Alcides Nogueira escreve sobre a série JK

Por - 02/01/06 às 18:25

Divulgação/TV Globo

Poucos dias antes do Natal, enviei um e-mail para o bom amigo Alcides Nogueira, pedindo um texto sobre a minissérie JK, que estréia nesta terça-feira, dia 3, na Rede Globo.

Ninguém melhor que o próprio autor (Alcides escreveu JK em parceria com Maria Adelaide Amaral) para falar de sua obra e “falar” com os leitores sobre as sensações vividas pelos criadores às vésperas da grande estréia.

O texto a seguir foi escrito por Alcides Nogueira. É um orgulho poder publicar, na íntegra, as palavras de um dos criadores. Melhor que isso será acompanhar a série do começo ao fim e conhecer um pouco mais da historia de nosso país desde os agitados anos 60, tempo marcado por mudanças de hábitos, revoluções culturais, conquistas políticas…

Com a palavra, Alcides Nogueira:

"Escrever uma minissérie do porte de JK não é uma tarefa fácil. Maria Adelaide e eu estamos nessa empreitada há mais de um ano e meio, quando começamos as primeiras pesquisas.

Antes de fazermos a sinopse, lemos muitos, mas muitos e muitos livros, entrevistamos pessoas, vimos documentários, examinamos arquivos de jornais e revistas… Tudo isso para que a história seja contada de maneira fiel. Afinal, trata-se da trajetória de um dos maiores políticos que este país já teve, e um homem que lutou muito para conseguir chegar até a Presidência da República. Um mito.

A minissérie pretende enfocar Juscelino Kubistchek de Oliveira sob vários ângulos: sua infância pobre em Diamantina (MG), sua luta para conseguir se formar médico (brilhantemente), sua carreira política… Ao lado dessa imagem pública, também nos debruçamos sobre o homem JK: boêmio, seresteiro, muito alegre, fiel aos amigos, estudioso, culto…

A minissérie irá contar quase 74 anos da história do Brasil, pois começa com o nascimento de JK e termina com os funerais dele, em 1976, que foram a primeira grande manifestação popular contra a Ditadura Militar.

Uma minissérie, mesmo sendo baseada em fatos reais, é uma obra de ficção. Assim, criamos várias tramas, com personagens que nós inventamos, para que, além da História, haja romance, emoção, aventuras… Esses personagens estão inseridos com muito cuidado na saga de JK. São tipos representativos das épocas que serão retratadas.

Trata-se de uma grande produção, que está sendo dirigida por Dennis Carvalho e sua equipe: Amora Mautner e Vinicius Coimbra.

Maria Adelaide e eu temos como consultor histórico Ronaldo Costa Couto, e a pesquisadora Madalena Prado. Além disso, na escrita, contamos com a colaboração de Geraldo Carneiro (cujo pai foi secretário de JK), Letícia Mey e Rodrigo Arantes do Amaral.Talvez essa minissérie seja um dos maiores projetos da Rede Globo até hoje. E estará no ar exatamente quando se completam 30 anos da morte de JK, e 50 anos de sua posse na Presidência da República.

É importante ressaltar que a minissérie não irá mostrar somente a vida do ex-presidente. Mas a efervescência cultural daquele período, quando surgiram a bossa-nova, o cinema novo, o teatro engajado, e quando as nossas artes plásticas e arquitetura tiveram reconhecimento internacional, o Brasil ganhou a Copa de 1958… e também a mudança de costumes, com a chegada do rock, das lambretas, dos blusões de couro, da cuba-libre e do hi-fi… das festinhas de embalo… da moçada usando biquíni.Apesar do trabalho insano, muito grande mesmo, de todo o rigor que estamos buscando, sentimos um prazer muito grande com cada capítulo escrito. E é isso que esperamos provocar no telespectador: que ele conheça melhor JK e tudo o que fez e representou. Nunca o Brasil foi tão alegre e feliz como naquela época. E, revisitar esses fatos todos, pode fazer com que haja uma reflexão maior sobre nosso país.

Claro que Maria Adelaide e eu estamos ansiosos para saber como o público irá receber nossa minissérie. Mas, podemos garantir que essa história será contada seriamente, e com muito carinho. Respeitamos o público, pois sabemos que ele é extremamente inteligente. Tivemos a prova disso com nossa minissérie anterior – Um Só Coração -, que colocou no ar, com muito sucesso, o universo dos modernistas, a história de Yolanda Penteado e Ciccillo Matarazzo, a criação da Bienal…

E, também como em Um Só Coração, recebemos a adesão generosa das famílias retratadas na minissérie. Isso nos deixa muito felizes. Tomara que aconteça o mesmo com os telespectadores, pois o esforço é para isso: unir entretenimento e informação, provocar emoções e reflexões… Mostrar que essa história, de uma forma ou de outra, é a de todos os brasileiros. E que podemos ter muito orgulho de nosso país."

Alcides Nogueira

Clique aqui para ler os resumos dos capítulos da minissérie JK!


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