“Minha filha foi xingada, vítima de racismo aos 3 anos”, diz Bruno Gagliasso

Por - 17/10/22 às 19:10

Giovanna e BrunoReprodução: YouTube

Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso, foram entrevistados em “Histórias de famílias”, nova série documental do GNT. E, no meio da conversa, rolou desabafo! A dupla contou sobre o processo de adoção da filha, Titi, de 9 anos, e abriu o coração sobre o racismo.

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Durante as filmagens, Giovanna relembrou da conexão imediata que teve com a filha, e como não queria ter filhos antes de conhecê-la, em uma viagem de trabalho ao Malawi, na África: “A gente passou à noite rapidinho no abrigo, no orfanato. Quando fomos conhecer todo mundo, não sei por que eu fui na frente. De repente, antes de alguém bater na porta, a Titi abriu a porta. Aquele toquinho, ela tinha 1 ano e três meses. Nossa, eu comecei a tremer. Não sei o que aconteceu comigo na hora. Olhei para ela, me deu um gás, uma sensação de montanha russa, um frio na barriga. Ajoelhei na hora e abracei. Ela me abraçou. Eu comecei a chorar. Eu nunca tinha sentido nada parecido. Uma vontade de proteger, de abraçar, de colocá-la dentro de mim”, contou ela.

Em seguida, a apresentadora revelou que ligou para Gagliasso, contando que tinha achado sua filha. Ele a corrigiu: “a nossa filha”. Giovanna precisou voltar à terras tupiniquins por motivos profissionais, deixando o processo de adoção com o ator. Eles precisaram morar cerca de um ano no país até que saísse a guarda definitiva. Quando finalmente foram liberados, logo que chegaram ao Brasil, viram a menina ser vítima de racismo.

Sobre a experiência catastrófica, Bruno desabafou: “Minha filha foi xingada, foi vítima de racismo, com 3 anos. Isso foi muito forte pra gente. A gente tinha acabado de passar por todo esse processo (de adoção). Se demorou um ano e meio e a gente conheceu ela com 1 ano e meio, ela estava com 3 quando chegou aqui. Foi assim que ela chegou. Pra gente foi uma porrada muito grande. Logo depois que a gente chegou e as pessoas descobriram, falaram também: ‘Por que da África, e não do Brasil?’. Isso foi muito forte”

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Ele ainda complementou que, antes de adotar Titi, não compreendia a dimensão do problema do racismo no Brasil. “Eu fui criado de uma maneira para não enxergar isso. Não só não enxergar, mas até de certa forma cutucar, com expressões erradas, não olhando para o outro. Eu sinto muita vergonha de ter que ter tido o meu grande amor passando por isso para enxergar. Isso durante muito tempo me consumia mesmo, eu ficava mal.”

Muito emocionada, Giovanna concordou:

“Foi um choque, uma porrada. A gente não achou que fosse como é. A gente imaginava, mas, quando tem alguém que a gente ama que passa, a gente se culpa muito. Por que a gente foi enxergar isso, o quão cruel é, só através da nossa filha, através do amor? É maravilhoso a gente conseguir enxergar isso. (Mas) a gente sente muita culpa. Sente vergonha também às vezes.”

E, com o passar dos anos, os episódios seguiram ocorrendo, até fora do Brasil. Em agosto de 2022, Giovanna se envolveu em uma polêmica, por ser vista em um vídeo agredindo uma mulher em Portugal, a qual teria proferido ofensas racistas aos seus filhos. Quando questionada sobre tal ato, a atriz confirmou a agressão, e Gagliasso a defendeu: Na verdade ela não agrediu, a minha mulher reagiu. Não confunda, não confunda a reação do oprimido com a ação do opressor”, disse o ator.

Em entrevista ao “Fantástico”, quando questionados sobre como o casal irá preparar seus filhos para outros episódios racistas, Giovanna disse que “A gente sabe que vai acontecer muitas outras vezes e acho que agora não tem como proteger tanto os nossos filhos do que eles vão ver, ouvir. Eles estão crescendo, não é? Então é continuar fortalecendo os nossos filhos, mostrando o quanto eles são maravilhosos, o quanto eles são fortes e quanto eles têm direito de combater o racismo e quanto eles precisam estar atentos porque eles precisam estar atentos o tempo todo… “

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Além de Titi, o casal tem outros dois filhos, Bless, de 4 anos, que também é adotado, e Zyan, de 2 anos. A atriz finalizou a conversa comentando sobre como tenta criar seus filhos no meio de um país preconceituoso.

“A gente está sempre tentando acertar com os nossos filhos. Hoje, eu vendo minha filha se olhar no espelho e dizer ‘nossa, como sou linda, mamãe, olha essa pele’, eu fico muito orgulhosa do que a gente tem tentado fazer. Só que eu não sou uma mulher preta. Sei que, em algum momento, eu posso não conseguir suprir o que minha filha precisa e meu filho também (…) A gente está sempre tentando buscar referências, amigos, pessoas em que a gente possa se apoiar e aprender, que possam nos ajudar, para que nossos filhos cresçam fortes, seguros e orgulhosos de sua cor e de sua origem”, concluiu Ewbank.

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Jornalista em formação na Faculdade Cásper Líbero. É apaixonada pelo mundo do entretenimento no geral, principalmente por música, shows, seriados, filmes e cultura pop.