Klara Castanho se abre sobre caso de estupro e aborto: ‘Confiar na Justiça’
Por Murilo Rocha - 03/03/23 às 10:45
Klara Castanho falou em TV aberta e pela primeira vez sobre todo o caso de estupro e aborto do último ano, quando sua intimidade foi exposta e ela foi forçada a falar em carta aberta sobre temas delicados e pesados para ela. A jovem atriz gravou uma participação no “Altas Horas”, que irá ao ar neste sábado (4), um especial do Dia da Mulher que contará com Sandra Annenberg, a ex-BBB 23 Tina Calamba e a ministra dos Povos Originários, Sônia Guajajara. As informações são da Patrícia Kogut, do O Globo.
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Klara contou que, após todo o acontecimento, ela tirou um tempo para si e declarou que o que resta a ela é confiar na justiça:
“Foi um período de recolhimento voluntário depois de tudo o que aconteceu no ano passado. Depois que vim a público, de novo, de forma forçada, eu denunciei todos os crimes aos quais fui submetida. Todos, sem nenhuma exceção. E o que me resta neste momento, e ainda bem, é confiar na Justiça e eu confio muito. Não só na Justiça, mas numa Justiça maior.”
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A atriz disse que escolheu o programa por conta do acolhimento que Serginho Groisman promove, e quem revelou isto à colunista foi o apresentador:
“Ela diz que escolheu o “Altas horas” pelo acolhimento que o programa permite. Falou sobre como foi forçada a expor sua vida privada e fez uma reflexão muito madura sobre as redes sociais. Aquela menina de 22 anos virou uma mulher com fala firme e segura.”
Klara entrou na justiça contra Antonia Fontenelle, Adriana Kappaz e o jornalista Léo Dias contra crimes de calúnia, difamação e injúria. Ela ainda acionou o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren- SP), onde alegou que foi abordada na sala de cirurgia por uma enfermeira que ameaçou vazar informações que ela tinha tido um filho. Ao final, o Conselho arquivou a investigação em uma decisão polêmica.
RELEMBRE O CASO
Klara Castanho surpreendeu ao fazer uma carta aberta contando que foi vítima de um estupro, algo que resultou em uma gravidez indesejada há algum tempo. Além disso, a atriz revelou que não fez o aborto e, após o parto, entregou o bebê à adoção. Vale lembrar que o nome da atriz foi Trending Topics do Twitter por conta do assunto, que só foi confirmado por ela na noite deste sábado (25).
Confira o relato de Klara Castanho, em carta aberta, na íntegra!
“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la desse maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri. Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos.
Estava completamente sozinha. Não, eu não fiz boletim de ocorrência. Tive muita vergonha, me senti culpada. Tive a ilusão de que se eu fingisse que isso não aconteceu, talvez eu esquecesse, superasse. Mas não foi o que aconteceu. As únicas coisas que tive forças para fazer foram: tomar a pílula do dia seguinte e fazer alguns exames. E tentei, na medida do possível e da minha frágil capacidade emocional, seguir adiante, me manter focada na minha família e no meu trabalho. Mas mesmo tentando levar uma vida normal, os danos da violência me acompanharam. Deixei de dormir, deixei de confiar nas pessoas, deixei uma sombra apoderar-se de mim.
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Uma tristeza infinita que eu nunca tinha sentido antes. As redes sociais são uma ilusão e deixei lá a ilusão de que a vida estava ok enquanto eu estava despedaçada. Somente a minha família sabia o que tinha acontecido. Os fatos até aqui são suficientes para me machucar, mas eles não param por aqui. Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas”, ainda escreveu a atriz.
Fui informada que eu gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando soube. Foi um choque. Meu mundo caiu. Meu ciclo menstrual estava normal, meu corpo também. Eu não tinha ganhado peso e nem barriga. Naquele momento do exame, me senti novamente violada, novamente culpada. Em uma consulta médica contei ter sido estuprada, expliquei tudo o que aconteceu. O médico não teve empatia por mim. Eu não era uma mulher que estava grávida por vontade e desejo, eu tinha sofrido uma violência.
E mesmo assim esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo. Essa foi mais uma da série de violências que aconteceram comigo. Gostaria que tivesse parado por aí, mas, infelizmente, não foi isso o que aconteceu. Eu ainda estava tentando juntar os cacos quando tive que lidar com a informação de ter um bebê. Um bebê fruto de uma violência que me destruiu como mulher. Eu não tinha (e não tenho) condições emocionais de dar para essa criança o amor, o cuidado e tudo o que ela merece ter. Entre o momento que eu soube da gravidez e o parto se passaram poucos dias. Era demais para processar, para aceitar e tomei a atitude que eu considero mais digna e humana.
No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: ‘Imagina se tal colunista descobre essa história’. Eu estava dentro de um hospital, um lugar que era para supostamente para me acolher e proteger. Quando cheguei no quarto já havia mensagens do colunista, com todas as informações. Ele só não sabia do estupro. Eu ainda estava sob o efeito da anestesia. Eu não tive tempo de processar tudo aquilo que estava vivendo, de entender, tamanha era a dor que eu estava sentindo. Eu conversei com ele, expliquei tudo o que tinha me acontecido. Ele prometeu não publicar. Um outro colunista também me procurou dias depois querendo saber se eu estava grávida e eu falei com ele”.
Mas apenas o fato de eles saberem, mostra que os profissionais que deveriam ter me protegido em um momento de extrema dor vulnerabilidade, que têm a obrigação legal de respeitar o sigilo da entrega, não foram éticos, nem tiveram respeito por mim e nem pela criança. Bom, agora, a notícia se tornou pública, e com ela vieram mil informações erradas e ilações mentirosas e cruéis.
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Vocês não têm noção da dor que eu sinto. Tudo o que fiz foi pensando em resguardar a vida e o futuro da criança. Cada passo está documentado e de acordo com a lei. A criança merece ser criada por uma família amorosa, devidamente habilitada à adoção, que não tenha as lembranças de um fato tão traumático. E ela não precisa saber que foi resultado de uma violência tão cruel. Como mulher, eu fui violentada primeiramente por um homem e, agora, sou reiteradamente violentada por tantas outras pessoas que me julgam. Ter que me pronunciar sobre um assunto tão íntimo e doloroso me faz ter que continuar vivendo essa angústia que carrego todos os dias.
A verdade é dura, mas essa é a história real. Essa é a dor que me dilacera. No momento, eu estou amparada pela minha família e cuidando da minha saúde mental e física. Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofrem. Entregar uma criança em adoção não é um crime, é um ato supremo de cuidado. Eu vou tentar me reconstruir, e conto com a compreensão de vocês para me ajudar a manter a privacidade que o momento exige. Com carinho, Klara Castanho”, finalizou.
KLARA CASTANHO ERA O ASSUNTO MAIS COMENTADO DO DIA
Neste sábado (25), a internet não falava de outra coisa, a não ser a suposta gravidez de Klara Castanho. Tudo começou em uma entrevista de Leo Dias para Danilo Gentilli. O apresentador perguntou ao jornalista se tinha alguma fofoca que ele “era doido para falar”.
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“Eu vivi um dilema recentemente!”, começou Leo, explicando que soube da tal notícia chocante neste mês. “É uma coisa inacreditável. É coisa da sociedade se questionar”.
“Envolve uma atriz, não é coisa feliz. É que ela…”, contou até ser interrompido por Gentilli, que disse que ele não precisaria contar nada. A plateia então implorou para Leo, que respondeu: “O karma vai ser grande”. “É uma pessoa que tá enganando todo mundo?”, questionou Gentilli. Leo concordou com a cabeça.
Um dos membros da banda do programa então perguntou: “É tipo o Dr. Rey então, que matou um cara?”. “É tipo. Envolve vidas”, revelou Leo.
“Você está me dizendo que tem uma atriz que vende uma imagem que é santinha, mas por trás, se você ficar sabendo você vai perder a fé”, sugeriu Danilo.
“Boa, gostei disso”, finalizou Leo.
BOM DIA, VERÔNICA
Klara Castanho utilizou suas redes sociais nesta quinta-feira, 18 de agosto, para falar com seus seguidores e compartilhar um pouquinho sobre o processo de desenvolvimento de sua personagem na segunda temporada de “Bom Dia, Verônica”, série de sucesso da Netflix.
Na trama, Klara interpreta Ângela, filha de Matias Carneiro (Reynaldo Gianecchini), um líder religioso que abusa de mulheres em busca de uma “cura” e está envolvido em um sistema de corrupção que afeta diretamente o andamento da série. Em estado de constante pressão psicológica dentro de sua própria casa, a garota é retratada diversas vezes engolindo botões de suas próprias roupas quando está nervosa ou ansiosa.
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O transtorno sofrido pela personagem, que também é uma das vítimas do próprio pai, é chamado alotriofagia, também conhecido como Síndrome de Pica. A condição consiste, basicamente, no desejo e consumo de itens que não são comestíveis, e pode ser causada por estresse, TOC, depressão, deficiência nutricional, entre outros.
Em seu perfil, Klara reuniu uma série de fotos dos bastidores de suas cenas na nova temporada da série e escreveu um pequeno, mas emocionante, texto na legenda. “Minha Angela. Meu maior desafio e um dos meus grandes amores. Obrigada por me ensinar, obrigada por me acolher e obrigada por existir. Fui minuciosa para te fazer. Em cada olhar, em cada respiração e a cada botão”, começou ela.
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“Eu sempre sou extremamente cuidadosa em relação aos meus personagens, mas ela me tirou de qualquer zona conhecida. Conforto não existia para essa menina. Que bom ver o quanto vocês a amam. Ela é linda. Ela é delicada. E ainda bem que é minha. Obrigada a vocês, e muito obrigada a ela”, finalizou.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha