Leka Begliomini, do BBB1, diz como foi colocar a bulimia em rede nacional

Por - 14/01/21 às 00:30 - Última Atualização: 6 abril 2021

Reprodução Instagram

Em 2001, quando aconteceu a primeira edição do Big Brother Brasil, a internet era usada, basicamente como ferramenta de trabalho. Não existia smartphones para que pudéssemos levar a grande rede, onde quer que fossemos.

Em função disso, muitos assuntos não eram difundidos e debatidos como hoje. A bulimia, por exemplo, era discutida apenas em rodas de amigos e entre familiares que tinham algum membro que sofria com o transtorno alimentar.

BBB21: Elenco dos sonhos! Quem você gostaria que entrasse?

Leka Begliomini participou do BBB1. Ela era bulímica e levou esse seu drama para as casas das famílias brasileiras. Sem nenhum cuidado porque ninguém conhecia como funcionava o programa. A própria Globo foi pega de surpresa, pois percebeu que não estava preparada para lidar com a situação.

Hoje, 21 anos depois ela lida melhor com seu transtorno e falou para o Universa do Uol, como foi viver essa experiência.

"Minha vida foi muito marcada por transtornos alimentares. Nunca fui gorda, mas sempre me percebi muito mais gorda do que eu realmente era, e transformei isso numa prisão.

Quando eu saí do BBB, a bulimia virou um assunto enorme. Isso não me incomodava, mas eu não entendia o porquê. Quase 20 anos depois, ainda se fala muito nisso. Aí em 2006 minha filha, Giovanna, nasceu, foi crescendo, se tornando adolescente, e eu entendi. É uma geração toda muito doente. A magreza era muito importante para a minha geração e vejo que hoje os filtros ocupam esse lugar, da eterna busca pela perfeição.

Quando entrei no BBB, não tinha a menor ideia do que o público estava vendo ou não. Era a primeira edição, a gente não sabia muito bem como funcionava, não sabia quais cenas seriam transmitidas. Sem querer, fui a primeira pessoa do Brasil a falar de bulimia

A prova da balança foi bem difícil. Uma pessoa que sempre teve problemas com o peso ter que se pesar em rede nacional? Era uma agressão gigante. Fiquei transtornada. O Bial teve que entrar ao vivo para pedir desculpas. E só ali caiu a ficha de que o Brasil inteiro estava vendo isso.

Naquele momento, eu estava até que bem controlada. Fazia dietas, mas não estava exagerando e nem tomando remédios. Mas imagina: eu nunca tinha botado biquíni na frente dos meus amigos e ali teria que tomar banho na frente das câmeras.

Eu nunca revi essas cenas. Nunca tive coragem. Depois, foram ao ar cenas minhas vomitando. Na hora foi duro, mas hoje acredito que a Globo, enquanto emissora e no comando de um reality, tinha responsabilidade de transmitir o que estava acontecendo. Não acho que a Globo errou em expor aquilo

Quando eu saí, havia todo um discurso em torno dos transtornos alimentares. Tinha virado um debate, mas eu não tinha nada para dizer.

Quando veio a proposta da Playboy, topei. Eu achava que quando estivesse nesse lugar, começaria a gostar do meu corpo. Vi ali uma chance de cura. No dia que a revista saiu, percebi que não ia adiantar. Não importava quantas edições fossem vendidas, quantas pessoas pedissem autógrafo, a resposta não estava lá. Chorei pra caramba.

Hoje, aos 46 anos, eu vivo com o mesmo distúrbio, mas coloquei ele num lugar mais suave. Estou longe de estar curada, mas lido melhor a cada dia”, revelou

Leka no BBB1

Raíssa inspira! Borderline será tema e novela da Globo

---

Tags: