Bárbara Reis é a terceira protagonista preta do horário nobre: ‘Lugar que conquistei’
Por Flavia Cirino - 08/05/23 às 18:00
A partir da noite desta segunda-feira, 08 de maio, Bárbara Reis poderá ser vista diariamente na pele da aguerrida Aline, em “Terra e Paixão”. A personagem é repleta de características importantes e relevantes. Uma delas, carrega consigo gama de outras: é a primeira protagonista da atriz.
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Bárbara, de 33 anos, mulher negra, criada no subúrbio carioca do Méier – onde mora até hoje – estreou na TV em 2016, e agora, sete anos depois, encarna a heroína da nova novela de Walcyr Carrasco. E com a mesma paixão e determinação de seu primeiro papel, uma breve participação como a Doninha de “Velho Chico”.
“Esse lugar que conquistei vem sendo construído através de muito esforço. Sou muito dedicada e vejo esse momento como uma consagração. Apesar de eu não ser uma atriz conhecida do grande público, venho sempre trabalhando”, disse ela, num misto de emoção e muita confiança, à reportagem de OFuxico.
REPRESENTATIVIDADE IMPORTA
Aline é a terceira protagonista negra no horário nobre, o principal da TV brasileira. Antes dela, coube à Taís Araújo o papel de Helena, personagem principal de “Viver a Vida”, novela de Manoel Carlos, exibida na Globo em 2009. E, até a semana passada, Lucy Alves, a Brisa, de “Travessia”.
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Vale ressaltar que, atualmente, há ainda Sheron Menezzes, na faixa das 18h, como a Sol, de “Vai na Fé”.
“Taís é uma referência para mim. Primeiramente por ser uma atriz preta que foi protagonista de uma novela das 9. Ela começou a escrever essa história. E, agora, eu, junto com a Sheron, com a Lucy, estou ajudando a escrever. É uma história de mudança, de reconhecimento de estarmos ocupando um espaço. Estarmos em um lugar de protagonismo é algo que deve permanecer e ser natural”, afirmou Bárbara ao GShow.
Considerando que ao longos dos 70 anos da TV, a Globo produziu mais de 300 novelas… há algo de errado que não está certo, em ter apenas quatro mulheres negras como protagonistas! Aline tem total consciência disso. Assim como o autor de Terra e Paixão”.
Walcyr Carrasco reconheceu, em conversa com a OFuxico que errou no passado ao “não dar à Cesar o que é de César”. Ele, por exemplo, já colocou Priscila Fantin, atriz branca, vivendo uma personagem indígena, em “Alma Gêmea” (2005).
“A gente costumava falsificar a origem das pessoas. Há uns anos, fui dar uma palestra e Sônia Guajajara (atual ministra dos Povos Originários) pegou o microfone e falou que não adiantava só falar sobre indígenas, mas os corpos têm que estar presentes. Isso ficou na minha cabeça e vale para asiáticos, negros. Queria uma protagonista negra e botei”, disse ele.
QUEM É BÁRBARA REIS
Nascida na Tijuca e criada no Méier, curiosamente mesmo bairro de origem de Taís Araújo, Bárbara Reis trabalhava como tosadora na pet shop da família e fazia bicos como modelo até ser chamada para integrar o elenco de apoio da minissérie “Dois Irmãos” (2017). Antes, esteve em alguns capítulos de “Velho Chico”.
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Para e representar uma frágil estudante no período da ditadura militar, em “Os Dias Eram Assim”, ela emagreceu 13 quilos. A artista teve uma rápida passagem pela Record, em “Jesus”; na Fox atuou nas duas temporadas da série “Impuros” e, de volta à Globo, logo emendou em “Éramos Seis” (2019). Na novela, fazia a Shirley, mulher que engravidou do filho da patroa de sua mãe e foi expulsa da casa dele por ser negra e pobre.
Atualmente no ar também em “Todas as Flores”, no Globoplay, como a Débora, a atriz destaca que, assim como sua personagem de “Terra e Paixão”, que de uma professora de matemática se torna produtora agrícola após o assassinato de seu marido, ela está e constante aprendizado.
“A Bárbara caminha junto com a Aline, nós estamos aprendendo esse mundo juntas”.
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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino