Preta Gil abre o coração sobre separação: ‘Instinto de sobrevivência’
Por Raphael Araujo - 05/06/23 às 14:54
A luta de Preta Gil contra o câncer de intestino está sendo recheada de momentos intensos de sua vida pessoal, mas em conversa com a Marie Claire, ela definiu o momento como de “transformação”: “Eu não romantizo em nenhum momento essa doença, porque ela não tem nada de bom. Mas, dentro das adversidades, das vulnerabilidades, a gente se fortalece e se transforma”.
“Estou recebendo uma enxurrada de amor. Sempre dei muito amor. Agora estou me permitindo receber. E estou vendo tudo isso em vida”, garantiu ela, que está mudando seus planos constantemente na atualidade: “Fiz um disco em 2021 que iria lançar e já não quero. Quero fazer outro, porque agora as minhas vontades estão muito ligadas à minha urgência em viver”.
No decorrer da conversa, a cantora falou de como uma alimentação saudável e atividade física podem influenciar em um câncer: “A alimentação, o sedentarismo e questões de estilo de vida podem influenciar no surgimento de um câncer. Tenho essa consciência, mas estou trabalhando na terapia para não me punir por isso”.
“Não fumo e não bebo, mas ultra processados, açúcares e refrigerantes faziam parte da minha dieta. Agora tudo mudou. No momento em que saiu o meu diagnóstico, a Bela estava sentada na cama comigo e na hora fez uma lista do que eu não posso mais comer. Estou seguindo à risca”, revelou a artista.
DECIDINDO SE SEPARAR EM MEIO AO TRATAMENTO
Em meio ao tratamento da doença, Preta Gil se separou de Rodrigo Godoy, mas no início da entrevista, ela não se considerava parte da estatística do Conselho Nacional de Mastologia de que 70% das mulheres em tratamento oncológico são deixadas por seus companheiros.
“Essa escolha coincidiu de ser no meio de um tratamento oncológico, então eu não me considero parte dessa estatística”, declarou ela. Posteriormente, porém, Preta mudou de ideia sobre o assunto, e reavaliou a situação na qual viveu. “Infelizmente eu faço parte dessa estatística, sim, porque de fato o relacionamento acabou. Por mais que não estivesse bom até então, e por mais que eu tenha decidido separar… A decisão foi minha, mas já estava acabando. O casamento não superou um tratamento oncológico. Não é tão pragmático”, afirmou.
“A gente fica tentando justificar. Existem nuances em uma separação tão sofrida como foi a minha. Mas eu faço parte, sim. A gente não conseguiu passar por isso”, completou Gil, que contou também ter sido bastante questionada pelos amigos acerca da decisão.
“Meu instinto de sobrevivência me fez querer me separar, mesmo eu estando com câncer, porque não estava me fazendo bem. E é machista achar que preciso ficar casada para ser cuidada. Por que o marido é mais importante que a mãe, o pai, a irmã, o amigo? Isso é um traço do patriarcado, que coloca essa importância tão grande no homem”, afirmou.
“Depois de um tempo, percebi que essa decisão é prova da profundidade do meu mergulho. Se, neste momento, não for para descer fundo, repensar, então para quê? Estou tendo uma segunda chance de viver e isso tem um propósito”, falou Preta Gil.
ATIVISMO GANHA NOVAS CAMADAS
Muito conhecida por ser ativista das causas sociais, Preta Gil falou de como seu corpo estimula discussões: “Meu pai diz que eu não carrego, mas que eu sou a própria bandeira! Ao defender a minha existência como uma mulher gorda, bissexual, preta, isso há tantos anos, quando nada desses assuntos era pauta ainda, coloquei meu corpo a esse serviço”.
“Agora vou falar sobre me curar de um câncer, sobre tratamento, autocuidado. É por isso que estou dando esta entrevista”, declarou à Marie Claire. “Sempre fui vidraça. Racismo, homofobia, todos esses preconceitos cansam, ferem. Mas, quando a vida está no limiar, é outro rolê. E não se trata de mim, que tenho uma vida de privilégios. Tem gente na fila do SUS esperando um exame de colonoscopia há um ano. E então morre”.
Ao fim da entrevista, ela aproveitou para alertar os fãs: “Gente, não é normal ficar dez dias com intestino preso, fazer fezes com sangue, com muco, achatada. Procurem um médico. Eu achava isso normal. Não é”.
“Vou usar minha visibilidade e repetir que é preciso beber água, se alimentar bem, comer fibras. A nossa geração foi envenenada pela indústria. Precisamos ficar atentos, não vou cansar de repetir. Quando eu ficar curada, vou dar muita atenção a isso, criar uma fundação, otimizar processos, justificar o propósito de tudo isso”, concluiu Preta Gil.
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Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.