Greve de roteiristas faz série ‘Stranger Things’ ser paralisada

Por - 07/05/23 às 17:00

Stranger ThingsDivulgação

Matt Duffer e Ross Duffer, co-criadores de “Stranger Things”, anunciaram no Twitter que a produção da última temporada da série está paralisada por conta da greve dos roteiristas de Hollywood.

“Embora estejamos ansiosos para iniciar a produção com nosso incrível elenco e equipe, não é possível durante esta greve”, anunciaram.

A GREVE

Em 2 de maio, após fracassos de negociações para terem seus salários aumentados, roteiristas de séries e filmes de Hollywood anunciaram que estão entrando em greve. Os profissionais se estendem a diversos ramos e estúdios, indo desde quem escreve o roteiro de talk shows noturnos até a quem está responsável pelos lançamentos dos próximos blockbusters em produção entre tantas empresas que produzem conteúdo audiovisual no mundo.

A confirmação da greve foi informada no portal Deadline, em comunicado oficial do WGA (Sindicato dos Roteiristas) dos Estados Unidos: “O conselho do Sindicato de Roteiristas Oeste e o conselho do Sindicato dos Roteiristas Lestes, operando com base na autoridade garantida a eles por seus membros, votou de forma unânime para entrar em greve, começando às 00:01 da manhã, terça-feira, 2 de maio [6:01 no horário de Brasília]”.

Estavam negociando com a AMPTP (Aliança de Produtores de Cinema e Televisão), órgão que faz os acordos trabalhistas em nome dos estúdios de Hollywood, empresas como Amazon, Netflix. Apple, Disney, Warner Bros. Discovery, Sony, Paramount e NBCUniversal.

Entre as reivindicações negadas pela AMPTP, o principal pedido dos roteiristas é o aumento de salário dos profissionais, assim como recebimento maior de lucros gerados pelas transmissões das produções por streaming, pois os pagamentos não teriam se adaptado à nova realidade de produção e distribuição de obras audiovisuais.

Atualmente, os roteiristas recebem um pagamento anual fixo, visto pelo WGA como “baixos demais em vista do maciço reaproveitamento internacional”, com foco em produções super populares, como “Bridgerton”, “Stranger Things” e “The Last of Us”, grandes sucessos na qual não houve ganho adicional por parte dos profissionais envolvidos.

Antigamente, com as séries tendo muito episódios por temporada em canais de televisão, então os roteiristas ganhavam um salário semanal por boa parte do ano, além de receber um valor de licenciamento para reexibição na TV ou em mídias físicas. A resolução proposta seria uma taxada por demanda adicional se baseando na quantidade de assinantes de uma plataforma e também a de quantas pessoas assistiram àquela produção, e assim, quem escreveu obras mais bem-sucedidas, ganharia um valor a mais, tal qual na época em que reprises eram comuns esse “mini-cachê” ser dado. Não houve nem aprovação nem contraproposta da ideia.

Também é pedido o fim das chamadas “mini-salas de roteiristas”, prática na qual os estúdios começaram a reunir um grupo de roteiristas para trabalhar em uma produção antes mesmo dela ter sinal verde para existir, e mesmo concluindo um roteiro, os profissionais são dispensados em seguida. A proposta é que os escritores precisam ter pelo menos 10 semanas de trabalho garantidas e receber um premium de 25%. A AMPTP deu como contraproposta um premium de 5% para serviços semanais quando três ou mais roteiristas fossem contratados por 10 semanas ou menos antes da luz verde para produção.

Outro ponto pedido pelos profissionais foi que houvesse uma regulamentação do uso de inteligência artificial e ferramentas como o ChatGPT na escrita de roteiros. Em resumo, O WGA quer garantias que estúdios não usem IA para escreverem roteiros a partir de trabalhos antigos dos profissionais, e nem que roteiristas sejam solicitados a reescrever rascunhos de scripts criados pela IA. Também não houve contraproposta neste item.

Antes de séries e filmes, os programas de entrevista de variedades e esquetes serão afetados, como os talk shows, pois os roteiros são escritos próximos à data de exibição, enquanto outras obras levam mais tempo e possuem um intervalo maior para a produção em caso de continuações sou novas temporadas.

Logo de cara, série e filmes não serão afetados de forma direta, pois muitas já estão em pós-produção ou finalizadas, com o roteiro já tendo sido escrito e até gravado. Todavia, caso a paralisação se estenda por muito tempo, projetos previstos para serem lançados a partir de 2024 podem ter suas produções afetadas, causando adiamentos.

O exemplo acima serve para produções maiores e de grandes intervalos, pois roteiros de séries escritas durante a temporada ou series que precisariam de o roteiro estar sendo pronto no momento para viabilizar a gravação. Para os roteiros já escritos e/ou em produção, cancelasse a possibilidade de refilmagens, pois as cenas não serão reescritas.

Lembrando que não é a primeira vez que uma greve de roteiristas paralisa Hollywood, já tendo acontecido uma em 2007/2008, que durou 100 dias na época e diversas séries forma impactadas, seja na quantidade de episódios cortadas ou até mesmo na conclusão delas.

É estimado pelo Milken Institute que a greve de 2007/2008 trouxe um custo de U$ 2,1 bilhões para a economia da Califórnia. Neste ano, mais de 11,5 mil profissionais estariam aderindo à paralisação, e os dando só serão calculados posteriormente, possivelmente após o fim da greve quando o WGA e a AMPTP chegarem a um acordo definitivo.

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Jornalista desde 2000, iniciou a carreira como redatora do site OFuxico em 2002. Anos mais tarde, trabalhou como editora no site Famosidades (MSN), tendo passagem ainda como repórter na Quem, jornal Agora S. Paulo (Folha de S. Paulo), R7 e retornou em 2015 como editora do site OFuxico.