Emílio Dantas revela que enfrentou a depressão e conta que o pai se afastou dele por causa de política

Por - 11/01/23 às 14:20

Emilio Dantas de camisa preta estampada, sorrindoEmilio Dantas interpreta o inescrupuloso Theo em 'Vai na Fé' - foto: TV Globo/ Manoella Mello

A partir do dia 16 de janeiro, o público terá Emílio Dantas de volta à telinha, em “Vai na Fé’, novela que vai ocupar a faixa das 19h, na TV Globo. E, com um personagem que fará muita gente lembrar de Rubinho, o protagonista que ele interpretou em “A Força do Querer” (2017).

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Assim como o marido de Bibi Perigosa (Juliana Paes), Theo é um aproveitador não é apresentado como vilão, mas a autora enfatiza que ele é um “maniqueísta, gente boa, mas sempre com segundas intenções, querendo levar vantagem em tudo”.

Theo marca o retorno de Emílio após a grande “virada” de sua vida: a chegada de seus filhos gêmeos, Roque e Raul, frutos do casamento com Fabíula Nascimento.

A reportagem de OFuxico conversou com o ator carioca de 40 anos não apenas sobre seu novo trabalho, mas incluiu no papo assuntos pessoais delicados, como a depressão e a difícil relação que ele passou a ter com os pais por conta de posicionamento político.

Confira a íntegra!

OFuxico: Como é voltar à ativa, com os meninos ainda pequenos, sem auxílio de babá?
Emílio Dantas: Foi uma opção nossa não ter babá. Cuidamos deles sozinhos, fazemos questão de ter laços de afeto, códigos, para que eles tenham essa noção de que estamos juntos.

OFuxico: Você é daqueles pais que passam noites em claro ou a tarefa fica com a Fabiula?
Emilio Dantas: A gente deixa de dormir por tantas ouras coisas tão piores… Qualquer outra coisa, por motivos tão mais bobos! Não tem essa de noites em claro e reclamação, é só maravilha. Acho uma besteira ficar sempre se reconhecendo nesse lugar do desconforto, do problema. Sempre que a gente encontra um pai, diz: ‘Mas é f***, né, é difícil!”. Não! Filho é uma delícia e estou curtindo pra caramba esse primeiro ano. Não quero comparar com pais de crianças de 3, 5 anos.

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OFuxico: Então eles são tranquilos, não dão trabalho?
Emilio Dantas: Para mim está sendo só alegria e espero encontrar mais pessoas na rua que digam: ‘Nossa, que maravilha que é ter filho, que coisa boa é ter criança por perto, como a gente aprende, como transforma a vida!’.

OFuxico: Podemos então dizer que Roque e Raul mudaram totalmente a sua vida…
Emilio Dantas: Meus filhos me tiraram de uma quase depressão. Fiquei mal, sofri na pandemia. Graças a eles eu me reconectei, me reencontrei.

Eles são mais do  que um presente de vida, tanto na minha quanto na da Fabiula”.

OFuxico: Depois que nos tornamos pais, vemos tudo sob outro olhar. Sua relação com seus pais mudou a partir do nascimento de Roque e Raul?
Emilio Dantas: A política me afastou muito de meu pai e de alguns parentes, a minha mãe, não, foi muito sensata durante todo esse tempo e a paternidade me aproximou mais dela. Mas a paternidade é uma máquina do tempo. Cada piscada que seu filho dá te leva pra uma memória da infância. Será que eu fazia isso? Será que vai ser assim lá na frente? Será que o que tô reclamando agora meu filho vai reclamar também?

OFuxico: Já que você citou seu pai, ele já cedeu um pouco após o resultado das eleições?
Emilio Dantas: Ele prefere não tocar no assunto, uma escolha dele não falar, ele acha que política e vida são coisas distintas e a gente sabe que não. Viver é um ato político.

Enquanto a gente não tocar nesse assunto a gente não vai mais encontrar a afinidade que tinha.

Emílio Dantas: Acho que é a situação de muita gente hoje em dia. Já não é uma questão de afeto, de amor, de gratidão. Eu morro de gratidão por minha família, pelo meu pai, principalmente, por tudo o que ele fez por mim, mas afinidade, infelizmente é uma coisa que a gente perdeu ao longo desses quatro anos. Vamos ver se a gente retoma.

OFuxico: Vamos falar da novela. Rubinho, de “A Força do Querer”, canalha e Theo é tanto quanto ele. O que eles têm em comum na personalidade e no agir?
Emilio Dantas: Rubinho não era tão carismático, era mais introspectivo. Queria o mundo pra ele sozinho, sem dividir planos. O Theo é um cara que vai incluindo todo mundo no bololô dele e quando vê, fica meio perdido. 

OFuxico: O que te faz aceitar encarar esse tipo de personagem?
Emilio Dantas: O fato de poder retratar essas existências de diversas formas, principalmente transformando muitas vezes arquétipos de vilões que não funcionam mais, trazendo pra realidade de hoje.   

OFuxico: “Vai na Fé” destaca uma protagonista preta e tem um elenco bastante diverso. Como você avalia isso?
Emilio Dantas: O mundo mudou faz tempo, mas agora, finalmente, as diretrizes estão mudando e o olhar pra isso, que já passou da hora, está acontecendo.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino