CINE sobre Festival Replay: ‘Serão os melhores shows da banda’
Por Raphael Araujo - 27/10/23 às 20:20
O ano era 2007. Com a os canais de música em alta, os jovens brasileiros ficavam alucinados com as estreias exclusivas de clipes na TV. Na internet, a rede social Orkut dominava quase sem concorrentes no Brasil. Para os músicos, o Myspace era a forma mais direta de compartilhar seus lançamentos musicais e foi lá que o CINE (formado por DH, Bruno, Dan, Dave e Dash) teve seu primeiro destaque nacional: primeira banda a conseguir mais de um milhão de execuções no MySpace.
De lá pra cá, o grupo coleciona diversos sucessos, uma carreira meteórica e sons que eternizam diversos momentos dos fãs. Porém, em 2016 o grupo se desfez, com cada um buscando evoluir sua carreira solo e focar me projetos pessoais, e não se reúnem desde então. Isso é, por enquanto!
Agora, a banda fará os últimos shows de sua carreira neste sábado, 28 de outubro, e no próximo, 04 de novembro, no Rio de Janeiro e em São Paulo, respectivamente, ambas pelo Festival Replay, cujo objetivo é levar aos fãs apresentações de artistas que bombaram nos anos 2000.
O grupo lançou a música “Último Clichê” na noite de quarta-feira, 25 de outubro, com a canção de despedida oficial do CINE antes das performances finais e a despedida oficial da banda, que contou com Giovanna Lancellotti, a eterna “Garota Radical” (maior hit dos artistas), no vídeo oficial.
Em entrevista exclusiva ao OFuxico, Pedro Dash, tecladista, backing vocal e até produtor/compositor do CINE, falou de com aconteceu a reunião dos integrantes, a volta do “emo brasileiro” e o processo de criação de canção e clipe de “Último Clichê”, ou seja, tudo sobre essa despedida em grande estilo da banda.
Como surgiu a reunião do grupo?
Pedro começou falando como surgiu a vontade de se reunirem para um show oficial de despedida: “Já fazem uns dois ou três anos que a gente fala disso, mas a vida de cada um foi para lados totalmente diferentes, e faltava a gente conseguir se alinhar, e ter um parceiro comercial para fazer isso de uma forma que a gente não precisasse se preocupar com tudo, com organização, locação do lugar e tudo que a gente queria fazer”.
“A gente até teve propostas nos últimos anos, mas não achávamos que faziam sentido, e agora unimos o útil ao agradável no Replay, que é um festival de parceiros nossos que chamaram a gente quando a ideia rolou, e falaram que queriam muito a gente de headliners”, revelou ele.
“Rolou toda uma negociação, mas um grande amigo nosso está dentro, e a princípio ele ligou para cada um separadamente, convenceu geral, e depois falou com todo mundo junto, que todos já haviam topado a ideia, e foi assim que aconteceu”, contou, dando detalhes dos bastidores.
“Não era questão de não querer fazer, mas sim de precisar de um trabalho e de pendências que não faríamos sem um parceiro desses. O festival veio para ajudar e até motivar a gente, porque quando nos reunimos para falar da reunião, nos sentimos o CINE de 12 anos atrás, e não sabemos fazer só uma coisa”, garantiu o músico.
“Produzimos um show que nunca tínhamos feitos, vai ser o maior show da banda, inventamos de fazer música, vídeo, e até merchandising mesmo, que nem era a ideia inicial, mas não sabemos nos segurar e saímos fazendo um monte de coisa. Tomamos de exemplo também como NX [Zero] e Restart estão fazendo, entregar um pouco mais, já que a galera esperou por isso tanto tempo”, prometeu ele.
Nostalgia do emo brasileiro
Já que Dash mencionou Restart e NX Zero, bandas que junto com o CINE pavimentaram o cenário “emo brasileiro” nos anos 2000/2010, ele foi perguntado sobre os três grupos voltarem “ao mesmo tempo” em atividade, e disse que não foi exatamente uma pura coincidência esse timing.
“Não sei se foi uma coincidência, pois a gente produz a carreira solo do Di Ferrero, aqui na minha produtora, na Head Music, junto com o Dan, guitarrista do CINE, que é meu parceiro de produção, e ele estava comentando que o NX ia fazer uma turnê, sem dar spoilers, mas dando a entender o que ia rolar”, revelou.
“Diferente de antigamente, que CINE e Restart tinham uma ‘rixa’, hoje somos muitos brothers, e o Pe Lu, que é muito parceiro meu, revelou que o Restart estava se reencontrando. O Replay inclusive vem nesse momento de nostalgia. A música é cíclica, a cada 10, 20 anos, as coisas vão voltando, e o que era brega fica popular, e está em um momento desse”, analisou Pedro.
“O Thiago, que é sócio do Replay e é muito amigo tanto nosso quanto do Restart, também sabia, e o mercado da música, mesmo grande, é um ovo em relação a quem está na ativa e trocando ideia, todo mundo tenta entender o que está acontecendo para ajudar e crescer sozinho, se manter em um lugar legal”, refletiu ele.
“Essa nostalgia começou na gringa, com Blink-182 voltando com o tom, e isso foi uma alavanca para muita gente do Brasil se olhar e falar: ‘Será que a gente não faz alguma coisa?’. Foi o tempo da saudade mesmo, de sentir a falta e ficar feliz com a volta”, afirmou Dash.
Amizade com Giovanna Lancellotti
Com citamos no início, Giovanna Lancellotti é considerada a musa do CINE por ter sido a protagonista do clipe de “Garota Radical”, maior sucesso da banda, e ela está de volta para o visualizer de “último Clichê”, e os caminhos para isso acontecer fluiu naturalmente e sem grandes desafios.
“Eu mesmo a chamei no Whatsapp. Temos carinho mútuo, mantemos contato desde lá, então chamei ela, falei que estávamos fazendo a última música do CINE, e queríamos ela no vídeo da canção, para fechar tudo, e ela topou na mesma hora”, falou o tecladista.
“Ela então revelou quando estaria em São Paulo, já que ela está gravando um filme e tem agenda a cumprir. Ela disse quando estaria na cidade, e foi isso. Tem gente achando que foi uma grande negociação, de falar com empresário, mas temos contato até hoje, temos carinho por ela, ela por nós, trocamos ideia sempre”, descreveu o músico.
“O que foi legal que na hora ela sentiu a mesma coisa que nós, de que ela deveria estar aqui. Ela mesma montou o look dela, veio com mala e tudo. A ideia era não fazer um clipe, mas ter um visual bem legal para a música, e ela sentiu isso, e essa parte foi a mais legal”, garantiu Pedro.
Despedida subjetiva
Falando mais profundamente de “Último Clichê”, Dash descreveu como foi o processo criativo da canção, que é uma despedida subjetiva do CINE com os fãs: “Está sendo muito legal ver a galera entendendo o que a gente queria passar com essa música”.
“Essa música teve um processo muito fluído, muito natural. Partiu de mim e do Bruno, o baixista da banda, em um dia que estávamos juntos fazendo outra coisa aqui no estúdio, fazendo outro trabalho, então ele me mostrou uma ideia, trabalhamos ela, criamos um instrumental, e no dia seguinte mandamos para todo mundo”, explicou.
“No dia seguinte, a gente se encontrou no estúdio, terminou o instrumental antes de ter qualquer ideia de letra, e nos reunimos para entender o que a gente queria falar ali. O instrumental tinha a ideia de revisitar nossos primeiro disco, mais puxado para o rock com eletrônico, e depois queríamos falar do nosso momento, do CINE, mas deixar uma parada subjetiva para quem escutar a música e não saber de todo o contexto, também se identificar”, afirmou ele.
“Foram três ou quatro dias que a gente se encontrou no estúdio. O Diego, que escreveu todas as letras do CINE e inclusive 90% dessa, ele levou para casa, escreveu, voltou, e pegamos o que ele nos mostrou e fomos conversando, debatendo sobre como deixar ela subjetiva e ter esse duplo sentido, tanto de uma relação e duas pessoas, na qual ele usou e experiências pessoais para escrever, quanto da banda em si, que é de retorno junto de conclusão. Foi um trabalho minucioso, no detalhe, até sentir que a música estava concluída”, garantiu Pedro Dash.
O que esperar dos shows?
Ao fim da entrevista, o músico retomou o que ele disse da grandiosidade dos shows do Replay e o que os fãs põem esperar das apresentações: “Vão ser os melhores shows do CINE e todos, certeza. Até porque muita coisa mudou, inclusive a tecnologia, que permite fazermos coisa que há dez anos atrás era impossível”.
“Mesmo que a gente sempre usou e artifícios mais tecnológicos, como computador junto, hoje em dia está um pouco mais fácil de fazer as coisas, e a gente tentou colocar nossa história inteira dentro desse show. Esse é o spoiler que posso dar”, revelou.
“Estamos bem focados, hoje somos músicos muito melhores do que éramos naquela época, a banda ta bem gravada, parada tá bem legal, e tenho certeza que a galera que colar lá, não vai se arrepender”, concluiu Pedro Dash. E você, vai conferir os últimos shows do CINE? Já escutou “Último Clichê”?
Raphael Araujo Barboza é formado em Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero. OFuxico foi o primeiro lugar em que começou a trabalhar. Diariamente faz um pouco de tudo, mas tem como assuntos favoritos Super-Heróis e demais assuntos da Cultura Pop (séries, filmes, músicas) e tudo que envolva a Comunidade LGBTQIA+.