MC Carol de Niterói é vítima de gordofobia durante show em Fortaleza

Por - 02/08/22 às 08:19

MC Carol de Niterói, de chapéu e batom no tom azul, sorrindoMC Carol de Niterói canta funk que aborda racismo, gordofobia e machismo - Foto: Reprodução; Instagram @mccaroldeniteroioficial

Enquanto se apresentava no Gandaia Club, em fortaleza, no último domingo, 31 de julho, MC Carol de Niterói passou por uma situação bastante constrangedora e indelicada. A funkeira foi atacada com frases gordofóbicas e comentou o ocorrido na segunda-feira, 01 de agosto, em seu perfil no Twitter.

Em uma publicação, uma pessoa da plateia chamava a artista de “mulher gorda da p****”. Ele ainda chamou a cantora de Thais Carla, em referência à influencer e dançarina, que inclusive foi a primeira pessoa no país a ganhar uma causa judicial por conta do tema.

Carol retuitou a publicação e deixou seu comentário, indignada com mais esse ato de gordofobia. A cantora ressaltou o desrespeito durante sua apresentação.

“Aconteceu uma série de desrespeitos nesse show! Alguém jogou alguma coisa em mim enquanto eu cantava, depois uma mina colocou várias vezes a mão com força na minha cabeça, até eu reclamar e afastarem ela de mim”, começou a funkeira.

“Esse menino (do vídeo), eu nem reparei! E ser chamada de Thais Carla é elogio”, disse a cantora. “Thais é super talentosa! Eu queria ter um terço das habilidades dela, sério”, escreveu a funkeira.

Apesar da situação desrespeitosa e preconceituosa, Carol de Niterói ressaltou que recebeu muito amor em Fortaleza e afirmou que pretende voltar à capital cearense.

“O amor e tratamento vip que eu recebi em Fortaleza foi muito maior, gente! Então fiquem despreocupados, eu já quero voltar”, finalizou a cantora.

QUEM É MC CAROL DE NITERÓI

Nascida e criada no Morro do Proventório, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Carolina de Olveira teve uma infância protegida pelos avós, mesmo assim foi expulsa de casa após a morte do avô. Essa experiência inspirou o maior hit de sua carreira, “Minha vó tá maluca”.

Ela foi morar sozinha em um barraco e afirma que “foi salva pelo funk”: “Todos falavam que eu não ia durar mundo, até que o funk entrou na minha vida. Aos 15 anos a parada virou e aos 16 eu já estava pegando estrada”, contou a funkeira, que chegou a ser cogitada no Camarote do “BBB22”.

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Conquistando os palcos do país, Carol passou a retratar em suas letras a realidade das periferias, a luta pelas mulheres e falava sem medo sobre sexualidade. Nada fácil no início, por se ver num universo dominado por homens.

“Alguma coisa dentro de mim falava que ia dar certo. Eu persisti e o gunk mudou minha vida”, disse em entrevista à revista Elle, da qual protagonizou uma capa icônica.

O álbum de estreia, em 2016, “Bandida”, foi um lacre. A música de Carol acabou virando referência em universidades e ela foi parar na “Brown University”, nos Estados Unidos, como palestrante. Daí seguiram shows no Reino Unido, Alemanha, Lollapalooza e Rock in Rio, entre inúmeros outros. 

Em 2018, a funkeira tentou uma vaga como deputada estadual, mas não teve sucesso: “Foi coisa de jovem, de quere lutar por um mundo melhor. Foi a pior experiência que tive, fui muito perseguida e atacada”, garantiu. No ano passado, Carol de Niterói lançou o segundo disco, “Borogodó”, e a faixa “Levanta Mina” virou hit, um questionamento aos padrões estéticos.

MC Carol de Niterói, de chapéu, com o microfone na boca,  cantando, toda de azul claro, inclusive o batom
MC Carol de Niterói canta funk que aborda racismo, gordofobia e machismo – Foto: Reprodução; Instagram @mccaroldeniteroioficial

O QUE FAZER AO SER VÍTIMA DE GORDOFOBIA

A gordofobia se trata de diversas dificuldades enfrentadas pelas pessoas acima do peso, desde ofensas e ridicularizarão, falta de acessibilidade – como catracas apertadas no ônibus – e até mesmo a discriminação médica, quando o paciente é tratado mais agressivamente do que uma pessoa magra seria.

A prática não é crime, mas pode ser enquadrada por injúria e danos morais, que são da esfera criminal e cível, respectivamente. Caso a opção escolhida seja a punição criminal, é necessário fazer um boletim de ocorrência.

Nas duas opções é preciso juntar todas as provas do ocorrido. No caso de danos morais, por exemplo, as punições são multas ou detenção. O valor da multa é decidido conforme a agressão cometida.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino