse a nossa cara, que também refletisse os tempos que a gente está vivendo. Os tempos do Ney e do Nanini foram outros. O espetáculo que a gente leva é uma grande homenagem, inclusive ao Nanini e todos os artistas de teatro, é um espetáculo barroco, e mostra como é grandioso a arte do ator e não só dele, mas do cenógrafo, dos camareiros… a gente trouxe quatro atores para serem nossos monstrinhos camareiros, ressaltando a importância da coxia e também a revelando. É uma honra poder fazer uma peça eternizada por Nanini e por Ney. É um orgulho”.
Já o diretor afirmou que tentou fazer uma versão bem diferente da dirigida por Marília Pêra. “No meu caso, a minha versão saiu completamente da esfera do que é feito com ‘O Mistério de Irma Vap’, que é um texto montado no mundo inteiro. Se você for no Youtube, vai encontrar várias versões, mas todas com a identidade da casa dos Mandapicos, a minha é a única que rompe essa barreira. Eu tentei sair ao máximo da versão dirigida pela Marília Pêra”.
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SERVIÇO:
A peça fica em cartaz até o dia 6 de março.
Quintas, sextas e sábados, 20:30h. Domingos, 17h
Local: Teatro Sergio Cardoso / Rua Rui Barbosa 153 – Bela Vista – São Paulo
Gênero: Comédia.
Duração: 100 minutos.
Valores: De R$ 90 a R$ 150
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