Paulo Vieira apoia Eddy Jr e participa de protesto contra ato racista
Por Murilo Rocha - 21/10/22 às 14:00
Na noite de quinta-feira, 20 de outubro, o humorista Paulo Vieira participou de um ato antirracista em apoio ao humorista Eddy Jr., que foi vítima através de ameaças de mortes e xingamentos contra ele na zona oeste de São Paulo. Vieira publicou em seu Instagram que esteve lá, e com cartazes escritos “Nenhum preto vai ficar sozinho”, ele disse:
“Foi só mais um caso de racismo essa semana. A gente sabe que o racismo é uma coisa que persiste nesse país. Interessante que foram casos com pessoas públicos, como Seu Jorge. Esses casos escancaram a crueldade do racismo”.
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O CASO
Por conta da grave ameaça, Eddy deixou o condomínio, após o ocorrido criminoso que Elizabeth Morrone cometeu contra o humorista. Ele também disse que a perseguição acontece desde abril. O caso do elevador aconteceu na segunda-feira, 17 de outubro, e contou com imagens divulgadas, onde o filho o ameaçava com uma faca, e a mulher com uma garrafa, em setembro. A gota d’água foi quando ela proferiu ofensas ao rapaz:
“Ela não quis usar o mesmo elevador que eu. Ela falou que ‘não sabe o que eu estava fazendo aqui’, que esse tipo de gente ‘não pode morar aqui’ e que ‘não sei como tem dinheiro para morar aqui’. Aí, eu gravei ela me chamando de macaco, começou a me chamar de urubu”.
Nas suas redes, ele fez um desabafo, onde contou tudo que tinha acontecido:
“‘Macaco, imundo, feio, urubu, neguinho, um perigoso que não merece morar aqui, uma pessoa que oferece riscos para os moradores desse condomínio’, foi isso tudo que eu tive que ouvir ontem por ser preto… Pra finalizar tive que ficar dentro da minha casa sofrendo ameaça de morte e calúnias sobre mim novamente por ser preto…Ser impedido de entrar no mesmo elevador da moradora branca por ser preto também… Não sei descrever o sentimento que tô sentindo, venci fazendo as pessoas sorrirem e isso não vai mudar. Vou continuar fazendo vocês sorrirem, porém agora vai ser um pouco mais difícil. Beijo pra todos que gostam de mim, espero que vocês compartilhem isso e façam essa mulher pagar pelo CRIME que ela cometeu…”.
Em seu Twitter, Eddy deixou claro que foi até a polícia e registrou queixa criminal, além, de agradecer a imprensa pela cobertura e divulgação do caso:
“Acabei de prestar meu depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) de São Paulo, gostaria de agradecer a toda equipe da delegacia pela sensibilidade na forma de conduzir o caso. Deixo também meu agradecimento aos repórteres que estão realizando uma cobertura sensível e tão importante desse caso”.
Citando o líder Martin Luther King, Eddy agradeceu a solidariedade, ao carinho, e explicou por que se manteve firme, sem perder as estribeiras ao sofrer o ataque racista:
“Como o dr. Martin Luther King disse: EU TENHO UM SONHO! De que ninguém passe por tudo o que estou passando. Obrigado equipe por cuidar de mim e de todo esse processo para que eu possa continuar fazendo o que tanto amo que é fazer humor e música! Não fui o primeiro e nem o último. Quero que fiquem em paz… vou continuar fazendo meu humor minhas músicas e vou continuar vencendo… Pela minha mãe pelas minhas irmãs e por vocês que gostam dos meu conteúdo. Sabe por que eu não me alterei e não me exaltei no vídeo? Sabe o porquê da minha calma? Porque esse tipo de gente não merece nem isso de mim, vim pro mundo com um propósito, alegrar pessoas, e não é uma racista que vai fazer eu perder isso. Hoje eu sofri uma das coisas mais tristes da minha vida, pensei mil vezes em não postar o vídeo por causa da minha mãe que é uma senhora de idade, por causa das minhas irmãs, fiquei pensando como ela iam se sentir vendo eu passar por isso”.
CASO SEU JORGE
Nesta terça-feira, 18 de outubro, a Polícia Militar encontrou um vídeo no qual foi registrado o exato momento em que o cantor Seu Jorge, foi vítima de ofensas racistas. Ele se apresentou no clube Grêmio Náutico União, em Porto Alegre, na última sexta-feira, 14 de outubro, quando foi atacado. Com o acontecimento, a Polícia Civil notificou o local para entregar registros de câmeras de segurança do espaço, em até três dias, com o intuito de identificar suspeitos.
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Com os vídeos recebidos, foi possível perceber o instante em que o artista é chamado de “macaco” e quando as pessoas começam a imitar o animal, no final da apresentação. A delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, é responsável por apurar o caso. Empenhada, a delegada contou ao G1 que irá investigar a fundo o acontecimento. “Hoje [terça], irei intimar o dirigente do clube e pegar identificação dos organizadores”, afirmou a delegada. A expectativa é que o dirigente seja ouvido até o final da semana.
Confira o vídeo que registra o ato, e em seguida a resposta do cantor:
POSICIONAMENTO
O Grêmio Náutico União se posicionou por meio de uma nota, afirmando que estão apurando internamente os fatos e, se for comprovado que ocorreu alguma manifestação racista, os envolvidos serão responsabilizados. Além disso, existe a suspeita de que o clube tenha deletado as postagens do show, as quais foram divulgadas em redes sociais.
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“O Grêmio Náutico União está apurando internamente os fatos ocorridos em evento realizado no dia 14 de outubro, durante apresentação do cantor Seu Jorge. Se for comprovada a prática de ato racista, os envolvidos serão responsabilizados. Afirmamos que o União, seguindo seu Estatuto e compromisso com associados e sociedade, repudia qualquer tipo de discriminação.”
De acordo com o jornal O Globo, conforme OFuxico destacou, a motivação do ataque da plateia teria acontecido antes do artista se despedir pela primeira vez e ter levado ao palco um jovem negro para tocar cavaquinho e discursar contra a maioridade penal e as mortes de outros jovens negros em comunidades mais pobres.
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Em formação no Jornalismo pela UMESP. Escreve sobre cultura pop, filmes, games, música, eventos e reality shows. Me encontre por aí nas redes: @eumuriloorocha