Entenda a ‘treta’ de Taylor Swift e as regravações dos próprios álbuns

Por - 27/06/21 às 10:00 - Última Atualização: 26 junho 2021

Foto de Taylor Swift com o fundo cheio de árvoresReprodução/Instagram

Taylor Swift não para e recentemente, a cantora anunciou que em novembro tem álbum novo… quer dizer, um álbum “velho” com uma nova roupagem. Acontece que a loira anunciou a versão dela para “Red”, disco de 2012 que foi um divisor de águas. Nele, ela já apontava o desejo em migrar para o pop.

E apesar da nostalgia, alegria dos fãs e os benefícios à cantora, não é uma situação pela qual a artista desejasse passar. Infelizmente, Taylor perdeu os direitos sobre o seu trabalho desde o “Taylor Swift” (2006) até o “Reputation” (2017). Mas por quê?

Em 2018, ela encerrou o contrato com a Big Machine Records, gravadora da qual fazia parte desde o início. Assinou com a Universal Publishing Group (UPMG), empresa que defenderá e cuidará de seus direitos autorais. De acordo com o The Hollywood Reporter, Swift abandonou a Sony ATV, que cuidava de seus direitos desde que tinha 14 anos.

O acordo foi anunciado em 2020. Agora, a Universal Music Group atua como parceira exclusiva das músicas de Taylor a nível mundial, enquanto a Republic Records, parte da companhia, atuará como parceira nos Estados Unidos. 

A reviravolta mesmo acontece em 2019. Swift revelou que o empresário Scooter Braun, que comprou a Big Machine Records, e o antigo dono, Scott Borchetta, se negavam a vender os trabalhos de Taylor para ela. E o fato de Scott já ser um desafeto da cantora, acusado por ter feito bullying, só agravou a situação.

A coisa piorou quando, um ano depois, Braun revendeu o catálogo de Taylor Swift para a Shamrock, empresa fundada por Roy E. Disney, sobrinho de Walt Disney, por US$ 300 milhões. “Essa foi a segunda vez que minha música foi vendida sem meu conhecimento”, ela lamentou.

Porém, existem dois pontos que são a chave do negócio: 

1 – Os donos das gravações originais têm parte do lucro com o streaming e podem controlar o uso das obras em trabalhos, mesmo que seja em um filme da própria Taylor, por exemplo. No entanto, por ser compositora, ela também tem poder de veto para certos usos e recebe parte da arrecadação. 

2- Uma cláusula do antigo contrato com a Big Machine deu a brecha para o projeto atual de Taylor. A partir do fim de 2020, ela ganhou o direito de regravar as composições registradas nos seis primeiros álbuns.

Com o “Red” quase chegando e o “Fearless” já regravado, resta esperar qual será o escolhido de Taylor Swift para ganhar uma nova roupagem! (A gente torce para que seja o 1989, né?!)

Como funcionam os contratos com as gravadoras?

Basicamente, o artista torna-se funcionário da gravadora ao assinar contrato. Sendo assim, recebe um “salário” em troca de seus trabalhos, que são as músicas, os álbuns. Igual ao dia a dia, né?! Você oferece o seu serviço para uma empresa, que te paga por ele no fim do mês. 

Por isso, a gravadora pode fazer o que quiser com o catálogo. Divulgá-lo ou não, vendê-lo (como aconteceu com Taylor e a venda da Big Machine Records).

A partir daí, a gravadora controla os trabalhos do artista por todo o período estabelecido em contrato, o que costuma ser longo. Mas uma cláusula comum é a que permite a regravação dos materiais pelo músico depois de determinado tempo.

Bom, mesmo que seja injusto, a lei está do lado da Big Machine.

A chance de recuperação

Se a única forma de recuperar o controle do seu trabalho é regravando-o, Taylor se agarrou a isso! Ele até tentou comprar o próprio catálogo, mas não houve acordo. Então ela decidiu voltar aos estúdios, regravar o que as pessoas já conheciam – e até adicionar alguns bônus – para ter de volta o que é dela.  As canções antigas ainda serão da Big Machine, que vão controlar seu uso. 

Uma lutadora pela causa

Taylor Swift passou a usar toda essa situação desagradável para alertar sobre os problemas da indústria musical/entretenimento e orientar novos artistas.

“Este é o meu pior cenário. Isso é o que acontece quando você assina um acordo aos quinze anos com alguém para quem o termo ‘lealdade’ é claramente apenas um conceito contratual. […] Os artistas deveriam possuir seu próprio trabalho por muitos motivos, mas o mais gritante é óbvio é que o artista é o único que realmente conhece aquele corpo de trabalho”, disse Swift na época, sobre Borchetta

Inclusive, em seu novo contrato, ela buscou um acordo que beneficiasse a todos os artistas da gravadora.

“Como parte do meu novo contrato com o Universal Music Group, pedi que qualquer venda de suas ações do Spotify resultasse em uma distribuição de dinheiro para seus artistas, não reembolsável. Vejo isso como um sinal de que estamos caminhando para uma mudança positiva para os criadores – uma meta que nunca vou parar de tentar ajudar a alcançar, de todas as maneiras que puder”, explicou em publicação no Tumblr.

Hoje, artistas como Jay-Z , Frank Ocean e U2 detém seus masters.

Evitando problemas

Para se resguardarem e fazerem as coisas “do seu jeito”, alguns artistas criam os próprios selos de gravadora. Aí vêm as parcerias com empresas maiores para a divulgação do seu trabalho, mas sem perderem o controle sobre ele.

Jay-Z, por exemplo, é dono da Roc Nation, que já é uma grande gravadora. Tal como Rihanna, fundadora do selo Westbury Road Entertainment.

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