Seu Jorge afirma não ter escutado ofensas racistas em show e investigações continuam

Por - 26/10/22

Seu Jorge posando para fotoFoto: Reprodução/Instagram

Nesta terça-feira, 25 de outubro, o cantor Seu Jorge prestou seu depoimento, por meio de uma videoconferência, dando continuidade à investigação sobre o possível caso de racismo sofrido por ele durante um show na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, no último dia 14. De acordo com Andréa Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância e delegada responsável pelo caso, o artista relatou não ter escutado os insultos por estar com fones de ouvido no momento. 

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“Ele disse que não ouviu as ofensas racistas em virtude de estar com fone do retorno e da localização, porque, do palco, é muito difícil ouvir qualquer som que venha da plateia, mas, ele afirmou ter ouvido vaias, até porque elas foram muitas e muito fortes e, por esse motivo, ele decidiu não retornar ao palco para fazer o famoso bis”, afirmou Andréa.

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Além disso, a delegada ainda diz que o cantor só ficou sabendo sobre os comentários ofensivos por meio de declarações nas redes sociais: “Ele disse que ficou sabendo das ofensas através de postagens em redes sociais ou pessoas que chegaram até ele e disseram o que teria ocorrido e que, claro, ele ficou muito triste com isso, mas feliz em saber que os órgãos públicos estão dando encaminhamento”. 

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Apesar de reconhecer o caso de racismo, Andréa explica que, por ser uma autoridade policial, precisa trabalhar para que o inquérito fique mais sólido. “Talvez, o mais importante seja deixar o inquérito muito robusto para que a gente comprove a materialidade, a gente comprove que ocorreram ofensas racistas e aguardar o desdobramento em outras esferas, especialmente na área cível”.

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Vale ressaltar que vídeos gravados pelo público do show mostram o momento em que os comentários racistas são dirigidos ao cantor. Assim, as filmagens foram encaminhadas para o Instituto Geral de Perícias (IGP), a fim de aprimorar o áudio e transcrever exatamente o que foi dito, além de identificar o número de pessoas que fizeram a declaração. 

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Até o momento, foram coletados os depoimentos de pessoas na plateia, funcionários do clube que trabalharam no evento, da produtora e do cantor. No entanto, mais quatro testemunhas devem ser ouvidas nos próximos 15 dias, tempo estimado pela delegada para a conclusão das investigações. 

O ATAQUE

Seu Jorge sofreu ataques racistas em show realizado no Grêmio Náutico União, na cidade de Porto Alegre, no dia 14 de outubro, segundo relatos publicados nas redes sociais. No Twitter, xingamentos como “vagabundo”, “safado” e relatos de gritos imitando macacos foram feitos após o cantor voltar para o palco no pedido de bis.

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De acordo com o jornal O Globo, a motivação do ataque da plateia teria acontecido antes do artista se despedir pela primeira vez e ter levado ao palco um jovem negro para tocar cavaquinho e discursar contra a maioridade penal e as mortes de outros jovens negros em comunidades mais pobres.

A publicação procurou a equipe de Seu Jorge para comentar o assunto e a resposta recebida foi a de que não iriam se manifestar sobre o ocorrido. O clube também foi procurado para se manifestar e foi informado “de que era melhor ligar na segunda-feira, pois ninguém da diretoria estava disponível”.

CLUBE EMITE NOTA

Em nota, a diretoria do Grêmio Náutico disse que está apurando internamente os fatos e que, se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados.

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“O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.

Ressaltamos que Seu Jorge foi o artista escolhido para realizar show com a presença de associados e não-associados do Clube, considerando sua representatividade na cultura nacional e pelo reconhecimento internacional, e destacamos nosso respeito ao profissional e ao seu trabalho.

Paulo José Kolberg Bing
Presidente
Grêmio Náutico União”

DESABAFO

Depois de ter sofrido ataques racistas durante um show realizado em Porto Alegre na última sexta-feira, 14 de outubro, conforme OFuxico destacou, Seu Jorge falou sobre o assunto pela primeira vez, na noite do dia 17.

Tendo ao fundo a bandeira do Rio Grande do Sul, o artista iniciou um desabafo fazendo uma verdadeira reverência ao estado, ressaltando os grandes artistas que lá nasceram, enfatizando a maneira como sempre foi recebido, motivo pelo qual o indignou ter sido alvo de tais ataques. Ele ainda defendeu políticas públicas de inclusão da população negra e de combate ao racismo.

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“O que eu presenciei foi muito ódio gratuito e muita grosseria racista. Não era a cidade que eu reconheci a cidade que eu comecei a amar e respeitar. Não era a cidade que eu conhecia”, afirmou.

Em vídeo de nove minutos, o cantor carioca de 52 anos relatou que não viu pessoas negras entre as convidadas do evento, um jantar realizado no Grêmio Náutico União. Ele havia sido contratado para cantar na reinauguração do Salão União, que passou por reformas este ano. Negros, somente entre funcionários do clube.

“Particularmente, não vi nenhuma pessoa negra no jantar. E as pessoas negras que eu encontrei foram somente os funcionários que, uma coisa que me causou muita espécie, eu ouvi dizer que eles estavam proibidos de olhar pra mim ou falar comigo quando eu chegasse no local do show”, enfatizou ele.

O cantor, alvo de racismo como já aconteceu como outros artistas, se dirigiu ainda, em seu relato, à população negra da região: “Ao povo negro do Rio Grande do Sul e de toda a região do Sul, quero dizer que amo todos vocês, e admiro, respeito. E digo também que estamos mais unidos do que nunca e que vamos vencer essa guerra que segrega o nosso povo à miséria e à falta de oportunidade no Brasil”, ressaltou Seu Jorge.

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