Turnê Jota Quest: ‘A gente só queria fazer um disco. 25 anos depois…’

Por - 03/03/23

Jota Quest 25 anosFoto: Reprodução Instagram @jotaquest/Divulgação/Maurício Nahas

Neste sábado, 04 de março, o Jota Quest volta a pôr o pé na estrada com a turnê “Jota 25 – De Volta ao Novo”, no Espaço Unimed, em São Paulo. Os meninos estão comemorando os 25 anos da banda que começou lá em 1993 e compôs músicas que jamais saíram da cabeça de quem já passou dos 40 anos. Mais que isso, a moçada hoje em dia também curte as canções dançantes, as que falam de amor e têm letras tão atuais.

A Banda traz Rogério Flausino (vocal), Márcio Buzelin (teclados), Marco Túlio (guitarra) PJ (baixo) e Paulinho Fonseca (bateria). OFuxico conversou com dois integrantes do grupo, Rogério Flausino e Márcio Buzelin, que falaram desses 25 anos de estrada, contaram curiosidades de composições como “O Vento” e também das novidades que estão chegando ainda este ano.

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Flausino mandou um recadinho, antes de começar nossa entrevista.

Ouça abaixo:

OFuxico perguntou sobre o sucesso do EP lançado no ano passado, que ficou no topo das paradas de sucesso. Rogério Flausino contou:

Rogério Flausino – O EP mais recente que o Jota Quest lançou foi em maio de 2022, a canção que se chama “Te Ver Superar”, com a participação especial do Dilsinho queridaço, tremendo de um artista, um tremendo de um cantor um querido amigo. E a música foi o quarto single da sequência. Nossa ideia era ter lançado um álbum em 2020, mas veio a pandemia, a gente ficou esperando passar, não passava nunca e tal, nós lançamos a primeira música em 2020, que era “A Voz do Coração”, lançamos a segunda música que é “Guerra e Paz” ainda em 2020. Aí em 2021 lançamos um outro single, chamado “Imprevisível” e ficamos esperando a pandemia acabar de novo, para poder vir com o disco. Acabou não acontecendo, esperamos o ano virar e aí veio o quarto single, “Te Ver Superar”. Todos esses singles foram muito bem na rádio, mas principalmente com “Imprevisível” e “Te Ver Superar”, os dois últimos, realmente ficamos praticamente todo o período, coisa de 6 meses, 7 meses, no top 10 do Pop Nacional nas rádios do Brasil. Isso é uma coisa muito bacana para uma banda de tanto tempo, acontecendo principalmente com essa efervescência da nova música pop brasileira, que se fundiu com um monte de coisa.

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Nós somos da família do Pop Rock. Ao longo dos anos 90 e parte de 2000 a gente estava ali, muitas bandas, muitos artistas, muita coisa e depois uma nova geração foi chegando, misturando a música Pop com diversos outros segmentos, como o sertanejo, o funk aqui do Rio de Janeiro, o forró com as coisas que são do Brasil e uma banda de Pop Rock que continua figurando por ali é uma coisa muito legal. Claro que a gente precisa dividir isso com os nossos fãs, que estão ali ajudando a gente o tempo todo; com as rádios de todo o Brasil onde a gente gosta muito de estar e trabalha muito com a parceria deles. Isso é muito importante né, além, obviamente, do mundo digital que é hoje o que comanda tudo. Então, nossa gravadora é a mesma desde o início, a Sony Music e é um trabalho conjunto de banda, gravadora, rádios, veículos de comunicação e nossos fãs. E aí, a gente está muito feliz com tudo isso.

OFuxico – Lançamentos: o que a gente pode esperar?

Rogério Flausino – Preciso falar duas coisas a respeito dos lançamentos do Jota. Primeiro é sobre um disco de inéditas, tá? Esses quatro singles que nós lançamos, eles fariam parte de um novo álbum, que viria em 2020, 2021, 2022 e acabou que agora a gente tomou a decisão de começar tudo do zero: a gente retomou os trabalhos de estúdio com o Rick Bonadio, como produtor, estivemos com ele em janeiro e fevereiro, já temos 12 músicas e será o novo álbum do Jota Quest. Será nosso décimo álbum de estúdio, ele está sendo programado para ser lançado ainda nesse semestre. Um álbum totalmente novo, com canções totalmente inéditas. Nós deixamos esse singles para lá e resolvemos retomar o álbum do zero. Claro que algumas canções já estavam prontas, outras a gente tá fazendo agora. Estamos trabalhando com o Rick, o astral tá maravilhoso. Nossa ideia é lançar um single até maio, puxando esse álbum novo, totalmente de inéditas.

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AUDIOVISUAL

OFuxico – Tem a promessa de um audiovisual, não é?

Rogério Flausino – O registro audiovisual, nós realmente iremos lançar esse registro. Nós chegamos a gravar alguns shows da primeira etapa da turnê Jota25, que começou em julho do ano passado e a gente rodou o Brasil todo. A turnê é um grande sucesso, graças a Deus. Então nós entendemos que a gente poderia fazer mais uma rodada disso; essa rodada começa agora em São Paulo, neste sábado, dia 04. Depois faremos Salvador em abril, depois vamos para o Rio de Janeiro em maio depois teremos Curitiba, Belém que a gente ainda não foi e no dia 17 de junho, um sábado, nós registraremos então a turnê Jota25 num grande show, no estádio Beira Rio, em Porto Alegre. Aí sim faremos o registro. Será a primeira vez que Jota Quest se apresenta num estádio sozinho, para celebrar esses 25 anos.

OFuxico – E por quê Porto Alegre, já que a banda é toda mineira?

Rogério Flausino – Porque apesar de ser uma banda mineira e tudo mais, o primeiro lugar onde o Jota Quest bombou, e ainda éramos o J.Quest, foi no Rio grande do Sul. E no segundo momento, em Santa Catarina. O sucesso todo que aconteceu com a banda lá foi uma coisa muito impressionante para época: nós éramos uma banda de bar, de boteco, de festa de faculdade da cidade de Belo Horizonte. Tivemos a oportunidade de abrir alguns shows do Skank. No finalzinho de 96/97 a gente foi convidado para ir para o Rio grande do Sul. Chegamos, lá a banda estava bombando, o CD tocava nas rádios o dia inteiro, a gente foi a banda do verão 96/97. E aí ficamos ao longo dos anos de 97/98/ 99 e até 2000, como uma banda muito, muito famosa no Rio Grande do Sul. Vendíamos muitos álbuns por lá, fizemos muitas coisas, tocamos em grandes festivais, como o “Planeta Atlântida” e por essa história toda e pela nossa nova parceria com a galera da Opus Entretenimento, muito famosa no Rio grande do Sul, uma grande empresa de entretenimento e que é de lá, mas hoje atua por todo o Brasil, a gente bateu uma bola e falou “vamos fazer isso aqui no Rio Grande do Sul?”. E vai ser uma grande festa. Se tem um lugar onde a gente gostaria de fazer, além de BH, esse lugar é Porto Alegre. Então, nós fomos lá agora recentemente no estádio, fizemos imagens lindas, gravamos, já lançamos os ingressos que já estão à venda e no dia 17 de junho, então, é a gravação do DVD “Jota Quest 25 Anos”, no Beira Rio.

OFuxico – Só 25 anos ou tem mais?

Rogério Flausino – A nossa turnê se chama “Jota Quest 25 Anos de Volta ao Novo”. Aí, muita gente diz: ‘vem cá, mas não é 25, é muito mais que 25″. Realmente, nós estaríamos celebrando nesse ano de 2023, 30 anos do nosso primeiro ensaio. Estamos celebrando. Mas a gente sempre teve duas festas de aniversário: a dos primeiros ensaios, quando a banda era embrionária, mais a data de 1996, que é o lançamento do nosso primeiro disco. Então, no ano de 2020 e 2021, que era para quando a turnê foi programada, estávamos celebrando os 25 anos desse primeiro álbum.

Com a pandemia, com o atraso de tudo, a gente acabou só conseguindo começar em 2022. Mantivemos o número 25, porque tudo foi preparado para 25. Olha, 5 vezes 5 são 25; o lance dos pentágonos, que são figuras presentes nos shows, tem muito na parte visual do show, tem um palco em formato de pentágono lá na frente, então a gente resolveu manter o lance dos 25. Mas são 27 anos do lançamento do primeiro disco e já podemos falar de 30 anos dos primeiros ensaios, que começaram no finalzinho do ano de 1993. Ali, a gente estava começando a fazer uns ensaios, fizemos uma demo, depois começamos a tocar nos botecos. Então, nós vamos ter que chamar o matemático Oswald de Souza (risos) para poder definir exatamente quantos anos têm essa banda, no final das contas.

MOMENTOS MARCANTES

OFuxico – Você consegue separar pra gente dois momentos marcantes desses 25 anos de estrada?

Rogério Flausino – Meus Deus, dois momentos marcantes da banda. São muitas emoções, como diria Roberto Carlos (risos). Olha a nossa chegada no meio, como eu disse agora pouco, no Rio Grande do Sul, foi um negócio muito marcante para banda porque a gente estava saindo de BH dos botecos e tal, das festas de estudante, era uma banda muito nova, muito pequena, aí a gente lançou o primeiro disco pela Sony Music em 1996, finalzinho ali e não aconteceu muita coisa. Tinha uma música tocando na MTV, acho que era “As dores do Mundo”, tinha um negocinho ali, outro aqui, abrimos os shows do Skank, mas não estava acontecendo muita coisa. Foi um tempo de muita expectativa, muita ansiedade; a gente passava perrengue para caramba.

Em 1997, a gente recebeu o convite para ir fazer uns shows e a gente não tinha a menor ideia do que nos aguardava. O fato é que a gente chegou lá, a banda estava bombada, tocando nas rádio direto e a gente ficou rodando a capital e o interior do Rio Grande do Sul e Santa Catarina ao longo dos meses todos, fazendo shows em todos os lugares, uma loucura. E aí fomos convidados para fazer o “Planeta Atlântida”, no verão de 98 já, na virada ali e aí foi a primeira vez que a gente se encontrou com os grandes nomes da música brasileira, naquele festival enorme, dois dias de festa, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Aí, aquele momento, todo aquela banda nova chegando, cantando e as pessoas todas cantando as músicas, porque eles estavam ouvindo muito aquilo no rádio, chamou atenção do meio todo, porque o “Planeta Atlântida”, desde aquela época, já era um dos maiores festivais do Brasil. Todo mundo viu aquilo, começou a perguntar “quem são os caras, quem são esses moleques?”, “São de Minas, abriram o show do Skank”, aí começou a ligar os pontos: “ah, é daquela música que tá tocando”. Aí lançamos “Encontrar Alguém” e “Ônibusfobia”, que foi o nosso primeiro clipe a entrar no top 10 da MTV. Então, esse momento, essa chegada, isso foi um negócio muito incrível. Não é à toa que a gente tá fazendo esse DVD de 25 anos lá com eles, porque nós ganhamos um disco de ouro naquela ocasião e 70% dos álbuns tinha sido vendidos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Então isso eu acho que é um bom momento.

Um segundo momento que eu quero destacar aqui é um momento que está fazendo exatamente 20 anos: no dia 1º de maio do ano de 2003 – nós estamos em 2023 – naquele ano foi a gravação do nosso primeiro DVD. Nós não tínhamos, até então, um DVD. Nós já tínhamos ali quatro álbuns lançados, “Jota Quest 96”, “De Volta ao Planeta” em 1998, o “Oxigênio” em 2000, que foi um disco controverso para caramba, na época a banda estava muito bombada, várias histórias, mas é desse álbum que tem “Dias Melhores”, por exemplo tem “Carta de Amor”, entre outras coisas.

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Um quarto disco (Discotecagem Pop Variada) com “Na Moral”, “Só Hoje”, “Mais Uma Vez” e esse disco estava ali, no meio do caminho, porque tinha alguma coisa, precisava acontecer para aquilo realmente ganhar um grande público. No comecinho de 2003, para gravar o nosso primeiro DVD que é o “MTV ao Vivo – Jota Quest”, na Praça do Papa , foi gravado em Belo Horizonte, na nossa cidade natal, aos pés da nossa querida Serra do Curral. Foram duas noites de a gente achou que ia dar umas cinco mil pessoas e deu 50 mil pessoas por noite. Começava no pôr do sol, um negócio fantástico e esse álbum que está celebrando 20 anos, que é o nosso “Ao vivo MTV”, CD e DVD, atingiu a marca de 1,5 milhão de cópias. Nossa maior marca de venda de álbum da história da banda. Uma coisa maravilhosa que aconteceu na nossa vida. Por isso, vamos gravar esse novo DVD de 25 anos numa situação inédita pra gente, que é tocar num estádio de futebol. Então, ficam aqui esses dois registros.

Ainda completando o lance do desse do DVD “MTV ao Vivo”, as duas canções que estavam nesse disco que é “Amor Maior” e “Do seu Lado” foram dois dos nossos maiores sucessos da carreira, que a gente carrega com o maior carinho e eles estão ali, as versões originais dessas músicas são as versões tiradas desse DVD. E isso é uma coisa muito bacana.

RELACIONAMENTO

OFuxico – São 5 homens, tocando, compondo, convivendo na vida e nos palcos. Rolam discussões? Porque isso é, na verdade, um “casamento” entre vocês cinco, não é?

Foto dos cinco integrantes do Jota Quest
Foto: Reprodução Instagram @jotaquest

Rogério Flausino – Essa relação é realmente, cara, um casamento de 5 caras que se uniram por um sonho e a gente tá vivendo isso tudo junto, há quase 30 anos e tal. E aí eu acho que na verdade é até mais, porque a música começou para todos nós muito antes disso, a gente começou a cantar, todo mundo molecote, e tal, anos 80 ali montando suas primeiras bandas. E aí, 10 anos depois o destino uniu a gente, então eu acho que o grande barato dessa história é que quando a coisa dá certo, a gente precisa dar uma olhada com mais carinho ainda pra tudo isso, pra que isso dure. É como um jardim que você tem que estar sempre regando, sempre cuidando dele, tratar isso como uma coisa que precisa ser cuidada né? Então, é óbvio que a gente discorda, que a gente discute, agora que nós estamos ficando mais velhos, as manias de cada um, elas vão só aumentando (risos). Mas é uma coisa óbvia também, que por conta da experiência, por causa do equilíbrio da gente, da maturidade, essa talvez seja a palavra que você consegue com muito mais facilidade se organizar no meio dessa bagunça.

Então não é “fácil extremamente fácil” (risos), mas também não é impossível sacou? Assim, você sabe que o seu colega é bom nisso, não é bom naquilo, então deixa que o fulano faz isso, deixa que o beltrano faz aquilo, ou não deixa ciclano fazer aquilo porque ele não gosta, porque ele não tá afim, porque não é o jeito dele… Então óbvio que é preciso, quanto mais tempo vai passando, que a gente saiba se organizar dentro disso tudo. A gente já sabe o que funciona, o que dá resultado, até onde a gente pode ir com cada um de nós. A gente se conhece muito; a gente se conhece profundamente, então, para o Jota Quest, eu acho que é deixar as individualidades em segundo plano, em detrimento ao primeiro plano que é o Jota Quest, essa banda, essa história que a gente construiu junto.

É uma banda que se reúne pra fazer música e depois vai cantar para o povo na rua. Isso é uma coisa linda, então a gente precisa deixar a individualidade de lado e eu acho que todo mundo da banda já entendeu, já aprendeu muito sobre isso sabe? E é por isso que a gente tá aí firme e forte, cheio de planos, fazendo essa turnê de 25 anos, lançando um disco de inéditas, que é o que a gente sabe fazer. A banda, ela existe para isso, para fazer canções, cantar e alegrar as pessoas e curtir. Isso é muito legal, você ter uma banda de Rock. Sempre quis isso desde criança, e a gente tem, então vamos cuidar dela, não tem que acabar, muito pelo contrário, olha aí os Stones celebrando 60 anos de idade!

O VENTO

OFuxico – A música “O Vento”, que amo e vou pra outra dimensão com ela e muita gente acontece isso: Ela sempre está nos shows da banda?

Rogério Flausino – “O Vento” é uma música realmente muito linda. Eu tenho o maior orgulho dessa, música porque você pensa só: ela foi lançada no nosso segundo disco (De Volta ao Planeta). A gente, uma banda Black que gostava desse lado dançante, aquela coisa toda e aí veio o nosso segundo disco e, de repente, tinha lá essa música que era uma música de piano, voz e cordas. Quando ela foi lançada – e ela veio depois de “Fácil”-, ela, o quarto single do álbum, essa música explodiu de um jeito nas rádios! E isso surpreendeu a todos, não imaginava que fosse acontecer isso. Então, tenho muito orgulho de “O Vento”, essa música do Márcio (Buzelin) linda. E vou te falar uma coisa: a gente não toca “O Vento” em todos os shows sabia? Ela é uma música muito linda e a gente realmente deveria tocar em todos os shows. Mas a gente não toca em todos.

OFuxico – Por quê?

Rogério Flausino – Porque é aquele momento piano e voz que a banda toda sai do palco. Não é todo show que tocamos e eu digo isso porque às vezes o show é mais curto, às vezes é um lugar que você não tem tanto tempo, ou um festival, por exemplo, que você só tem uma hora pra tocar. Mas no show Jota25, que é um show grande, mais de duas horas e meia espetáculo, ela é um ponto lindo da apresentação, porque é a hora que tudo para pra gente poder se emocionar com ela.

OFuxico – Aproveitando então, vou falar com você, Márcio Buzelin, sobre a música que você compôs. Como foi, o que estava acontecendo no dia que compôs, que sentimentos estavam envolvidos no momento da criação, da harmonia, de tudo que envolve esta música? Ela foi criada para alguém em específico?

Márcio Buzelin, nos teclados do Jota Quest
Foto: Reprodução Instagram @jotaquest

Márcio Buzelin – Olha, Ará, “O Vento“ eu fiz tudo de uma vez. Veio enquanto eu estava no banho (risos). A água do chuveiro devia estar boa naquele dia. Estava envolvido emocionalmente demais com a menina que veio, futuramente, ser a mãe da minha filha. E a banda estava acontecendo como eu sonhava tanto. Acho que foi uma combinação boa pra poder gerar aquela frequência e captar algo parecido. Música e arte, antes de ser entretenimento, se não sair do coração, ela vem sem alma, na minha opinião.

MÚSICAS QUE NÃO PODEM FALTAR

OFuxico – quais as canções que não podem faltar nos shows de vocês?

Rogério Flausino – Músicas que não podem faltar… Isso é uma loucura porque a gente fez um repertório as 25 músicas escolhidas para a turnê Jota25. São os grandes hits e dentro dessas 25 têm muitas que não podem faltar. Acho que “Só Hoje”, “Amor Maior”, “Dias Melhores”, acho que “O Sol” essas músicas são muito importantes porque elas trazem um alicerce tanto poético quanto sentimental. Temos as canções mais dançantes e “pulativas”. Tem “Além do Horizonte”, “Na Moral”, “Do Seu Lado”. É a hora que você faz aquele equilíbrio: “agora vamos dançar, galera… agora vamos extravasar”. “Agora não, vamos amar, vamos abraçar”, Então é esse equilíbrio que a gente está sempre buscando.

OFuxico – Buzelin, você tem as suas canções preferidas do Jota Quest?

Márcio Buzelin – Gosto muito em particular de “O que eu Também Não Entendo” e “ Sem Sentido “. Gosto muito do nosso “Lado B” (álbum).

OFuxico – Márcio, como você – ou sua companheira – lida com o assédio e a gritaria das fãs?

Márcio Buzelin – (risos) Que curioso. Eu não vejo isso. Na verdade eu no palco entro num estado meio letárgico. Fico muito envolvido com a música e as vezes toco muito sério e pra dentro. Já me chamaram atenção para isso.
Mas é minha bolha. Tenho uma filha que hoje mora comigo, somos eu, ela e 4 cachorros. Ela é formanda em psicologia e trabalhando com crianças autistas. Coisa mais linda. Vivo dentro do meu home estúdio quando estou em casa ou com meus cães. Fui casado com uma mulher sensacional e considero meu ex-enteado meu filho também. Acho que sou mais bicho do mato mesmo. Não percebo assédio nenhum e sou simples demais pra me afetar com isso, a não ser com gratidão.

OFuxico – São 25 anos de uma história onde vocês só cresceram, ganharam e ganham fãs. Desde os que tem mais de 40 anos, quanto a moçada. Qual é a sensação de ver isso acontecer, 25 anos, depois daquela primeira entrada no palco com o Jota Quest?

Márcio Buzelin – Ará, talvez a maior realização seja essa. Atravessar as gerações de um sonho que era tão “utópico“ quando éramos meninos.

OFuxico – São 25 anos. No setlist, são sempre 25 músicas?

Rogério Flausino – É o seguinte, esse lance dos 25 foi só um número base. É claro que tem a brincadeira com os 25 anos, 25 hits. A gente falou “cara vamos fazer uma base forte, quais são os singles que marcaram esses 25 anos, essas músicas elas têm que estar no show né?”. Fomos disco a disco tentando montar essa base. Mas essa base não é limitadora, porque teve show que a gente tocou 28/29 músicas e a gente vai botando música para dentro. Enquanto está bom o astral, a gente vai mandando. Quando faz uma turnê baseada num álbum é de um jeito, mas tanto acústico quanto esses 25, são os grandes sucessos da banda. E a gente abre espaço pra coisas novas. E também colocamos uma ou outra que não fez tanto sucesso mas que a gente gosta muito e surpreende a galera a cada show. Já foram 16 ou 17 shows grandes e a gente tá sempre tentando fazer alguma coisinha que não teve no outro, tocar uma música que ainda não foi tocada que é o que a gente tá pensando agora para São Paulo: qual que a gente vai tocar que a gente ainda não tocou? Isso vai rolar!

FESTEJAR A VIDA

OFuxico – O Jota Quest está sempre celebrando…

Rogério Flausino – Eu acho que a gente precisa sempre celebrar a vida. O que eu queria falar pra galera, para os fãs é que eu acho que a gente precisa estar sempre celebrando a vida, celebrando estar vivo. Aos fãs, em primeiro lugar, quero agradecer todo mundo, cara, porque nós não estaríamos aqui se não fosse por essa galera que, de alguma forma, se identificou com a gente, com nossas músicas, com nossas letras, com o nosso jeito de ser. E cara, é muito louco você, depois de tanto tempo e rodando o Brasil de novo, está lá a galera cantando e te abraçando. Isso é um negócio fantástico, as pessoas cantando junto as nossas músicas. Nós estamos sentindo umas coisas agora que a gente nunca sentiu, que é uma energia dessas pessoas que nos acompanham a 25 anos ou mais. Quando você tem cinco anos de carreira; 10 anos de carreira é uma onda. Agora com 25 anos e para quem é de Belo Horizonte, quase 30 anos, é uma energia acumulada muito legal, muito louca.

Então é muita emoção, é muita gratidão sabe? É muita coisa legal rolando e a gente precisa cuidar disso cara, cultivar isso, porque isso é uma coisa muito difícil de acontecer somente com uma banda, um grupo de amigos e tal. Nós começamos de brincadeira, um sonho. E a gente continua sonhando aí acordado. E esse sonho, sem a galera ali na frente, não faz o menor sentido e ele não é, definitivamente, não se realiza sem a galera. Então é isso cara, o que a gente tem que fazer – e está fazendo – é o que ainda não foi feito, o show mais legal de todos, o disco que você, obviamente quando tá fazendo, sempre acha que é o seu disco mais legal de todos; aquela canção que está fazendo… É continuar fazendo, continuar sonhando, realizando e entregando pra galera, pra gente poder dividir isso. Só rola depois que você divide. Enquanto você tá ali no seu quarto, sozinho, é uma coisa sua. Quando está com a banda, os 5 tocando, é outra coisa. Só vira realidade quando vai pra rua, pra galera.

SÓ QUERIAM FAZER UM DISCO E, 25 ANOS DEPOIS…

OFuxico – Qual a sensação de ver tudo lá atrás nestes 25 anos?

Rogério Flausino – Pois é cara é uma coisa muito doida, porque quando você tá ali fazendo, quando a gente tava fazendo o primeiro disco, a gente só queria fazer o primeiro disco. Eu não pensava que a gente ia estar aqui depois de tanto tempo, falando sobre o que foi escrito naquela época e vice-versa. E o segundo disco mesma coisa, o terceiro, as coisas vão acontecendo, Eu posso te assegurar, Ará, que assim, sei lá, 90% das canções que fazem parte desse repertório, esses grandes sucessos da banda, foram feitos de uma forma extremamente natural, instintiva. Não teve nada tipo “vamos fazer uma música, que fala disso, porque aí vai acontecer aquilo, porque isso vai levar a tal lugar”.

Não tem esse negócio, você tá ali, você faz, você escreve um negócio um dia; todo dia você tá fazendo um “tchururu” ali no violão, aí uma coisa junta com a outra, aí um chega com uma levada, uma tocada de baixo, não sei o que. É muito legal isso. Aí alguém diz “vamos escrever uma letra em cima disso”, você vai escreve um lance e tal e aí, entre nós cinco, ou uma letra de um amigo que tem uma ideia, você pede uma música para o cara que você admira, o cara te manda a música. E assim você vai fazendo isso tudo e as coisas vão acontecendo. Pelo menos para nós têm sido assim.

Jamais imaginaria que uma canção como “Dias Melhores” ganharia a alcunha que ganhou e vem ganhando ao longo dos anos todos e aí, nesse momento de pandemia, como as pessoas usaram essa música para trazer algum tipo de coisa boa, de esperança, sei lá, e tem tantas outras, tipo, “Dentro de um Abraço”, que é uma música mais recente, uma parceria com a Marta Medeiros, que eu vi um texto dela, aí peguei. De uma forma geral, é o artista, é a criatura que está ali no meio da confusão que faz valer. Pode ser o poeta, o pintor, enfim, todos os artistas estão ali, no meio da confusão como todo mundo, mas ele consegue filtrar aquilo de alguma maneira e transformar aquilo em arte. Às vezes não dá para você tocar, mas dá pra sentir. A gente é muito privilegiado de ter essa pecinha, de conseguir realizar essas coisas e ter conseguido que essa nossa “coisa” tem ganhado uma posição de destaque, porque existem tantas bandas, tantos artistas, tantas pessoas que fazem música e você ganhar esse presente, de viver disso, de curtir isso todo dia, todo final de semana, de sair cantando com a galera e tal, isso é um negócio de Deus, cara. É um presente assim magnífico que a gente ganhou. Por isso vou te dizer: a gente precisa cuidar muito desse Jardim.

OFuxico – No começo, lá em 1993, sofreram críticas, em algum momento pensaram que não daria certo?

Rogério Flausino – A gente teve altos e baixos, era uma banda desconhecida. E aos poucos o primeiro álbum foi muito bem recebido lá no Sul, como te falei. Uns caras que chegaram tocando Black, Soul, Funk, Disco. A gente usava roupas que se transformaram numa coisa cult. Lembro de ter rolado uma parada chamada “Brechó Music”: entrava num lugar, pegava umas coisas velhas e fazia daquilo uma roupa nova e moderna. Isso no primeiro disco. O “Macacada Reunida” também chegou com bons elogios. Do segundo para o terceiro disco, a gente começou a incomodar, né, não foi diferente com a gente. Na época do “Oxigênio”, a critica batia muito na gente, a gente fez um álbum inventivo, querendo romper com o que a gente vinha fazendo. “É da idade” (risos). E foi bom, porque todas as criticas, as pancadas que a gente tomou naquela época nos fortaleceu muito. Quando chega no quarto disco, estávamos bem mais pé no chão.

Quando chegou o “Ao vivo MTV”, primeiro DVD, onde a gente registra o quanto os shows do Jota eram felizes e animados, e as pessoas estavam participando daquilo e então aquela fotografia do MTV registrou um momento muito incrível! Depois de 4 discos a gente conseguiu amalgamar o que a gente é, num espetáculo grande pra muita gente. Daí pra frente, o Jota entra num trilho mais equilibrado. Claro que dali pra cá rolaram discos bem sucedidos, outros não tão bem sucedidos, expectativas que não foram cumpridas, outros que surpreenderam muito. O importante é que gente nunca desistiu. A gente sempre tocou o barco. Banda tem isso também: um dia, um está mais animado que outro, um mais deprê, um vai ajudando o outro. O primeiro momento de porrada a gente nunca esquece (risos) que é essa virada no ano 2000 e é o que fortalece, dá aquela chacoalhada: “olha, véio, tem um game aí pra ser jogado. Existe a imprensa, existe a crítica, existe a turma do deixa disso, então, se liga”. Quando passamos algum estresse, alguma dúvida, alguma parada, a gente fala: “véio, olha lá atrás, lembra daquela vez?”. E vamos que vamos.

OFuxico – Buzelin, você faz umas lives sobre espiritualidade. Como funciona sua conexão com o Universo?
Como projeta os próximos 25 anos do Jota Quest?

Márcio Buzelin – Sempre fui meio “nerd”. Não é à toa que toco teclado (risos). Gosto muito de aprender sobre filosofia, espiritualidade, psicologia, astronomia e tudo que tenta “explicar a vida”. Coisas simples me impressionam, pois de simples não tem nada. Falta muito amor nesse sistema em que vivemos. Mas ele está a nossa volta. É só ajustar a lupa. Não me projeto tão longe assim. Mais 25 anos? Espero que estejamos juntos e comemorando a nossa história. Da forma que for!

SERVIÇO

Jota Quest – Tour “JOTA 25”
Local:
 Espaço Unimed – Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda – São Paulo
Data: 04 de março – sábado
Abertura da casa: 20h30
Início do show: 22h30
Ingressos: a partir de R$60 a R$280
Compra de ingressos:  Nas bilheterias do Espaço Unimed (de segunda a sábado das 10h às 19h – sem taxa de conveniência ) ou Online pelo site Ticket 360.

Datas dos shows da turnê J25
Foto: Reprodução Instagram @jotaquest

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