Libido, masturbação… o que a personagem de Rebeca vem nos dizer sobre os 50 anos
Por Redação - 21/12/21 às 07:05
Andréa Beltrão virou um dos assuntos mais comentados da internet após protagonizar, na pele de Rebeca, de “Um Lugar ao Sol”, na TV Globo, uma cena de masturbação feminina. O tema provocou discussões, afinal, por que o prazer de uma mulher madura ainda é tão cercado de tabus? Na trama de Lícia Manzo, com direção de André Câmera e Maurício Farias, a personagem de meia idade vive uma relação infeliz e bastante tóxica no casamento. Após rejeitar uma relação sexual com o marido, Túlio (Daniel Dantas), ela se toca. A cena entrou para a história da teledramaturgia brasileira, dividindo a opinião de muita gente.
Em conversa com o “Fantástico” do último domingo, 19 de dezembro, a atriz de cara questionou: “Quem não se masturba?” E emendou dizendo que se identifica e muito com a personagem. “Eu tenho muito dela”, afirmou. Em outro momento, ela contou que espera que Rebeca esteja ajudando outras mulheres na mesma situação vivida na trama. “Seria muito bom que isso acontecesse, que fosse um grãozinho de areia nessa construção, que é muito grande, né? De uma mulher livre, solta, feliz”, disse.
Lícia Manzo, autor da trama, também ouvida pelo programa, defendeu a cena. “E eu li muitas vezes assim: cena desnecessária. Eu acho o contrário, é necessária. Desnecessário é o que não precisa mais ser discutido, e a masturbação precisa ser discutida. O prazer feminino precisa ser discutido. Precisa ser descolado desse lugar da vulgaridade”, disse.
Em entrevista ao OFuxico, a psicóloga, terapeuta e educadora sexual Ana Canosa explicou como é o sexo para uma maioria das mulheres na faixa dos 50 anos. “Em um primeiro momento, existe a menopausa, onde a mulher pode ou não ter alguns distúrbios em relação aos seus desejos. Além disso, também existe uma certa dificuldade de a mulher entender que vivemos em uma sociedade extremamente machista, em que as pessoas acreditam que a mulher mais bonita e mais desejada, é a mulher mais jovem, e não a mulher madura. Logo, todo esse processo, é um processo marcante no ciclo de vida feminino”, começou a especialista.
Em seguida, Ana, que é pós-graduada em educação sexual e terapia sexual pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana afirmou que, por outro lado, essa mulher está completamente em uma fase em que ela pensa quem ela é, o que ela está vivendo e o que ela quer para o futuro. “Normalmente, ela acaba tendo mais segurança sobre os seus desejos. Claro que existe uma marca nessa personagem especificamente, porque ela vem de um casamento bastante abusivo, com um traço de gênero tradicional. E ainda, essa mulher também está descobrindo o quanto ela pode gerenciar a própria sexualidade dela, fazer o que ela tem vontade e não aquilo que o marido quer que ela faça”, comentou a terapeuta.
Autora dos livros “Crescendo na Sexualidade”, “Madrasta: do Conto de Fadas para a Vida Real”, “Sexoterapia” e A Metade da Laranja?”, além de capítulos em outras obras, a terapeuta afirmou ainda que a mulher que já entrou na casa dos 50, costuma olhar mais para dentro dela e sobre o caminho que ela quer levar dali para frente. “Ela costuma pensar: ‘Eu já estou com 50 anos e agora, o que eu quero fazer?’ Tudo cabe numa mulher de 50 anos. Cabe a relação aberta, cabe o swing, cabe o poliamor. É uma fase de escolhas”, explicou a terapeuta.
Andréa Beltrão ainda comentou sobre a gravação da cena, dizendo que não se sentiu nenhum um pouco constrangida. Disse também que foi responsável pelo livro (objeto de cena) que aparece nos instantes em que sua personagem sente prazer. “Foi legal porque foi tão elegante, delicado. Senti um put* respeito, não tive nenhum constrangimento. […] Levei esse livro para a gravação logo na primeira cena da Rebeca, porque é uma mulher que lê. Queria colocá-lo por ali para quando tivesse um intervalinho em cena eu pegar para ler. Não foi de caso pensado, mas calhou de, nesse dia, eu falar cadê o livro? Foi demais! Tudo a ver”, recordou a atriz.
ORGASMO AO SOM DO “REI”
Vale ainda lembrar que, em 2006, em “Páginas da Vida”, a novela exibia ao término dos capítulos, depoimentos de pessoas reais. Em um deles, uma mulher chamada Nely da Conceição, à época com 68 anos, revelou ter conhecido o prazer sexual aos 45, se masturbando ao som de Roberto Carlos.
“Esse negócio das pessoas dizerem que têm que gozar junto, que é isso que faz neném, é tudo mentira, porque fiquei sem gozar dos meus 14 aos 45 anos. Pra mim era tudo normal… O homem terminava, e eu também”, inicia Nelly em seu depoimento.
E seguiu. “Eu colecionava discos do Roberto Carlos e, aos 45 anos, ganhei um LP dele. Botei na vitrola a música “Côncavo e Convexo” e fui dormir. Quando acordei, estava com a perna suspensa, a calcinha na mão e toda babada. Comentei com as amigas, e elas disseram: ‘você gozou!’. Aí é que vim saber o que era gozo. Moral da história: sou uma mulher de 68 anos, que homem pra mim não faz falta, eu mesma do meu jeito”, concluiu Nelly da Conceição em seu relato.
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