Escândalo Íntimo: Novo álbum de Luísa Sonza é o melhor da sua carreira?
Por Murilo Rocha - 30/08/23 às 11:17
Falem bem ou falem mal… Luísa Sonza conseguiu colocar seu nome no topo mais uma vez. A cantora vem mostrando que não é à toa que sempre tem alguma coisa para falar ou para escandalizar. Na terça-feira, 29 de agosto, ela colocou no mundo o “Escândalo Íntimo” com a promessa de que as pessoas receberiam sua nova faceta: música pop e letras mais densas e reflexivas. Ao anunciar o álbum com a sua foto de capa e contra-capa, ela disse:
“É uma longa história… Me doeu tanta coisa por tanto tempo e agora tudo do meu eu mais íntimo vai estar aí, pra todo mundo ver e escutar. Vocês vão entender aos poucos… Esse álbum é sobre histórias de amor que deram errado, sobretudo, a de mim comigo mesma. Pesadelos. Uma autoanálise de um relacionamento abusivo, antes comigo, do que com os outros, que eu só descobri no meio de todo o processo. Que burrice a minha achar que alguém além de mim era culpada por tudo que fiz comigo.”
Ela entregou tudo isso que prometeu ou fez um álbum com mais do mesmo? Descubra!
A e B: Amor e Sexo
O álbum abre com a instrumental “Escândalo íntimo” e segue para “Carnificina”, juntamente com “Dona Aranha” e “Luísa Manequim”, o primeiro quarteto de músicas conta um pouco mais sobre o lado mais sexy de Luísa, além de colocar em foco seu protesto como artista mulher e trazendo batidas de pop que certamente vão incendiar a pista por aí das baladas e do próprio “The Town”, que a cantora é um dos grandes nomes que vem aí no festival.
Depois, ela abre o lado B com “Todas as Histórias”, um áudio que representa todos os emocionados do Brasil e do mundo. Ela dizendo que está apaixonada por um boy que mal conhece, mas que já quer estar com ele a todos os momentos. Seguidos de “Romance em Cena”; A polêmica “Campo de Morango”; “Surreal” e “Iguaria” ela dá o toque romântico no álbum: Com exceção do primeiro single, todas as outras exploram instrumentais mais densos e vocais mais precisos, tal como “Surreal” que trás Baco Exu do Blues em uma parceria muito forte e necessária: A doce voz de Luísa com o tom grave do cantor entregam uma das melhores químicas nesse álbum. Para fechar o lado B, “Chico”, uma declaração de amor para seu novo namorado, já que os pombinhos estão mais unidos do que nunca e declarando muito amor um ao outro.
Bem-vindos ao Escândalo Íntimo
Com algumas faixas bloqueadas, como “La Muerte”; “O Amor Tem Dessas” e o próprio interlúdio que separa o bloco (“De Amor”), caímos de cara em “Onde é Que Deu Errado?”. A cantora reflete sobre um término de namoro pesado e que deixou marcas e cicatrizes em seu peito, cantando com toda a dor que pode juntamente de um instrumental um pouco mais denso durante seus quase 4 minutos de duração. E aí, caímos na continuação de “Penhasco”. Se no “Doce 22”, a faixa pegou todos de surpresa com uma letra bem mais pesada que o próprio álbum, a continuação traz o mesmo sentimento em uma composição cheia de dor e com vocais que mostram a clara dor da cantora.
“Penhasco2” é uma parceria com Demi Lovato. A norte-americana canta em português sobre saudade, dor no peito por conta de uma dor causada pelo amor: “Meu peito que chama, sara a dor que me arranha e me arranca a paz”. As duas estão tão sintonizadas e com uma alquimia tão perfeita e tão gostosa de ouvir! O dueto das duas é o ponto alto, para este repórter, do álbum. Não é só uma faixa cantada sobre um término, é uma faixa que dói, que transmite o sentimento, que passa verdade acima de tudo.
“Outra vez” foi citada no texto que Luísa anunciou o álbum e é de fato bem dolorosa. Seguida de “Penhasco2” é difícil colocar ela como a mais doída, mas também é uma faixa que evoca uma melancolia. “Prefiro pensar que em algum lugar nossa história existe e que não seja tão triste”, versa Luísa. Não é fácil um artista se despir de tanta vaidade e se mostrar vulnerável. E ela fez isso com maestria neste bloco.
Depois, ela segue com “Principalmente Me Sinto Arrasada”, que analisamos e contamos sobre as crises de Luísa. Mas, para ser honesto, é aquela canção que mostra a perfeita ‘bagunça’ que é uma crise: Começa em uma grande agitação e termina em uma grande dor. É assim que essa faixa é tocada. Para fechar, um feat animadíssimo com Duda Beat em “Ana Maria”, um cover junto com letra original de Rita Lee em “Lança Menina”, onde a cantora aparece aqui em um momento viral e fica encaixada perfeitamente na proposta da canção e “Não sou Demais”, a faixa que, momentaneamente, fecha o álbum até “You Don’t Know Me” ser liberada.
O Maioral?
Fica claro a evolução de Sonza: A “Boa Menina” passou por dois álbuns pop que tinham algumas coisas a serem ditas, mas nem tudo era tão claro e óbvio. O “Doce 22” trouxe uma Luísa mais festeira e refletindo justamente essa fase da vida adulta, a transição entre a adolescência e a fase adulta., bem como a confusão e as primeiras dores que cada um sente durante esse momento, até mesmo coisas como términos de namoro e autoconhecimento.
Então, fica claro que “Escândalo Íntimo” chegou no momento certo. Ela não só mostrou a versatilidade de Sonza, mas mostrou também que a cantora não é uma artista pop superficial. As dores e os momentos pesados que ela passou pelos últimos anos estão refletidos de forma muito bem-feita em um álbum que, apesar de incompleto por conta das faixas bloqueadas, ela traz uma genuinidade tão boa e tão forte que é impossível não se identificar com pelo menos uma faixa. Sim, ela fez isso. Todo o artista tem ‘O’ álbum. E acredito que Luísa atingiu esse momento com o seu novo projeto. Ela fez o álbum de sua carreira e calou a boca de muitos que julgavam ser impossível.
Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha