Carnaval 2024: Paraíso do Tuiuti navega nas ondas do Almirante Negro

Por - 13/02/24 às 02:45 - Última Atualização: 12 fevereiro 2024

Carnaval RJ - Alegoria colorida da escola de samba Paraíso do TuiutiAlegoria da escola de samba Paraíso do Tuiuti - Foto: Divulgação

Com a missão de contar a história do marinheiro João Candido, o Almirante Negro, líder da Revolta da Chibata, em 1910, a Paraíso do Tuiuti levantou as arquibancadas.

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Nesta segunda noite de desfiles, a escola de samba reforçou o nome do homenageado como um grande herói do povo brasileiro. A princípio, o carnavalesco Jack Vasconcellos destacou o propósito do enredo era o reconhecimento.

“Tínhamos que colocar o João Candido no lugar de herói brasileiro, que é devido”, disse Jack, primeiramente.

Com o enredo “Glória ao Almirante Negro!”, a escola de São Cristóvão mostrou que a Revolta da Chibata foi um motim organizado pelos soldados da Marinha brasileira, de 22 a 27 de novembro de 1910.

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Isso porque os marujos estavam insatisfeitos com os castigos físicos que sofriam na época, onde quem violasse as regras da corporação tomava chibatadas.

O líder do motim foi João Cândido, que junto com seus companheiros exigiam o fim dos castigos. Candinho, o filho do herói, participou do desfile da Tuiuti.

“Meu pai foi um cidadão gaúcho. Com 14 anos ele entrou para a Marinha de Guerra do Brasil e ele foi o líder do movimento da Revolta da Chibata, em 1910. Ele é um herói do povo”, contou Candinho.

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De acordo com Rio carnavalesco Jack Vasconcelos, o movimento dos marinheiros representava o povo mais humilde do país.

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Logo na abertura, a escola retratou a “passagem de poder”, diante da República recém-instaurada: “É essa liberdade que abriu asas sobre nós, como diz o hino, mas não abriu sobre todos. Foi uma revolta planejada, deflagrada antes do tempo por conta do castigo de um dos marinheiros, com 250 chibatadas, que era algo desumano”, contou Jack.

Veja a ficha técnica

Enredo: Glória ao Almirante Negro
Carnavalesco: Jack Vasconcelos
Diretor de Carnaval: André Gonçalves
Intérprete: Pixulé
Mestre de Bateria: Marcão
Rainha da bateria: Mayara Lima
Mestre-sala e Porta-bandeira: Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane
Comissão de Frente: Claudia Mota e Edifranc Alves
Famosos:  Izack Dahora e Ernesto Xavier

Confira a letra do samba

Liberdade no coração
O dragão de João e Aldir
A Cidade em louvação
Desce o Morro do Tuiuti

Nas águas da Guanabara
Ainda o azul de Araras
Nascia um herói libertador
O mar com as ondas de prata
Escondia no escuro a chibata
Desde o tempo do cruel contratador
Eram navios de guerra, sem paz
As costas marcadas por tantas marés
O vento soprou à negrura
Castigo e tortura no porão e no convés

Ôôô A Casa Grande não sustenta temporais
Ôôô Veio dos Pampas pra salvar Minas Gerais

Lerê lerê mais um preto lutando pelo irmão
Lerê lerê e dizer nunca mais escravidão

Meu nego… A esquadra foi rendida
E toda gente comovida
Veio ao porto em saudação
Ah! nego… A anistia fez o flerte
Mas o Palácio do Catete
Preferiu a traição

O luto dos tumbeiros
A dor de antigas naus
Um novo cativeiro
Mais uma pá de cal
Glória aos humildes pescadores
Yemanjá com suas flores
E o Cais da luta ancestral

Salve o Almirante Negro
Que faz de um samba enredo
Imortal!

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino