Carnaval 2024: Unidos do Viradouro une mito da cobra sagrada e a força da mulher

Por - 13/02/24 às 03:33 - Última Atualização: 12 fevereiro 2024

Carnaval 2024 - Alegoria da Unidos do ViradouroAlegoria da Unidos do Viradouro - Foto: Divulgação

Encerrando os desfiles do Grupo Especial, a Unidos do Viradouro foi mais uma agremiação a mostrar a força da mulher negra. Entretanto, foi através do culto à cobra sagrada e sabedoria africana.

Rainha da bateria da Viradouro Erika Januza fica noiva

Primeiramente, o enredo “Arroboboi, Dangbé” foi representado na Viradouro por um verdadeiro “exército” de mulheres negras, componentes da escola, que desmitificaram a batalha que transformou uma cobra em deusa na África.

De antemão, o carnavalesco Tarcísio Zanon explicou que o enredo é centenário: “A gente vai até o século XVIII em Benin, onde nasceu o culto à serpente através de uma batalha. A Unidos da Viradouro vai entrar com um exército na avenida para saudar essa serpente vitoriosa”, destacou ele.

Segundo Tarcísio Zanon, trata-se da força que se manifestou desde épicas batalhas na Costa ocidental da África e que influenciou as lutas das guerreiras Mino, do reino de Daomé, iniciadas espiritualmente pelas sacerdotisas voduns, dinastia de mulheres escolhidas por Dangbé.

“Pela força da mulher e pelo espírito delas que se passa essa energia”, finalizou o carnavalesco da Viradouro.

Veja a ficha técnica

Enredo: Arroboboi, Dangbé
Carnavalesco: Tarcísio Zanon
Diretor de Carnaval: Alex Fab e Dudu Falcão
Intérprete: Wander Pires
Mestre de Bateria: Ciça
Rainha da bateria: Erika Januza
Mestre-sala e Porta-bandeira: Julinho e Rute
Comissão de Frente: Rodrigo Negri e Priscila Motta
Famosos: Lorena Improta

Confira a letra do samba da Viradouro

Eis o poder que rasteja na terra
Luz pra vencer essa guerra, a força do vodun
Rastro que abençoa Agojiê
Reza pra renascer, toque de Adarrum
Lealdade em brasa rubra, fogo em forma de mulher
Um levante à liberdade, divindade em Daomé
Já sangrou um oceano pro seu rito incorporar
Num Brasil mais africano, outra areia, mesmo mar

Ergue a casa de Bogum, atabaque na Bahia
Ya é Gu rainha, herdeira do candomblé
Centenário fundamento da costa da Mina
Semente de uma legião de fé

Vive em mim
A lealdade das irmãs de cor
E a força que herdei de Hundé e da luta Minó
Vai serpenteando feito rio ao mar
Arco-íris que no céu vai clarear
Ayi! Que seu veneno seja meu poder
Bessen que corta o Ayin-agbè
Sagrado Gume-kujo
Vodunsis o respeitam, clamam Kolofée
Os tambores revelam seu afé

Ê Alafiou, ê Alafiá, é o ninho da serpente
Jamais tente afrontar
(preparado pra lutar)

Arroboboi meu pai, Arroboboi Dangbê
Destila seu axé na alma e no couro
Derrama nesse chão a sua proteção
Pra vitória da Viradouro

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino