Carnaval 2024: Mocidade Independente quer a vitória com sabor de caju

Por - 12/02/24 às 22:00 - Última Atualização: 13 fevereiro 2024

Aline Mineiro na MocidadeRoberto Filho / Agnews

Determinada a resgatar a sensualidade do brasileiro através do enredo, a Mocidade Independente de Padre Miguel, antes de tudo, vai encher a Sapucaí de caju. A fruta tropical, originalmente do Ceará, vai adoçar os foliões com “Pede caju que dou… Pé de caju que dá”, enredo criado e desenvolvido pelo carnavalesco Marcus Ferreira.

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Gabi Martins na Mocidade
Roberto Filho / Agnews

“História de brasilidade que é a cara da escola. O caju sempre é protagonista na história do brasileiro. É arte, é sabor, o caju proporciona diferentes sentimentos. Vai retratar a sensualidade latente que tem dentro de nós”, afirma o carnavalesco, primeiramente.

Explicitamente, a princípio o enredo traz de volta os desfiles mais leves que levaram a Mocidade Independente de Padre Miguel à vitória nos anos 80 e 90.

Também conhecida como “A estrela-guia de Padre Miguel”, a agremiação da Zona Oeste aposta no samba e no enredo como trunfos. Dessa forma, através de uma obra que resgata o perfil da escola, o foco é a vitória.

Desfile da Mocidade
Anderson Borde / AgNews

Além disso, a letra do samba é marcada pelo bom humor, além da fácil leitura, sensualidade, e, acima de tudo estão a força e a alegria da comunidade independente.

“Entendemos este momento de reposição e retomada para que pudéssemos transmitir a alegria, primeiramente, para dentro da escola”, destacou o arnavalesco.

Prosseguindo a explicação, ele comentou que frutas já foram enredo, mas o caju é diferente: “Permite a brasilidade, tropicalidade e subversão de uma fruta que o próprio brasileiro desconhece como simbologia brasileira”, explicou Marcus.

Samba da Mocidade vira hit

Ao mesmo tempo, o samba-enredo que se tornou hit de verão no Rio de Janeiro, caindo nas graças dos sambistas e até de quem não acompanha os desfiles. Ou seja: virou sucesso!

Imediatamente após a escolha do samba, que tem entre os autores o ator e humorista Marcelo Adnet e o lendário intérprete Paulino Mocidade, a obra virou uma das mais animadas e cantadas da safra. Assim como o caju, “desceu redondo”!

A obra, por exemplo, desde dezembro lidera o ranking carioca de músicas mais tocadas nas plataformas digitais de áudio.

Com o estouro, rapidamente a tropicalidade independente foi parar nas rádios e, atualmente, bomba até nos blocos de rua da cidade.

Como será o desfile

A Mocidade será a primeira escola a desfilar nesta segunda-feira de Carnaval, 12 de fevereiro. Antes de mais nada, repleta de brasilidade, a Verde e Branca promete tratar a história do país e as diversas simbologias da fruta nativa com bastante informação e historicismo.

Nesse sentido, na avenida, os componentes da Mocidade mostrarão desde a saga que vai dos povos originários até músicas como “Cajuína”, de Caetano Veloso, e “Morena Tropicana”, de Alceu Valença.

Assim sendo, não faltará bom humor e duplo sentido para percorrer mais de 500 anos de muito sabor do caju.

Jojo Todynho estará ‘suculenta’ na Sapuaí

Ainda no desfile, Regina Casé será Tarsila do Amaral. Ao lado dela, por sua vez, estará Marcelo Adnet. Ele irá representar Jean-Baptiste Debret. A dupla, contudo, vai desfilar ao lado das reproduções de dois quadros que retratam o caju. São eles: “A feira”, de Tarsila, e a “Negra tatuada vendendo caju”, de Debret.

Veja a ficha técnica da Mocidade

Enredo: Pede caju que dou… Pé de caju que dá
Carnavalesco: Marcus Ferreira
Diretor de Carnaval:
Intérprete: Zé Paulo Sierra
Mestre de Bateria: Dudu
Rainha da bateria: Fabíola Andrade
Mestre-sala e Porta-bandeira: Diogo Jesus e Bruna Santos
Comissão de Frente: Paulo Pinna
Famosos: Jojo Todynho, Rafael Portugal, Marcelo Adnet e Regina Casé

Confira letra do samba

Por outras praias a nobreza aprovou
Nas redondezas se espalhou, tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio
Nessa batalha teve aperreio
Duas flechas e no meio uma tal cunhã poranga
Tarsila pinta a sanha modernista, tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!

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É tropicália, tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar

Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A Mocidade é a cara do Brasil

Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desses que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
E aí tupi no interior do cafundó
Um quiprocó virou guerra assumida

Provou porã, fruta do pé
Se lambuzou, Tamamdaré
O mel escorre, o olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino