Dancing With The Devil: o diário de Demi Lovato

Por - 08/04/21 às 07:00

Reprodução/Instagram

Há quatro anos atrás, Demi Lovato lançava a sua última aventura musical. "Tell Me You Love Me (2017)" trouxe temáticas poderosas, como o amor, a decepção e o empoderamento para os fãs. Como se tivesse previsto nas letras o que poderia estar por vir em sua vida, mais tarde, Demi teve uma recaída às drogas e uma overdose poderosa que quase tirou a sua vida: É sobre esse momento difícil que o seu novo álbum, "Dancing With The Devil…The Art Of Starting Over", fala.

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Antes do lançamento, Demi já vinha dando algumas dicas do que estaria por vir, como quando criou a música “Sober”, e quando se abriu sobre o assédio sexual e a depressão na sombria “Anyone”, a qual apresentou na cerimônia do 62º Grammy Awards.

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Agora, em 2021, a artista mostrou que está mais do que pronta para compartilhar o mundo mais íntimo da sua carreira para o público. Com um cuidado mais do que especial, a cantora abriu momentos mais sensíveis para os fãs e, com uma autocrítica, convidou a todos para conhecer a sua história. O resultado, que vem acompanhado de um documentário no youtube, tomou forma em ‘Dancing with the Devil… The Art of Starting Over’, literalmente apostando em um renascimento não só de sua carreira, mas dela mesma.

Narrativa

Como se fosse um livro cantado, a ordem escolhida para o repertório foi um grande acerto. A abertura do álbum com a música “Anyone“, como um grito de socorro; O dia da overdose, em “Dancing With The Devil”; E a recuperação no hospital em “ICU (Madison’s Lullabye)”, são sequências que ajudam a entender cronologicamente os fatos que aconteceram na vida de Demi e também a compreender como ela vem lidando e se recuperando desde então.

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A música que dá nome ao álbum, “Dancing with the Devil”, mistura a sensualidade e a acidez em um único lugar. Flertando com o perigo das drogas, daquilo que dá um pouco de tranquilidade, Demi pede desculpas da forma mais indesculpável possível por ter dançado com o diabo e ter se deixado levar pelo que lhe dava prazer.

Já “ICU (Madison’s Lullabye)” se transforma em um poderoso pedido de desculpas à meia irmã, Madison De La Garza, a qual não conseguiu reconhecer depois de acordar na cama do hospital, não chegando nem mesmo a compreender de quem era a voz que a acompanhava. Fazendo as pazes consigo mesma e deixando que os demônios de um passado não muito distante, ela agora pode contar aos fãs tudo que querem saber.

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Sonora

Em seu último álbum, “Tell Me You Love Me” (2017), Demi optou por combinar todas as suas referências musicais do soul, r&b e pop, resultando em um dos álbuns mais consistentes e maduros da sua carreira até então.

Já em “Dancing With The Devil…The Art Of Starting Over”, as produções escolhidas, que acompanham as suas composições mais confessionais, a cantora reuniu referências do pop/rock, indie e até um pouco de folk para flertar com suas raízes mais pop, trazendo uma ambientação suave e delicada.

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A cantora ainda se uniu a diversos nomes da indústria musical, como o dueto com Fischer; a elegíaca e evocativa “Easy”, dramatizada ao lado de Noah Cyrus em um turbilhão orquestral de piano e violinos; “My Girlfriends Are My Boyfriend”, que a une com a rapper Saweetie e dá espaço para construções feministas movidas pelo pop-noir e pelo rap; e a aguardada “Met Him Last Night” – aliando-se à Ariana Grande.

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O problema do álbum, no entanto, é que mesmo com ótimos momentos o álbum perde o ritmo. Há falta de uma produção mais incisiva e memorável. Muitas das produções acabaram caindo em saídas previsíveis, junto a refrãos pouco inspirados, e até datados. Como, por exemplo, em ” What Other People Say (feat. Sam Fischer)”, “Lonely People” e “Melon Cake”, que mesmo com composições brilhantes, a produção não consegue acompanhar e encantar da mesma maneira.

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Mesmo assim, o álbum consegue se segurar em ótimos momentos. Escutá-lo é quase como ler um diário de Demi sobre os últimos anos. As ótimas composições conseguem contar do início ao fim situações extremas de uma maneira emocional, mas sem se tornar algo clichê ou brega. Não à toa, Demi brilha quando envolve o ouvinte em suas baladas emotivas, ao compartilhar as suas vulnerabilidades.

Maiores destaques

Met him last night (feat Ariana)

Desde o anúncio da parceria dessas duas grandes vozes do pop atual, a música se tornou a mais aguardada entre os fãs. Aos poucos a união da orquestra com os beats de trap, criam uma vibe sombria e sexy, o que foge um pouco do decorrer do disco. A junção de Ariana Grande e Demi é um grande acerto e faz a música se elevar cada vez mais. As duas mostram as suas habilidades vocais com uma ótima divisão de tempo entre as duas.

The Art Of Starting Over

Em um dos melhores momentos em termos de produção, as baterias e o teclado de fundo deixam a música com um clima elegante, evidenciando a clara inspiração no r&b. Com um clima muito agradável ao ouvinte, a letra é sobre deixar a escuridão sair e ter força de recomeçar e reescrever um novo caminho para você mesmo. 

Easy (feat Noah Cyrus)

Algo que Demi sabe muito fazer, principalmente nesse álbum, são as suas baladas. A parceria com Noah Cyrus é outro ponto forte, em uma das composições mais poéticas, e até menos diretas em comparação com o resto do disco. Começando com voz e piano, a música cresce e ganha intensidade com a chegada dos tambores e da orquestra, destacando o sentimentalismo que a composição busca. Além disso, os vocais entrelaçados de Lovato e Noah são uma ótima combinação, demonstrando toda a capacidade de extensão vocal de ambas as cantoras. 

The Kind of lover I Am

A bateria bem marcada e a guitarra de fundo conseguem tirar um pouco da tensão do disco, construindo uma das faixas mais leves e ensolaradas do álbum, onde Demi retrata a sua liberdade e sexualidade. Vale destacar as camadas harmônicas feitas por Demi que ecoam durante toda a faixa, junto a linha de baixo, construindo toda uma atmosfera etérea para a faixa. É uma música ideal para ouvir naquele fim de tarde.

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