Morre Boris Fausto, historiador e cientista político

Por - 19/04/23 às 05:44

Boris Fausto na biblioteca de casaBoris Fausto era sociólogo e historiador - Foto: OAB/ SP

O país perdeu um dos expoentes do campo historiográfico na terça-feira, 18 abril, data em que faleceu em São Paulo, aos 92 anos, o historiador Boris Fausto.

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Professor aposentado do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, ele estava se recuperando de um acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu e junho de 2021.

O velório será realizado nesta quarta-feira, 19, a partir das 08h, na Funeral Home, na região da Avenida Paulista. Ele deixa dois filhos – o antropólogo Carlos Fausto e o cientista político Sergio Fausto – e três netos.

Fausto era pesquisador sênior da Universidade de São Paulo, onde concluiu a graduação, em 1966, e o doutorado, em 1969, em História. Seu primeiro livro, “A Revolução de 1930 – Historiografia e História”, é considerado um clássico das ciências sociais brasileiras. Com mais de 20 obras publicadas, ele foi vencedor de três prêmios Jabuti, nas categorias Livro Didático e Ciências Humanas.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), classificou a morte do historiador como motivo de “luto para a grande cultura”.

A Fundação Fernando Henrique Cardoso, dirigida por Sergio Fausto, recordou o legado deixado pelo historiador e registrou apoio à família.

A Faculdade de Direito da USP e a Companhia das Letras, responsável pela publicação de algumas obras do historiador, também manifestaram solidariedade diante da triste notícia.

CONHEÇA A TRAJETÓRIA DE BORIS FAUSTO

Boris Fausto nasceu em 8 de dezembro de 1930, ano que ficou gravado com destaque em sua obra: o livro “A Revolução de 1930 – Historiografia e História”, publicado originalmente em 1969 e várias vezes reeditado, tornando-se um clássico de referência em salas de aula e na pesquisa. Foi sua tese de doutoramento no departamento de história da Universidade de São Paulo (USP), defendida no ano anterior.

Na época de publicação do livro, Fausto vinha de uma longa experiência comunista. No princípio dos anos 1950, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) e depois, ainda enquanto terminava o curso de direito na Universidade de São Paulo (USP), concluído em 1953, aderiu ao Partido Operário Revolucionário Trotskista (POR-T).

Essa militância radical durou cerca de dez anos, até pouco antes do golpe de 1964.

Formado, exerceu o Direito por algum tempo. Tornou-se procurador do Estado em 1962. Graduou-se em história pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP em 1966 e doutorou-se em 1969.

Entre suas obras que se tornaram referenciais, Fausto também escreveu “Trabalho Urbano e Conflito Social” (1977 e 2000), “Historiografia da Imigração para São Paulo” (1991), “Brasil, de Colônia a Democracia” (em espanhol, 1995), “História Concisa do Brasil” (2000), “O Pensamento Nacionalista Autoritário – 1920/1940 (2001), “Memória e História” (2005), “Getúlio Vargas – O Poder e o Sorriso” (2006).

Com a morte da mulher, Cynira, em 2010, após 49 anos de casados, Fausto fez do luto a motivação para um exercício de memória, registrado em um diário publicado no livro “O Brilho do Bronze” (2014).

O último livro de Boris Fausto foi “Vida, Morte e Outras Histórias”, publicado em 2021. Na obra, escrita após a perda do irmão, Fausto compartilhou memórias e reflexões sobre relações familiares, o envelhecimento e a finitude.

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino