Tati Zaqui desabafa sobre agressões : ‘Marca o corpo, dilacera o coração’

Por - 27/05/23 às 09:50

Tati ZaquiTati Zaqui formalizou uma denúncia contra Thomaz Costa e pediu medida protetiva - Foto: Divulgação

Após registrar queixa contra o ex-namorado, o ator Thomaz Costa, por violência doméstica e psicológica, lesão corporal, ameaça e dano, Tati Zaqui escreveu uma carta de desabafo na noite de sexta-feira, 26 de maio. No últino dia 18, a cantora havia apresentado à polícia de São Caetano do Sul, no ABC Paulista, imagens de marcas deixadas pelas agressões.

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“O abuso psicológico é uma teia. Quanto mais você tenta sair, mais está preso a ela. O abuso emocional te invalida por completo, te anula ao ponto em que você passa a não ser mais nada. A agressão física marca o seu corpo, mas dilacera o seu coração”, disse ela

No extenso texto, a cantora reflete sobre os acontecimentos vividos durante o relacionamento e após o término. O ex-casal se apaixonou durante o confinamento na última edição de “A Fazenda”, na Record TV.

Thomaz Costa e Tati Zaqui - ferimentos na perna da cantora
Thomaz Costa e Tati Zaqui trocaram acusações e a cantora exibiu ferimentos na perna – Foto: Reprodução/ Instagram @tatizaqui

MEDIDAS PROTETIVAS

À polícia, Tati Zaqui apresentou fotos com marcas em partes do corpo. Ela fez uma representação criminal e pediu medidas protetivas de urgência, como afastamento do lar ou local de convivência e proibição de aproximação de parentes. A Justiça aceitou o pedido.

Através das redes sociais, Thomaz Costa chegou a se defender. O artista, que estava viajando de moto por países da América do Sul, afirmou que foi vítima de relacionamento abusivo e que as marcas na vítima foram causadas por ela mesma.

Ele publicou um vídeo comentando o caso e afirmou que vai provar na Justiça a inocência. A defesa dele não havia se pronunciado até o fechamento desta reportagem.

LEIA A CARTA NA ÍNTEGRA

“Tentaram me calar. Tentaram me diminuir, difamar, menosprezar. Tentaram banalizar a minha dor, me descaracterizar e invalidar como mulher. Riram do meu sofrimento. Caçoaram daquilo que era sagrado pra mim.

Tentaram me afastar dos meus amigos, trabalho, amizades, família… até dos meus bichos, que tanto amo.

Machucaram meu corpo, massacraram meu coração e perdi completamente a minha paz.

Me desconstruíram por completo num processo lento e que parecia não ter fim.

Não sentia mais prazer em estar nos palcos ou no estúdio gravando. Declinei trabalhos e compromissos. Não sentia mais vontade de viver e só queria que tudo terminasse logo, como num passe de mágica.

Dia após dia vi minha vida mudar e no fundo eu só queria ser feliz. Queria construir a minha família, ter filhos. Acreditei que isso fosse possível e insisti na minha dor diária, achando não ser merecedora de muitas coisas. A felicidade era só uma delas.

Me culpava e hoje isso me dói. A vergonha gritava a todo instante e mesmo assim não conseguia ter forças. Me faltava coragem, logo eu, Tati Zaqui, forte e invencível, empoderada, dona de si, me tornei refém.

Mas, não sou a Tati Zaqui. Sou a Tatiane! E entre elas existe uma grande diferença.

Uma coisa é aquilo que as pessoas enxergam. A outra, aquilo que sou.

A vida na estrada não é fácil. Você dorme em um lugar e no dia seguinte já está em outro. O trabalho é excessivo, o assédio é enlouquecedor. Não sobra tempo pra chorar porque existe um compromisso na sequência, em 10 minutos. Depois dele, outro… E eu segui assim por muitos anos quando eu só queria ser acolhida e amada de verdade. Eu acreditei.

Foi na fragilidade onde me atacaram.

Não sou diferente de ninguém. Carrego meus fardos, sonhos e dores, todos guardados para quando eu tiver um tempo… O tempo, pensando nele aqui, me perguntei muitas vezes: “o que deixei que fizessem com a minha vida” …

Cheguei ao ponto de não ser mais eu mesma. Não me reconhecia no espelho, nas atitudes que me submetia. A vergonha continuava a me atormentar, já não tinha amigos e usei as redes sociais algumas vezes pedindo socorro.

Marketing? Não! Cada segundo daquele espetáculo diversas vezes reprisado na internet, com o mesmo enredo e novos fatos, foi verdade. Talvez, expondo tudo, uma mudança acontecesse, um milagre. Mas, minha ajuda não viria do céu, ela dependia unicamente de mim. Eu precisava dizer não! E eu tentei por inúmeras vezes!

Hoje, fazendo um retrospecto, clamava por ajuda a todo momento até que precisei chegar em um espaço obscuro, que muitos chamam de “fundo do poço”, para, de fato, ser resgatada.

Minha família, meu empresário e minha equipe me acolheram, me abraçaram. Não adiantava mais arrumar desculpas, era preciso dizer a verdade: sim, eu caí!

E como foi bom sentir esse calor da proteção. Naquele momento, mesmo que a sensação fosse de solidão, eu não estava sozinha.

Estou em pedaços que a todo momento tento juntar. Não queiram estar no meu lugar. Aqui, onde me encontro, está difícil, está insuportável.

O abuso psicológico é uma teia. Quanto mais você tenta sair, mais está preso a ela. O abuso emocional te invalida por completo, te anula ao ponto em que você passa a não ser mais nada. A agressão física marca o seu corpo, mas dilacera o seu coração.

Tenham compreensão com meu momento de recolhimento, pesar e dor. Não quero mais ter vergonha do que passei, mas orgulho da coragem que encontrei para sair da trama que quase me destruiu. Quase. Eu ainda estou aqui!

Ainda existem lágrimas, mas que secarão muito em breve. O amor de vocês, o respeito e o carinho serão indispensáveis. Como escrevi acima, não sou diferente de ninguém, apenas mais uma entre as milhares de mulheres, vítimas da violência.

Minha história, daqui pra frente, será escrita de forma diferente. Hoje é o primeiro dia em que olho no espelho e digo: Tatiane, só por hoje você escolheu ser feliz! E eu serei, não tenham dúvidas disso.”

Obrigada!

Com amor,

Tati Zaqui

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino