Saiba tudo sobre a novela Meu Pedacinho de Chão – Quem Dirige
Por Redação - 03/04/14 às 14:14
Diretor de televisão e cinema, com formação em Letras e Arquitetura, Luiz Fernando Carvalho fundou uma linguagem própria. Seu longa-metragem de estreia, Lavoura Arcaica, recebeu mais de cinquenta prêmios nacionais e internacionais. Na televisão, já realizou 25 trabalhos, entre novelas, especiais, minisséries e microsséries.
Foi diretor-assistente das minisséries O Tempo e O Vento, Grande Sertão: Veredas e Riacho Doce. Dirigiu também grandes sucessos da TV brasileira como as novelas Renascer, O Rei do Gado e Esperança, escritas por Benedito Ruy Barbosa. Em 2005, criou, escreveu e dirigiu as duas jornadas da microssérie Hoje É Dia de Maria. Inspirada nos contos retirados da oralidade popular brasileira, a série recebeu vários prêmios internacionais, sendo inclusive finalista do Emmy Awards em duas categoriais. Após ter adaptado diversas obras literárias para a TV, como A Pedra do Reino, de Ariano Suassuna, e Capitu, uma transposição do romance de Machado de Assis, recentemente Luiz Fernando Carvalho dirigiu Alexandre e outros Heróis, adaptação de contos infanto-juvenis de Graciliano Ramos, e idealizou e dirigiu a série, em oito episódios, de Correio Feminino, inspirada nas colunas femininas que Clarice Lispector escreveu para jornais cariocas.
O diretor explica como conceituou a linguagem de Meu Pedacinho de Chão.
“Ao ler o texto do Benedito, percebi o quanto o autor trabalhava com elementos dramáticos muito simples, mas muito míticos também, aproximando os personagens de arquétipos bem definidos. Em uma conversa, Benedito me propôs que o universo que abraça a história fosse atemporal. Quando me disse isso, claro, uma quantidade de impulsos e visões começaram a surgir dentro de mim. O que vem a ser atemporal? Atemporal é um conjunto indefinido de afetos, tempos e espaços, mas que, necessariamente, precisam constituir uma unidade estética. Pensei imediatamente na questão da memória, que é uma das chaves da obra do Benedito, mas pensei sem o compromisso da representação histórica, de datas, pois, se assim fosse, estaríamos realizando simplesmente uma novela de época. Então o atemporal transpassa todos os tempos, ele reúne impressões e formas do passado, do presente e do futuro, da imaginação. O atemporal é fruto da nossa imaginação. Mas, no caso de Meu Pedacinho de Chão, há um ingrediente especial: a infância. Serelepe é como uma testemunha da resistência do lirismo e da memória. Isso implica dizer que a atmosfera é lírica, imaginada pelo olhar lúdico de um menino, com um frescor de luzes e cores, mas, por outro lado, como acontece nos contos de fadas, este menino é um órfão. Este sinal na alma do personagem já nos remete à uma narrativa mais clássica e comum às novelas. De certo modo, pelo fato de o temperamento de Serelepe ser luminoso como o de um verdadeiro guerreiro, ele escapa ao lugar comum das crianças na dramaturgia contemporânea. Ele é uma faísca inexplicável! Um herói de fábula que contamina todo o microcosmo onde a história se passa. Quando imaginei o vilarejo onde se passa Meu Pedacinho de Chão, pude sentir que tudo ali existe daquela forma, por estar sendo filtrado e constituído pelo olhar da infância de Serelepe. Tudo aquilo seria um grande brinquedo do Serelepe”.
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