Renascer: Conheça mais sobre Bruno Luperi, autor da novela
Por Flavia Cirino - 22/01/24 às 18:00
Responsável pelo sucesso do remake de “Pantanal”, novela que assim como “Renascer’ foi originalmente escrita por seu avô, Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi passou a infância acompanhando a criação de memoráveis novelas.
Renascer: Saiba mais sobre o protagonista José Inocêncio
Em 2014, ele abandonou a carreira publicitária para dedicar-se exclusivamente à dramaturgia. Sua estreia na televisão aconteceu dois anos mais tarde quando, ao lado de sua mãe, Edmara Barbosa, assinou a novela “Velho Chico”, indicada ao Emmy Internacional em 2017. Na época, aos 28 anos, ele se tornou um dos mais jovens autores a escrever para o horário nobre.
A releitura de “Pantanal”, exibida na TV Globo em 2022, também foi indicada na categoria “Melhor Telenovela” ao Emmy Internacional 2023. Agora em 2024, ele volta a escrever outro clássico da teledramaturgia brasileira.
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“’Renascer’ fala do Brasil profundo. O José Inocêncio é o cara que conversa com a terra e ela responde, e ele tem a sensibilidade de ouvir o que a terra diz, é um homem que fala a língua da terra, de fato, que planta”, destacou Bruno Luperi.
“Eu parto da concepção original: no dia que ele finca o facão naquela região, ele está plantando uma semente da vida. Ele está criando uma relação honesta com aquela terra onde, mata e morre por ela e ela mata e morre por ele. Ela fala sobre a verdade, sobre a vida e sobre o nosso tempo”, enfatizou o autor.
Ele detalhou o que o motivou a escrever a releitura da novela, considerada um clássico da teledramaturgia:
Sou apaixonado pela obra do meu avô. Ele é a minha maior referência, nada se compara a ele, que desbravou a dramaturgia brasileira por esse viés do Brasil profundo, do rural, desse realismo fantástico, e sempre mesclando o imaginário com o tom realista”.
O novelista apontou que “Renascer” o toca em diferentes níveis: “Eu considero que é a dramaturgia mais potente que ele atingiu enquanto autor. A novela que mais me toca e a primeira que eu tenho lembranças viva. Eu tinha 5 anos quando foi exibida a primeira versão. Então, tenho todas essas lembranças da memória afetiva, de uma novela sendo concebida por ele, e acontecendo na frente dos meus olhos através das reuniões com os atores e diretor. O tempo escreve com a gente, né?”, contou.
Renascer: Bruno Luperi não queria mexerem outra trama do avô
“Ao longo desses 31 anos muitas coisas mudaram. O tempo determinou muito de como se aborda, de como se trata certas narrativas e de como se traduz aquela cena para o tempo de hoje”.
O autor ainda ressaltou a importância de trazer a versão atualizada para o público e apresentá-la também a nova geração: “Essa novela fala de renascimento, de reencontros, mortes e ressurgimentos. O José Inocêncio é um personagem maravilhoso. Ele é desconstruído e se reconstrói, se transforma e se ressignifica”.
Ele continuou o pensamento: “Isso é muito importante para os dias de hoje. Eu acho que essa novela será muito boa nesse momento de novas consciências, de despertar perguntas e questionamentos mesmo que a gente não tenha respostas”,disse.
“Apesar de ser uma novela escrita há mais de 30 anos, eu a considero muito moderna. A função da novela pra mim é apresentar o retrato da sociedade para que depois aquilo seja discutido pela própria sociedade e não por mim”, comentou o autor de “Renascer”.
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Bruno Luperi comentou como fez para adaptar uma obra como “Renascer”, 31 anos depois da exibição original: “O exercício da nossa função aqui é se valer de um espelho: a gente tem a possibilidade de olhar para o Brasil de 31 anos atrás e trazer esse reflexo para hoje. Eu sou a pessoa a que foi designado adaptar um clássico. A minha proposta não é recriar” disse ele.
Acho que essas obras não precisam de um novo autor, mas sim de uma adaptação para os dias de hoje. Respeito profundamente o trabalho que me precede, o autor que me precede e que concebeu essa história. E respeito também as histórias que ele criou. Eu não estou aqui para reinventar a roda, muito pelo contrário”.
“Eu sempre uso a metáfora que me foi oferecido a chave de um jardim que o meu avô planou trinta e um anos atrás. Então, ao entrar nesse jardim, eu consigo ver claramente ali o efeito do tempo sobre ele. Então, eu vejo as espécies que vingaram, que floresceram bem, e também as que não vingaram, que precisam ser ressignificadas”.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino