Letícia Isnard: “Pela primeira vez não precisei fazer testes”

Por - 27/07/13 às 10:31

Luiza Dantas/Carta Z Notícias

A grande repercussão de um personagem pode mudar a vida de um ator. Letícia Isnard colecionou participações em programas de humor e novelas da Globo como o 'Minha Nada Mole Vida e Tempos Modernos – até ganhar destaque na pele da simpática Ivana de Avenida Brasil. Sua desenvoltura como a ingênua esposa do vilão Max, interpretado por Marcello Novaes, chamou a atenção de Maria Adelaide Amaral. Pouco antes do fim da trama de João Emanuel Carneiro, a atriz foi convidada para integrar o elenco de Sangue Bom como a golpista Brenda.

"Nunca imaginei na minha vida que o Dennis Carvalho fosse me convidar para uma novela. Pela primeira vez, em 17 anos de carreira, não precisei fazer testes", vibra ela, que também foi sondada pela diretora Amora Mautner para participar de Joia Rara, próxima trama das seis.

Cria do teatro, Letícia ressalta uma maior visibilidade na tevê a partir de Avenida Brasil. Após estrear na Globo em 2006, como a recepcionista homossexual e mal-humorada do Minha Nada Mole Vida, a atriz garante que a tevê nunca foi seu único foco na carreira e que agora tem maior liberdade de transitar pelo diferentes veículos.

"Eu quero tudo. Teatro, tevê e cinema. Mas o teatro foi onde construí minha história. Quero trabalhos que me interessem. Viso muito mais o processo do que o resultado", argumenta.

O Fuxico: Apesar de Brenda ser uma personagem cômica, ela se distancia da Ivana na personalidade e caracterização. Foi o fato de ser um papel bem diferenciado ao de Avenida Brasil que a atraiu?

Letícia Isnard: Com certeza. É muito estimulante. Isso é muito bom porque, quando você se sai bem em um determinado tipo de papel, muitas vezes, escalam você para o mesmo padrão, porque sabem que se sai bem nesse tipo. Houve uma preocupação em sair da paleta de cores fortes da Ivana. A Brenda é mais clean e sofisticada, enquanto a Ivana usava roupas e cabelos exagerados.

OF: Seus contratos com a Globo são sempre por obra. Você sente falta de ter um contrato longo com a emissora?

LI: Não. O fato de eu não ter um contrato fixo me dá mais liberdade para escolher o que quero ou não trabalhar. Sou dona da minha agenda. Posso me organizar para até determinado momento do ano em estar comprometida com a novela e tentar conciliar com outros projetos. Mas também tem seu lado ruim. Quando acabar a novela, eu estou desempregada e tenho de emendar com uma peça ou filme. Nunca consigo tirar férias. Mas essa é a minha vida há 17 anos.

OF: Após Avenida Brasil, você ganhou visibilidade. Isso ajuda a divulgar os seus trabalhos no teatro?

LI: Isso muda tudo. O público gosta de ver uma peça que tenha um ator global. Logo depois da novela, estava em cartaz com o Tarja Preta. Lotamos a temporada toda. Fizemos sessões duplas em janeiro. Fiz uma temporada em Vitória, onde lotei 400 lugares todo final de semana. Em meus 17 anos de teatro, nunca vi isso. Até agradeço no programa da peça ao Tufão e à Ivana (risos). 

OF: Você disse que a Maria Adelaide Amaral escreveu a personagem pensando em você. Como é a sua relação com a autora?

LI: Eu não a conhecia pessoalmente, até uma primeira leitura de texto. Mas nos demos bem logo de cara. Comecei a sugerir algumas coisas para a personagem que estavam bem dentro dos planos dela. É uma autora extremamente generosa para trabalhar. É muito bom esse reconhecimento de alguém escrever algo pensando em você.

OF: Você é formada em Ciências Sociais pela PUC-Rio e tem mestrado em Sociologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por muito tempo, você conciliou a profissão de atriz com os estudos. Quando decidiu abandonar de vez a carreira acadêmica?

LI: Quando eu comecei a me organizar para fazer um doutorado em Nova Iorque, percebi que depois dali não seria mais atriz. Quanto mais você se especializa nessa área, mais demanda de trabalho você vai tendo. Eu precisava investir em uma nica coisa. Decidi engavetar o doutorado e ser só atriz. Foi uma decisão muito solitária porque não tive o apoio da família.
 

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