“Ganhamos para empatar”, diz Simone Zucato sobre o teatro pós-pandemia

Por - 10/05/22 - Última Atualização: 2 junho 2022

Simone Zucato é atriz e produtora teatralSimone Zucato é atriz e produtora teatral. Foto: Divulgação

As produções teatrais voltaram mesmo a acontecer em 2022. Ainda assim, num formato tímido e temeroso se compararmos ao período anterior à pandemia de Covid-19, que fechou teatros em todo o país. Com um frenesi do público pelo retorno à vida cotidiana, shows, festas, musicais e peças também viraram prioridade e o setor começa a respirar em 2022.

OFuxico conversou com Simone Zucato, atriz e produtora teatral para falar a respeito. De acordo com a artista, o setor chegou até a perder profissionais qualificados por causa da crise financeira. Houve uma espécie de êxodo para pequenas cidades, por causa do alto custo de vida nas metrópoles.

Durante o isolamento social, fizemos o que era possível para nós reinventarmos. E eu acredito que algumas tentativas – como produções on-line, apresentações em drive-in – funcionaram apenas para alguns. Muitos trabalhadores das artes perderam seus empregos em 2020. Só em São Paulo, milhares ficaram desempregados. Com isso, muitos profissionais capacitados não conseguiram se manter […] devido ao alto custo de vida.

Em 2021, o teatro ensaiou uma retomada ainda tímida. As exigências para evitar o contágio pelo Coronavírus também não eram poucas e desanimaram alguns produtores. O espaçamento entre o público, por exemplo, foi um problema para quem dependia diretamente da venda de ingressos. Testagem e higienização na entrada do teatro também geraram custos que mantiveram algumas produções na gaveta.

Além de enfrentarem as restrições da pandemia, os preços dos ingressos precisavam ser atrativos para a maior parte do público, que também passa por dificuldades.  Então, as primeiras produções a retornarem aos palcos no ano passado precisaram fazer um verdadeiro malabarismo para conseguirem estar em cartaz”.

Para a artista, ter lucro com peças em 2021 não estava nos planos da maioria dos produtores. A busca era – talvez – conseguir pagar as contas. Contudo, essa crise não é exclusividade da pandemia de Covid-19. Simone destaca que o setor faz malabarismo para pagar as contas há muito mais tempo.

“Eu acredito que a maioria dos produtores nem chegou a cogitar lucro, e sim conseguir pagar as contas de uma produção. Como produtora eu posso dizer que há muito tempo nós ganhamos para empatar. E muitas vezes nem empatamos, ficamos no vermelho. Isso vem desde antes da pandemia e se agravou com ela. Se pensarmos que em 2018 o setor movimentava cerca de 1 bilhão de reais por ano, o prejuízo durante a pandemia foi maior ainda para esse mercado”, analisa.

Simone Zucato em "A Toca do Coelho", com Maria Fernanda Cândido e Reynaldo Gianecchini e "Sylvia", com Cássio Scapin
Simone Zucato em “A Toca do Coelho”, com Maria Fernanda Cândido e Reynaldo Gianecchini e “Sylvia”, com Cássio Scapin. Foto: Divulgação

RETOMADA

Durante a entrevista a OFuxico, Simone Zucato destacou que a vacinação e a diminuição das restrições da pandemia de Covid-19 melhoraram o cenário artístico do país como um todo. Agora, não só as cortinas dos teatros voltaram a abrir, mas os shows, exposições e cinemas também retornam a respirar com mais fôlego:

“Com a vacinação das pessoas, a queda do número de mortes e a redução das restrições, o público começou a se sentir mais seguro para frequentar não só os teatros, mas também shows, cinemas, exposições. As pessoas voltaram a fazer o que lhes dava prazer, mas acho que ainda temos um longo caminho pela frente”.

Além disso, a atriz destaca que as Leis de Incentivo, marginalizadas nos últimos anos, continuam sendo cruciais para o desenvolvimento de projetos artísticos no país inteiro. De acordo com Simone, elas também são cruciais para manter milhares de emprego no âmbito cultural do país.

No Brasil, praticamente não temos investimento privado na cultura e a grande maioria das produções precisa da ajuda das leis de incentivo. As leis de incentivo não só empregam milhares de profissionais da cultura, como permitem que a população carente tenha maior acesso à cultura e que a economia desse mercado volte a aquecer”

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