BBB20: ‘Queria um relacionamento’, diz Lucas Chumbo

Por - 01/02/20 às 12:20

Reprodução/Instagram

Surfista especialista em ondas gigantes, Lucas Chumbo levou um caldo já no primeiro paredão do Big Brother Brasil 20, da Rede Globo.

Em entrevista para o GShow, o atleta afirmou que apesar da curta estadia na casa, saiu transformado pela experiência.

"Saí da casa muito mais maduro e sadio mentalmente, porque tive que me controlar, manter a calma, tive que fazer estratégias, mesmo não sendo as melhores. Minha tacada final foi: se for para o paredão com a Bianca e voltar, fico muito forte, se não continuo com meu plano de competir. Parti para o tudo ou nada, me joguei na maior onda que tinha. Se pegasse, seria um 10, se não seria a maior 'vaca' da vida", brincou ele.

Lucas saiu com 75,54% dos votos e pontuou o que faria diferente.

"Agora que a poeira baixou, vejo que teria que estudar mais o programa antes, porque, com certeza, teria entrado com uma estratégia melhor. O confinamento mexeu muito comigo. Estar preso, perder minha liberdade de poder ir para o mar, onde descarrego energia, me reencontro e volto para o meu eixo, fez toda diferença. Não era o que eu esperava. Cheguei totalmente cru e todo mundo já tinha quase que um manual de instrução, enquanto eu estava tentando entender aquilo tudo ainda. Mas me entregaria para todo mundo do mesmo jeito, porque sou assim: transparente, puro. Tentaria me segurar mais, só que o problema é justamente esse: segurar essa energia toda", afirmou.

Com toda certeza, o perfil hiperativo de Chumbo foi seu maior oponente. A única coisa que controlou seus impulsos foi o castigo do monstro do abacaxi. Mesmo com o desconforto, foi isso que baixou a onda de intensidade do surfista.

"Fora da casa tem o mar, meus treinos. Às vezes, bato com a cabeça na parede quando estou com muita saudade de surfar, dou uma latida para descomprimir, mas lá dentro não consegui achar algo que me deixasse tranquilo, só o abacaxi. Me deixou mais calmo e aí consegui raciocinar e olhar mais para o jogo. Até esse castigo estava tudo lindo, todo mundo amigo, curtindo, depois isso abriu meus olhos. Minha ansiedade não me atrapalha no esporte, mas dentro da casa me prejudicou muito. Não conseguia dormir, ir para a academia. Foi um desafio grande me controlar e segurar essa euforia de estar longe do mar. Esse foi meu maior defeito lá dentro. Minha cabeça já estava aqui fora", contou.

Além disso, o atleta revelou que entrou no jogo disposto a engatar um romance em rede nacional, porém não rolou.

"Desde o início me entreguei, queria achar alguém para dar match, ter um relacionamento porque gosto disso, de ter alguém. Sofri com abstinência sexual, sim. Já estava querendo muito, tanto que na festa atirei para alguns lados porque já estava na vontade. Depois do abacaxi, consegui me conter mais, estava pronto para ficar mais alinhado", disse.

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Solteirice

Durante a conversa, o surfista garantiu que não é adepto de aplicativos de paquera, apesar de ter um perfil que criou para quando está no exterior.

"Gosto do ao vivo e em cores. De conhecer pessoas maneiras, bonitas por dentro, porque me importo muito com isso. Tenho (um perfil), mas só em lugares remotos do mundo, só não dei match ainda", afirmou.

Como era de se esperar, o número de seguidores do surfista cresceu bastante, assim como as cantadas nas redes sociais.

"Algumas, mas ainda não entrei muito nesse mundo da internet. Quero voltar para o meu universo do surfe, focar na minha vida de atleta, treinar, porque é disso que estou precisando agora. Vejo que foi muito boa essa vivência na casa, só que senti falta do que eu vivo aqui fora", revelou.

Dentro da casa, as investidas em Gizelly e Gabi Martins não surtiram efeito. Aqui fora, uma mulher que toma a iniciativa não o intimida.

"Me intimidar é meio difícil. Eu curto, claro, mas também gosto de um joguinho, de troca de olhares, de approach", contou ele.

Lucas já teve quatro relacionamentos sérios, o mais longo durou dois anos, e o mais curto um mês. A mais conhecida das ex-namoradas é a relações públicas Manu Maya, filha do diretor Wolf Maya.

"No geral, fico amigo. A Manu foi uma pessoa incrível na minha vida, que provocou muitas mudanças em mim. Sou grato. Temos uma afinidade muito grande até hoje. Ela é uma das minhas melhores amigas", disse.

Lucas Chumbo também revelou que é bastante intenso em todas as fases de sua vida.

"Me entrego quando estou em um relacionamento, amo mesmo, fico apegado. Vivo intensamente quando estou namorando, e quando estou solteiro vivo também", disse.

Fama

O reality show o deixou mais conhecido, mas ele assegurou que a fama não subirá à cabeça.

"Sou um cara acessível, tranquilo. Para mim, todo mundo é igual. Fama é fruto de um trabalho feito com dedicação. Sou grato ao BBB, que me deixou mais conhecido, mas vou continuar com minhas sandálias da humildade, mantendo disciplina, falando com todo mundo. Normal", disse.

Além de troféus e recordes, Lucas Chumbo também tem um círculo de amizades de respeito. O surfista é amigo de Pedro Scooby, Gabriel Medina e Neymar.

"São todos meus amigos. Eu e Gabriel, sempre que dá, estamos juntos. Ano passado, fizemos uma viagem incrível para o Taiti. O Scooby está nas maiores ondas do mundo, somos da mesma equipe, é um irmão para vida, com certeza, porque ele me ajudou muito no começo da minha carreira. Me emprestou pranchas, tudo, sou muito grato, porque se hoje estou aonde estou é graças a ele, ao Burle (Carlos, seu life coach), pessoas que sempre me levantaram".

Apesar do amor pelo esporte, o surfista já cogitou desistir da profissão.

"Sempre fui hiperativo, difícil de concentrar, mas com foco muito grande no surfe. Comecei com três anos de idade, aos sete já competia e com 14 fui vice-campeão carioca. Minha ansiedade me atrapalhava em alguns momentos de bateria e, por estar em ondas pequenas, não conseguia extravasar porque sempre fui um apaixonando por ondas grandes. Era um amor que nunca pensei que fosse virar trabalho", falou.

Chumbo ainda contou que precisou virar o homem da casa quando seu pai se acidentou.

"O surfe já estava perdendo o gosto com 18 anos, porque era um perde aqui e ganha ali, então foi virando mais um hobby. Na época, comecei a trabalhar por fora na loja infantil da minha família, em Campo Grande. Foi quando meu pai se acidentou, quebrou 14 ossos do corpo saltando de paraquedas e eu tive que recuar do esporte para administrar tudo. Virei o homem da casa. Isso me fez crescer, mas sentia muita falta do esporte. Até que falei: 'Pai, vamos investir só mais uma vez?'. No México, conheci o Burle, ficamos amigos. Ele viu meu talento e habilidade e se ofereceu para me treinar. Burle me colocou no caminho certo para estar onde estou hoje, top 3 do mundo há três anos", resumiu Chumbo.

Preconceito

O campeão de ondas gigantes confessou que, infelizmente, a profissão ainda é mal vista por alguns e que, como boa parte dos surfistas, também já sofreu preconceito.

"Quando era pequeno e dizia que queria ser surfista, todo mundo falava que eu seria um vagabundo, com escritório na praia, esse tipo de coisa, mas não é tão fácil. Um atleta tem que estar sempre treinando. Não tenho calendário agendado, então preciso estar pronto 365 dias no ano para o exato momento da convocação", explicou.

O esporte faz com que ele passe muito tempo longe da família.

"Tudo bem, a gente vive na praia, surfa, interage com a natureza, mas não tenho tempo de ficar em casa, por exemplo, curtindo minha família, relaxando. Estou sempre viajando atrás das maiores ondas, competindo. Mas não troco minha vida por nada", disse.

Chumbo ainda revelou que tem o medo como seu grande aliado.

"Quando ele está ali quer dizer que estou no meu limite e sempre quero ultrapassar esse limite. Prefiro viver todo dia com medo e adrenalina, me sentindo vivo, do que ficar sem isso".

Riscos

A carreira de surfista envolve muitos riscos. Tanto que Lucas tem cicatrizes espalhadas por todo corpo: uma placa e seis parafusos no tornozelo, cirurgia nos dois joelhos e no pulso direito, dois braços quebrados, mais cotovelo, pulso, clavícula e costelas. Mas o maior perrengue aconteceu no último campeonato.

"Foram vários. No mais recente, eu quase apaguei. Tomei uma 'vaca', quebrei a costela e vieram mais quatro ondas na cabeça. Engoli muita água, estourei 1/3 do pulmão. Quando o jet ski chegou, agarrei na corda no instinto de sobrevivência mesmo, e fui até o canal. Senti muita dor, mas estava no campeonato mundial dos meus sonhos, fazendo o que mais amo e não queria desistir. Então, fui até o final, mas não saí do sexto lugar", relembrou.

Ele ainda confessou que teve receio de sair do reality show com a imagem arranhada.

"Entrei um pouco preocupado com isso e saí também, mas fui inteiramente eu. Me entreguei. Posso ter falado demais em alguns momentos, peço desculpas, mas, de verdade, só entrei porque achei que fosse dar muito certo, porque ia ser bom para o meu esporte, para minha cabeça e maturidade. Não esperava que fosse ser um jogo tão psicológico. Mas sou muito grato por tudo o que vivi lá".

Virginiano

Quando está fora do Brasil para competir, Chumbo se encarrega de cuidar de tudo, das contas. É organizado e disciplinado.

"Minha profissão envolve risco de vida. Quando estou em um campeonato de ondas gigantes não penso em nada além daquele momento, porque nada pode falhar. Sou virginiano e tenho TOC com minhas pranchas, por exemplo", contou ele, que hoje é dono de cerca de 100 entre Brasil, Havaí e Nazaré.

Apesar de tudo, ele garantiu que é bastante tranquilo.

"Fora, fico em casas de amigos ou alugo. Vivo uma vida simples. Chego no lugar e me estabilizo. Preparo meu equipamento, pago contas, cozinho mais ou menos. Se tiver alguém para fazer, prefiro lavar a louça. Gosto das minhas coisas arrumadas".

Dinheiro

O esporte trouxe, entre tantos benefícios, estabilidade financeira. Hoje, Chumbo, além dos patrocinadores, é seu maior investidor.

O surfista não poupa dinheiro para obter os melhores equipamentos e a melhor estrutura para perseguir seu objetivo, que é ser campeão de ondas gigantes.

"O surfe me deu liberdade. Tive 'paitrocínio' até meus 18 anos. Depois que entrei para o Big Surf e passei a ter patrocínio, acumular vitórias, vi o dinheiro entrar e consegui investir mais em mim. Saí debaixo das asas do meus pais e passei a viver com minhas próprias pernas. Claro, com eles sempre por perto. Moro com meus pais ainda porque vivo pelo mundo e quando estou Rio de Janeiro, quero mais é ficar com eles. Sou um cara bem família", disse.

Chumbo já visitou mais de 40 lugares devido ao esporte, mas pretende ter um cantinho para chamar de seu.

"Não quero incomodar meus pais pelo resto da vida, mas quando eu chego em casa, eles querem muito ficar comigo e com meu irmão. Nós dois fomos para o mundo sozinhos muito novos. Quando meus pais conseguiam, eles iam, mas financeiramente era muito difícil. A gente aproveita o máximo de tempo enquanto pode. Tenho minhas economias, invisto o máximo que posso no meu esporte, quero ter a maior estrutura para ser o melhor do mundo. Estou na fase do investimento, para colher os frutos lá na frente", contou.

Aqui fora, Lucas Chumbo segue a risca todas as regras para ser um campeão.

"Como de tudo, só não gosto de picles e de azeitona. Sou mais regrado. Não sou perfeito, faço minhas festinhas às vezes, mas tenho minha rotina. Não conseguir manter meu relógio biológico funcionando me deixou maluco dentro da casa também", disse.

A poucos dias do Carnaval, ele quer, caso não seja convocado para alguma competição, se esbaldar na folia.

"Quero muito me entregar ao surfe, voltar à minha realidade, mas senão tiver swell nenhum vou curtir, porque vai ser meu segundo Carnaval da vida. Este ano, foi o primeiro Réveillon que aproveitei, por exemplo. Sou um cara que abdicou um pouco da vida social, da curtição, para focar no esporte. Agora, quando posso, me divirto", disse o surfista, que está torcendo para Babu Santana levar o prêmio de R$ 1,5 milhão.

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