‘Pantanal’ e ‘Todas as Flores’ ressuscitaram clássicos com visão moderna
Por Raphael Araujo - 29/12/22 às 09:00
As novelas já fazem parte da cultura popular brasileira, com diversas produções estreando e obras sendo reprisadas todo ano em muitas emissoras abertas e fechadas, tais como TV Globo, SBT, Record TV, Band, VIVA, entre muitos outros canais. Porém, em 2022, duas novelas acabaram se destacando em relação às demais: “Pantanal”, remake da clássica obra de 1990, desta vez na TV Globo, e “Todas as Flores”, que estreou em formato especial no Globoplay, ou seja, sendo uma atração do streaming.
Apesar de temas principais completamente diferentes e pensadas em épocas distintas e de maneira que uma não lembre a outra de cara, OFuxico notou elementos complementares entre as novelas que poderiam explicar o porquê de serem as produções mais comentadas do gênero este ano. Confira!
PANTANAL: UM CLÁSSICO REFORMULADO
Entre as novelas marcadas para sempre na dramaturgia brasileira, “Pantanal” sempre figurou entre elas desde sua estreia na TV Manchete em 1990, criada Benedito Ruy Barbosa. O sucesso da trama foi tamanho que chamou a atenção da Globo para contratá-lo, e reprises foram feitas no decorrer dos anos, inclusive no SBT.
Querendo algo de tamanha magnitude para chama de seu, a Globo resolveu lançar um remake de “Pantanal” 32 anos depois da estreia original, desta vez encabeçada pelo neto de Benedito, Bruno Luperi, que afirmou ter trabalhado na nova versão por dois anos até que pudesse entrar em produção.
E quesito de história, poucas mudanças foram realizadas em relação ao original, e nas redes sociais comparações forma feitas aos montes, porém, alterações pontuais aconteceram, trazendo a trama para 2022 no tempo presente, como a existência de internet e produtos do século XXI.
Ainda, como fruto dos novos tempos, mais representatividade foi colocada em tela em relação à versão anterior, como o fato de Zuleica (Aline Borges) e seus filhos serem todos negros, com falas sobre racismo sendo inseridas quando este núcleo estava em foco. Destaque também para Zaquieu (Silvero Pereira), que elucidou temas de homofobia e masculinidade tóxica diversas vezes. Aliás, até Jove chegou a retratar o assunto sob o ponto de vista heterossexual sem esses preconceitos institucionalizados. Podemos citar ainda como o arco de Maria Bruaca ficou mais denso com o avanço dos direitos das mulheres no país.
Outra modernização clara foi a tecnologia: com o avanço desta, a qualidade de imagem cresceu exponencialmente, deixando as paisagens e fotos ainda mais bonitas e deslumbrantes, fazendo todo mundo babar no visual. Aliás, até indicações a prêmios a fotografia de “Pantanal” recebeu.
TODAS AS FLORES: ESQUEMA NOVO, TRAMA “VELHA”
A atual novela de João Emanuel Carneiro vem chamando atenção desde suas primeiras informações reveladas, quando a trama estava prevista para ir ao ar na TV Aberta. Porém, procurando crescer seus conteúdos como plataforma de streaming, o Globoplay recebeu a trama, que passou por reformulações para se adequar ao novo formato e aproveitar as possibilidades oferecidas.
Com isso, tivemos uma novela com uma exibição diferente do habitual, com cinco capítulos chegando toda semana no Globoplay ao público, que podia escolher ver aos poucos ou maratonar, igual a uma série da Netflix, por exemplo, que popularizou este modelo de consumo. Aliás, na televisão, séries tinham um episódio por semana, então podemos dizer que “Todas as Flores” uniu o melhor dos dois mundos ao ser uma “série novela”.
Outra possibilidade de exploração foram as cenas para maiores de idade, seja violência ou sexo, que com certeza seriam cortadas/amenizadas caso estreassem no modelo clássico, pois a televisão aberta conta com regras há muitos anos mesmo com as classificações indicativas para maiores, enquanto o streaming avisa o que consta no conteúdo, mas deixa o usuário livre para escolher assistir ou não.
Aliás, a novela ainda chegou a ser dividida em duas partes, com a primeira fase encerrando no último dia 14 de dezembro e a segunda estreando no dia 05 de abril. Só no streaming mesmo, né?
E A HISTÓRIA?
Quanto à história, ela conseguiu envolver os espectadores desde o início, seja com a exploração dos cinco sentidos devido à cegueira de Maíra (Sophie Charlotte), seja com a virada na vida de Mauritânia (Thalita Carauta) ou mesmo com as maldades e interesses que rondam a Rhodes e seus funcionários/donos.
Aplausos ainda para um certo tom investigativo em relação ao arco sobre tráfico humano, que acaba se respaldando em todos os personagens d atrama e de alguma maneira em algum grau, trazendo ainda mais densidade aos personagens bonzinhos e vilões. Tudo que gostamos em uma novela!
CONCLUINDO: CLÁSICOS COM ROUPAGENS MODERNAS
Bom, falamos rapidamente sobre as duas novelas e seus formatos de produção e exibição. Mas como isso as une? Simples: ambas trazem elementos clássicos de uma boa novela enquanto suas roupagens são extremamente modernas, unindo o velho e novo no melhor dos sentidos.
“Pantanal” só pelo fato de sérum remake com poucas mudanças na história, mostra isso da melhor maneira, afinal, mesmo sendo similar à versão de 1990, ela atraiu público e conquistou uma sólida audiência, que nãos e restringe apenas a quem assistiu a versão anterior e resolveu assistir, mas também à parcela jovem dos fãs que tiveram contato com a obra pela primeira vez e forma conquistados.
“Todas as Flores” chamou a atenção pelo formato, se aproximando das séries que tanto evoluíram e conquistaram público nos últimos anos e dominaram o entretenimento e a cultura pop, mas sua história conta com grandes elementos clássicos de novelas, tais como: triângulos amorosos, traições, crimes, ganância, bem e mal de forma unilateral, além dos clássicos encontros e desencontros entre os personagens. Já vimos isso diversas vezes, mas nunca nos cansamos!
Por conta disso, nomeamos “Pantanal” e “Todas as Flores” como verdadeiros “clássicos modernos”, que souberam se reinventar a uma nova geração sem esquecer do que a antiga gosta e por anos funcionou entre o público. Estarão para sempre em nossos corações!
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.