The Boys irrita fãs na estreia e explode tensão em tela
Por Raphael Araujo - 17/06/24 às 09:00
Estreou na quinta-feira, 13 de junho, a quarta temporada de “The Boys”, série de grande sucesso do Prime Video, com os três primeiros episódios da temporada estando já disponíveis ao público. Porém, a estreia levantou uma série de questões e discussões que até mesmo eram “inesperadas”.
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OFuxico fará a cobertura completa dos episódios, já tendo recebido a temporada completa a convite do próprio Prime Video, e partir desta quinta-feira, 20 de junho, toda quinta o texto acerca do episódio estará disponível para você saber o que esperar do capítulo e nossa opinião.
E já adianto que haverá leves spoilers mencionados sobre os três primeiros episódios da temporada no texto abaixo, então se não quiser revelações pontuais da trama, assista e volte aqui depois para conferir o que achamos!
Pois bem, a quarta temporada de “The Boys” já estreia poucos meses depois de onde a história encerrou na terceira temporada, e as consequências estão cada vez maiores, com os primeiros minutos confirmando que Victoria Neuman (Claudia Doumit) foi eleita vice-presidente, e os mocinhos sabem o perigo que isso representa.
E aqui já temos o primeiro ponto positivo: reforçar a ameaça da personagem, que é secretamente uma “Super” e, com seus ideais de grandeza pessoal, não terá escrúpulos para ter cada vez mais poder em suas mãos. Aliás, finalmente vemos os efeitos do Composto V injetados em sua filha!
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Personagens estão no limite
Agora que demos o ponto de partida da temporada, precisamos falar do que está unindo todo os arcos dos personagens: estão todos no limite! Alguns até fisicamente, mas todos mentalmente estão esgotados e quebrados, e não dá mais para esconder isso.
Conforme revelado na temporada anterior, Billy Bruto (Karl Urban) está com poucos meses de vida, e quer a todo custo vencer Capitão Pátria (Antony Starr) e tirar Ryan (Cameron Crovetti) de sua influência, cumprindo a promessa que fez a Becca (Shantel VanSanten), que o atormenta de forma quase literal.
Falando no principal membro dos Sete, este chegou em uma crise de meia-idade, e está cansado até mesmo de estar com mais poder dentro da Vought, reclamando e como muita gente puxa-saco dele. Mas não era isso que ele queria desde sempre?
Bem, nem ele sabe mais como se sentir, e até mesmo vemos sua rachadura interna de maneira quase literal em outra cena brilhante que reforça a atuação espetacular de Antony Starr. O Super está buscando se reencontrar, e apesar do perigo de seus ideais supremacistas, essas suas duvidas e incertezas, aliás, podem não torná-lo a maior ameaça da série (desenvolvemos mais abaixo).
A já citada Neuman não quer mais estar ligada à Pátria como aliado, e teme seu segredo ser vazado a qualquer momento; Hughie (Jack Quaid) é confrontado pelo passado com o retorno e sua mãe (Rosemarie DeWitt) e o derrame de eu pai (Simon Pegg), na qual se afastou; Annie (Erin Moriarty) quer esquecer a persona de Luz-Estrela, mas se tornou um símbolo de posição à Pátria e à Vought mais forte que imaginava.
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Ninguém escapa do esgotamento/Tensão no ar
Marvin/Leitinho (Laz Alonso) agora ocupa a liderança dos The Boys, que tal qual os quadrinhos que a série se baseia, operam como uma equipe da CIA cotra os “Supers”, e quer se resolver cm sua família; Francês (Tomer Capone) é “perseguido” pelo inconsciente por toda as mortes que causou ao longo da vida; Kimiko (Karen Fukuhara) reencontra os Exército Luminoso de Libertação grupo que a torturou na infância.
Trem-Bala (Jessie T. Usher) não aguenta mais Os Sete e a pressão perda por Pátria no grupo, e está mais balançado do que nunca sobre sua moralidade, assim como Ryan, que está dividido entre concordar com seu pai ou não; até Ashley (Colby Minifie) não sabe qual papel desempenhar dentro da Vought.
Ou seja, todos os personagens se conectam pelo fato de estarem no limite de suas mentes, e isso traz um elemento muito peculiar à série: a sensação de que a bomba está prestes a explodir a qualquer momento. A todo tempo sentimos uma pressão no ar de todos os lados, e só não sabemos quem vai ser o primeiro a pôr para fora.
Quando isso finalmente acontecer, todos que se segurem, pois as consequências devem ser bem sérias, afinal, é oficial que “The Boys” acabará em sua quinta temporada, então a atual deve já começar a pavimentar o final. Quem atirará a primeira pedra? Só acompanhando a temporada para descobrir!
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Adições novas de The Boys acrescentam muito à série
E vamos falar do ponto alto desta nova temporada de “The Boys”: as adições das personagens Espoleta (Valorie Curry) e Mana Sábia (Susan Heyward). Falando da primeira inicialmente, ela é uma Super cujos poderes não ficaram claros, mas sua maior habilidade é disseminação de fake News e teorias da conspiração.
Isso que, primordialmente, escancara o que a série sempre foi: uma sátira e crítica ao crescimento de movimentos supremacistas e de extrema-direita, além da manipulação empresarial por parte de grandes corporações que influenciam em decisões políticas.
Não que “The Boys” fosse sútil anteriormente, muito longe disso, mas se antes a crítica vinha um pouco mais disfarçada, aqui temos a exposição completa desse pensamento, e o quão absurdo as pessoas podem agir para que aquilo que acreditam “se torne realidade”, independente das consequências.
Espoleta vem exatamente nesse papel, e até mesmo faz referência a pensamentos conspiracionistas que vemos no mundo real, como o terraplanismo por exemplo, mencionado bem rapidamente. Mas também a associação de progressistas à pedofilia de forma injusta e desenfreada também acontece.
Aliás, a personagem faz tudo isso por conta de uma conexão à Annie/Luz-Estrela no passado, que também se conecta à forma como a personagem age. A diferença é que vemos um lado que amadureceu e se arrepende do passado (olha ele de novo aqui!), enquanto outa e prendeu à dor que ele traz.
Com isso, temos uma rival direta para nossa “Super” oficial (ir isso Kimiko não se enquadra) favorita, e uma prova de como a disseminação de informação falsa pode ser nociva (nem Capitão Pátria demonstrou estar desconfortável com as falas de Espoleta).
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Mana Sábia melhor adição da série
A outra adição, como já dito, foi a Mana Sábia, e tem aqui a melhor adição ao enredo desde Tempesta (Aya Cash), e não porque elas são boas pessoas, mas pela forma como bagunçam todo o status quo de “The Boys” e dentro os Sete/Vought, e mesmo como aliadas do Pátria (enquanto Soldier Boy era uma adição de rivalidade), ameaçam de alguma forma sua soberania.
Mana Sábia é dita como a pessoa mais inteligente do universo da série, e ela que teve boa parte das ideias e atitudes desses três primeiros episódios, e já escalou até o posto de CEO da Vought, e dificilmente foi contrariada/rebatida acurto e longo prazo.
Ainda, é a única pessoa capaz de bater de frente com Pátria e ele escutar, e não ameaçar de volta (óbvio que nem 100% das vezes), se provando outra grande ameaça, mesmo que não vá sempre a campo. A melhor parte: estamos a conhecendo, então sabemos pouco de seu parado, características e até objetivos. Seu próximo passo será sempre um mistério, e não sabemos até onde vai sua índole e escrúpulos.
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“The Boys” irrita fãs
Diante de tantos pontos positivos, que expande a história que já acompanhamos desde 2019 e escancara ainda mais a sátira que a série faz, as redes sociais estão de forma geral abraçando a quarta temporada da produção, certo? Bem, não tanto assim…
De forma irônica ou planejada, as sátiras e críticas pontuai que “The Boys” sempre fez e agora deixa mais claro do que nunca, irritou alguns fãs da atração, que estão acusando a produção de “abraçar demais o progressismo” e perder seus pontos fortes.
Não atoa perceberam um comparativo que, a cada temporada, “The Boys” ia perdendo porcentagem de aprovação no site Rotten Tomatoes, e na atual, está até abaixo dos 60% que a plataforma enxerga como positivo, provando que vários fãs estão irritados com o programa.
Aliás, há um movimento até de aprovar o Capitão Pátria como uma inspiração, sendo que nunca e escondeu seu pensamento supremacista e seus ideias de “raça superior”. É preocupante em certa medida, mas também chega a ser engraçado como a sátira da série foi mais certeira que se esperava.
A série sempre teve esse tom, e apenas agora o deixou mais escancarado do que nunca, símbolo da tensão que ronda TODOS os personagens, sejam “do bem ou do mal” (apesar da maioria ter uma “área cinza” que tende mais para um dos lados), e que vai chegar ao seu clímax em breve. Demorou cinco ano e quatro temporadas para os fãs se irritarem e se sentirem “ofendidos” com “The Boys”, pelo jeito, o que eu julgo extremamente tarde…
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Em suma…
Quarta temporada de “The Boys” chega ainda um pouco devagar, com episódios mais calmos que ao mesmo tempo procuram desenvolver seus personagens e expor os conflitos de cada um muito bem em tela, além de conectar todos de alguma forma por algum ponto em comum, e fica nítido como vai explodir em algum momento.
Apesar de as críticas estarem mais para sátira e “denúncia” do que necessariamente mostrar uma solução, é o espírito que “The Boys” sempre apresentou, e irritar os fãs mais “conservadores” apenas a essa altura do campeonato enquanto zomba de fake new e teorias da conspiração só deixa ainda mais interessante.
Querendo ou não, esses três primeiros episódios são o início do fim, e ele é bastante promissor sem perder o que o trouxe até aqui!
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.