Os Barões da Pisadinha se consagram como melhores de 2021

Por - 11/12/21 às 12:00

Barões da PisadinhaFoto: Divulgação

São apenas seis anos de estrada. Rodrigo e Felipe ainda lembram com os olhos lacrimejados das apresentações num palco improvisado, em eventos da pequena cidade baiana de Heliópolis, de somente 12 mil habitantes. O palco era de madeira, no chão. Ou num reboque de trator, com direito a uma pilha gigantesca de caixas de som, fazendo um “paredão”. Bastante distante da realidade que hoje os consagrados Os Barões da Pisadinha vivem. A dupla virou um fenômeno e fecha o ano como número 1 em todos os gêneros do país. Ninguém, absolutamente ninguém no Brasil, superou os Barões em 2021. Quer dizer, tem sim… a banda Lagum desbadou a dupla no Prêmio Multishow, e se consagrou na votação popular como “Grupo do Ano”. Mas nada que abale tanto…

Rodrigo e Felipe são os únicos brasileiros no Top 10 global da VEVO. Os Barões também cantaram no Latin Grammys, em novembro. Eles ainda foram eleitos os melhores artistas masculino no Deezer e ocupam o primeiro lugar no Top Brasil do Spotify, consagrados como artistas do ano. A dupla também acumula 1,3 bilhões de streams, com execução de suas músicas em 170 países. Só tudo isso…

Os palcos improvisados e o salário de R$ 600 (você não leu errado, eles recebiam seiscentos reais por mês acompanhando bandas locais!) deram bagagem para que eles triunfassem em turnês no exterior, como a mais recente, nos Estados Unidos, em setembro. Em novembro, eles fizeram show na final da Copa Sul-Americana, a Conmebol. O auge, anunciado com pompa e circunstância.

“Acostumada a dar grandes shows nas vésperas de seus eventos de elite, a Conmebol prepara uma grande encenação, com um grupo de enorme popularidade no Brasil, para colocar ritmo, cor e festa em uma final com alto percentual de fãs do país nas arquibancadas” escreveu a entidade em comunicado oficial, na ocasião.

A dupla, dona de hits como “Tá Rocheda”, “Já Que Me Ensinou a Beber”, “Chupadinha” e “Galera do Interior”, se tornou este ano o segundo artista brasileiro a conseguir emplacar duas músicas no Top 50 da parada Global do Spotify. O hit “Recairei” chegou na 38ª posição das paradas, e “Basta Você Me Ligar” alcançou a 50ª posição.

Veja +: Confira detalhes do triunfo dos Barões da Pisadinha no ranking do Spotify Global

O INÍCIO

O jovem músico Felipe começou a carreira tocando em igreja e em bandas de forró. Aos 12 anos ele já viajava com as bandas que acompanhava como guitarrista e contou que a mãe sempre acreditou no trabalho dele. Foi ela quem incentivou o filho a comprar um teclado. Ela tinha visto uma apresentação de um tecladista e ficou impressionada porque ele tinha animado uma festa sozinho, sem precisar de outros músicos.  

O conselho da mãe deu muito certo e logo ele estava sendo chamado para fazer umas festas. Animado, Felipe decidiu procurar um vocalista e conheceu Rodrigo. Juntos, eles formaram, inicialmente, a “Barões do Forró”, e depois “Barões do Forró Prime”.

A dupla então começou a batalhar pela carreira, fazendo umas apresentações nas cidades vizinhas e casas locais. O dinheiro era contadíssimo para o aluguel, alimentação, água e energia elétrica.

O primeiro CD foi gravado numa casa-estúdio, sem acústica. Rodrigo aproximava a boca do colchão que eles haviam colocado na parede. O efeito, ainda muito longe de ser profissional, dava condições mínimas para a gravação e “limpava” o som. Um conhecido deles jogou no YouTube, já que nem acesso à internet eles tinham. Outro canal replicou e a dupla deixou os limites de Heliópolis.

“Felipe me convidou e montamos os Barões do Forró Prime. E aí, gravamos o CD promocional, que tinha só pisadinha. Mas a gente tinha pouco contato com internet e um amigo que colocou nossas músicas lá. Aí, Deus catou a gente pela perna e falou ‘vem pra cá, seus vagabundinhos. Vamos embora”, disse Rodrigo, aos risos.

Veja +: Relembre a participação dos Barões da Pisadinha no ‘BBB21’

O SUCESSO CHEGOU

Com as músicas no YouTube, a dupla acabou chegando a Goiás, primeiro estado fora da Bahia onde se apresentaram. Depois, foram a Tocantins, Distrito Federal e o telefone deles não parava de tocar. Àquela altura, os Barões já faziam mais de 30 shows no mês. A dupla passou oito meses sem pisar em Heliópolis. 

Rodrigo, então telefonou para sua mãe e deu a ela a notícia que mais acalentou seu coração: “Mãe, não precisa mais a senhora trabalhar”. No final de 2019, a dupla Os Barões da Pisadinha assinou contrato com a Sony, e foi elevada a outro patamar, passando a se apresentar na Globo, Record e SBT.

Antes da pandemia, Rodrigo e Felipe já lotavam casas de espetáculo no Sul e Sudeste do país. Recheada, a agenda de shows precisou ser suspensa. 

SOFRÊNCIA DANÇANTE

A pisadinha foi criada em Monte Santo, no interior da Bahia, nos anos 2000. O ritmo ficou caraterizado pela simplicidade da união do teclado eletrônico com a voz, criando um tipo de forró mais eletrônico, tocado nos paredões (grandes estruturas de som). Aliado ao ritmo, está a espontaneidade dos Barões da Pisadinha com suas letras carregadas de sofrência que faz a gente balançar.

“Os Barões, se você ver o ritmo, não consegue ser triste. Quando dá aquela viradinha é bem pra cima”, diz Felipe. “A fórmula do sucesso ninguém tem, na verdade. Tem artistas com que o empresário gasta milhões e não chegam ao agrado do público. A pisadinha é muito simples, pobre, mas tudo foi intencional. Criou uma identidade. Os arranjos foram muito simples de fazer, mas são bem colocados. A proposta da gente era fazer o pouco virar muito”, entregou.

ANTES DE TUDO, OS PAIS 

Rodrigo e Felipe – vocalista e tecladista respectivamente – passaram por um processo muito parecido com o de jogadores de futebol. Vindos de família humilde, sonhavam em comprar uma casa para os pais, pessoas fundamentais no apoio à carreira. E foi o que eles fizeram quando “a maré melhorou”. D. Maria, mãe de Felipe, se mudou para um imóvel de frente pra uma movimentada praça em Heliópolis, na “área nobre” da cidade. Só depois o músico comprou um imóvel para ele.

Mesmo com todo o sucesso a dupla caminha normalmente por Heliópolis: “Qualquer hora que você chegar, vai encontrar a gente no açougue, na padaria. O povo de Heliópolis não trata a gente como artista. Consigo viver normalmente. Ainda dá pra tomar uma cervejinha no bar, mas às vezes, o que falta, é tempo”, contou Felipe. 

Não por acaso a dupla ganhou até um documentário, “Da Roça Para a Cidade”, com produção da Amazon Music. Na obra, de apenas 30 minutos, emoção é a palavra-chave.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino